Dentre os muitos projetos de extensão da Universidade Rural há um que vale destacar: a Terapia Assistida por Animais. Mais conhecida como T.A.A, ela se baseia na participação de animais como coterapeutas e visa promover a melhora do quadro psicológico e/ou mecânico dos pacientes. O projeto do Instituto de Zootecnia (IZ), além de pensar na qualidade da saúde da comunidade, objetiva reduzir o estigma sofrido pelos animais sem raça definida, que costumam ser desprestigiados pela população.
O projeto nasceu em 2012 junto de outro projeto de extensão: o SOS Animal. Este, por sua vez, pretendia recolher, tratar e doar os animais abandonados de Seropédica. Com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proext) e sob coordenação de Rosana Colatino, professora associada do Departamento de Produção Animal (IZ), eles viabilizam ações fora do câmpus da Universidade, estendendo sua atuação de forma anexa ao município.
“Nosso objetivo é levar atividades da Universidade integradas à cidade de Seropédica, porque nós entendemos que essa relação ainda é muito incipiente. Por isso fazemos esse projeto fora da Universidade, como extensão. A nossa ideia inicial é levar conhecimento da Universidade para a população; e o benefício seria a melhora da cognição e das atividades mecânicas das crianças e idosos”, disse a professora.
A terapia assistida por animais é uma prática que proporciona diversos benefícios para os pacientes, dentre eles a melhora do humor, da linguagem verbal e da condição motora. Além disso, ela é capaz de reduzir a depressão, a demência e a percepção da dor. As ações sociais da TAA/UFRRJ ocorrem em parceria com a Prefeitura de Seropédica – Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi) João e Maria – e lares de idosos representados por instituições particulares. Há também promoção de diversas ações sociais abertas ao público, como encontros e arrecadações.
“Primeiramente a gente convida pra ir lá conhecer a ação, se aproximar e entender nosso paradigma, que é dar uma melhor qualidade de vida às pessoas”, afirmou a coordenadora da TAA.
Para mais informações, visite o perfil do projeto no Instagram: @ufrrj.taa
Um salve aos vira-latas
É sabido que o problema do abandono de animais é enorme no Brasil, mas essa questão é muito maior do que parece. Há um desprestígio em relação aos animais sem raça definida, os famosos vira-latas. Uma vez que boa parte dos adotantes dão preferência aos pets de raça e negligenciam os rafeiros, eles se tornam marginalizados. Com isso, aumentam a quantidade de vira-latas nas ruas ou em abrigos, simplesmente por preconceito. Mesmo com o péssimo cenário, esse projeto de extensão foca em valorizar nossos vira-latas e mostrar para a população que animais sem raça definida possuem o seu valor.
“As pessoas não dão valor ao animal vira-lata e a gente quis mostrar que ele, sim, pode servir como um coterapeuta”, afirmou Rosana Colatino. “Se você entrar na internet, vai ver vários projetos de terapia assistida com cão golden, poodle, shitzho… Aí a gente se perguntou: ‘Por que que o pelo curto brasileiro, o gato ou o sem raça definida não são utilizados nesses projetos? Eles não têm habilidade?’ Tem sim!”
Apesar de serem os mais comuns, não são apenas cães e gatos que participam das dinâmicas; também estão presentes cabras e coelhos. Na verdade, os únicos requisitos para que algum animal atue como coterapeuta são: demonstrar docilidade, serem domesticados e saudáveis. Ao passarem por essa triagem, eles estão prontos para atuar no projeto.
Vale ressaltar que o SOS Animal é muito importante para que tudo se mantenha funcionando, já que eles resgatam animais errantes e atuam na castração, vacinação e outros cuidados de saúde para que eles possam ser utilizados no processo terapêutico.
Ação com crianças
No dia 20 de outubro ocorreu um evento do grupo TAA no CAPSi João e Maria, em Seropédica. A ação contou com a entrega de brinquedos arrecadados em doações e uma sessão de terapia assistida com cães. A professora e coordenadora do projeto, Rosana Colatino, diz estar satisfeita pelo crescente comparecimento de crianças nos eventos:
“Não se pode pensar diferente: esses projetos de extensão são importantíssimos para a comunidade. O combate à negligência animal e o enfoque na saúde mental como forma de auxiliar a comunidade nos mostra que estamos no caminho certo. Para solucionar essa questão, um grande percurso ainda deve ser percorrido, mas com um passo de cada vez já conseguimos alcançar um lugar melhor”.
A SOS Animal também possui perfil no Instagram, clique aqui para conferir.
Por Gabriel Lopes, estagiário de Jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)
Revisão e edição: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)
Fotografias: projeto TAA/UFRRJ