Com o tema “Ciências básicas para o desenvolvimento sustentável”, a UFRRJ encerrou a 20ª Semana de Ciência e Tecnologia (SNCT) com números surpreendentes: foram quase 300 atividades, com 42 escolas visitantes só no câmpus Seropédica. No Instituto Multidisciplinar, em Nova Iguaçu, foram 23 colégios e mais cinco no câmpus de Três Rios. De acordo com a professora Andressa Esteves, organizadora do evento, pelo menos 3 mil pessoas de fora da nossa comunidade universitária participaram da Semana. “Foi um sucesso e nossa palavra é de agradecimento, pois não se faz um evento sozinho. Agradeço à Reitoria, aos avaliadores, aos alunos voluntários, aos coordenadores das atividades, às escolas. Enfim, a todos que, de alguma forma, colaboraram para a realização deste evento” disse a professora.
O encerramento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – um dos momentos mais intensos nas vivências da Rural – foi na última quinta-feira (19/10), no auditório Gustavo Dutra, o Gustavão. Havia uma expectativa grande por parte da comunidade universitária em relação ao evento, já que a edição do ano passado não teve a mesma potência de outras edições, justamente por ser a primeira SNCT após a pandemia de Covid-19. O vice-reitor, professor César Da Ros, comentou sobre esta expectativa: “havia um questionamento sobre como retomar a vivacidade da SNCT. E esta edição mostrou que foi possível não só retomar, mas superar o que esperávamos” comemorou ele. “Houve mais de 250 atividades gratuitas para a comunidade. Acredito que cumprimos a nossa responsabilidade com a extensão, que é ser extramuros. Cumprimento o trabalho da Proext e da professora Andressa. E ainda retomamos o nosso festival de música. A nossa extensão é real e fundamental para integrar a Rural à sociedade”.
Para encerrar a SNCT de forma proeminente, a ex-reitora da UFRRJ, professora Ana Maria Dantas, foi convidada a apresentar a palestra “Os desafios para a sustentabilidade socioambiental: o papel da universidade”. Com 51 anos de magistério, ela ressaltou o papel da educação na sociedade e fez uma reflexão sobre a atuação do ser humano em relação ao meio ambiente. “Todos nós, junto com a natureza, somos um só, em busca de compreensão. Mas precisamos refletir sobre qual conhecimento queremos compartilhar e com que tipo de sociedade. Afinal, de que ambiente falamos? Precisamos pensar muito neste assunto”.
Ana Maria Dantas apresentou dados relevantes sobre eventos climáticos dos últimos anos, como grandes estiagens, alagamentos e calor extremo. E apresentou um questionamento aos professores presentes na cerimônia: “vocês já pensaram nisso nos seus cursos? A pandemia nos assolou de diversas formas, mas não podemos deixar de pensar nas questões urgentes do meio ambiente.”
Outro tema relevante apresentado pela ex-reitora foi a respeito dos jovens brasileiros. Segundo ela, o Brasil ocupa o segundo lugar na escala de jovens que não estudam e nem trabalham, no mundo. “Onde estão estes jovens? O que eles fazem? Somos um país de contradições e desafios. Precisamos refletir muito sobre o papel da universidade” convidou a professora.
Depois de apresentar mais dados sobre questões ambientais como o desmatamento, queimadas e distribuição da terra, ela mostrou que, ainda assim, o Brasil conseguiu bater recordes em produtividade agrícola em alguns setores, como o de cereais, por exemplo. “Diante destas contradições, precisamos pensar em maneiras de trazer as discussões ambientais para os nossos currículos. Neste tempo, precisamos pensar na coragem da inquietação da universidade”.
A pró-reitora de Extensão, professora Rosa Mendes, também agradeceu a participação de todos que contribuíram para a realização da SNCT. “Pensamos em uma estratégia diferente para este ano. Tentamos concentrar as atividades em alguns lugares e acreditamos que deu certo. Ficamos muito felizes com a presença das escolas, pois houve grupos de estudantes até de Cabo Frio (mais de 200km de distância de Seropédica)” contou ela. “Destacamos a parceria do Instituto de Ciências Exatas (ICE), cujos estudantes trabalharam na transformação de produtos apreendidos pela Receita Federal em computadores. Um grupo de funcionários da Receita veio aqui e viu a transformação. Foi muito gratificante” comentou a professora.
O diretor do ICE, professor Robson Mariano, explicou que a transformação citada pela pró-reitora, na verdade, é o projeto batizado de “3Rs”: “Eles significam Reciclar, Reutilizar e Ressignificar. Assim, protegemos o ambiente e vamos beneficiar quem precisa. Desta vez, vamos doar computadores para a população quilombola” contou o docente.
A pró-reitora adjunta de Extensão, professora Edileuza Queiroz, destacou a importância das parcerias para a realização da SNCT: “tivemos apoio da Faperj e do CNPQ. Sem dúvida, estes suportes foram fundamentais para o sucesso desta edição da nossa Semana”.
A segunda parte da cerimônia de encerramento da SNCT teve a entrega de prêmios para as apresentações que foram destaque ao longo da semana e, ainda, a apresentação dos vencedores do festival de música, que foi realizado novamente na Rural após pelo menos 30 anos da última edição.
Texto: Cristiane Venâncio, coordenadora da CCS/UFRRJ.
Fotos: Matheus Mendonça, CCS/UFRRJ.
Manuela Dias, estudante da UFRRJ e ganhadora do prêmio da SNCT em Comunicação:
“Foi extremamente gratificante, porque a gente consegue desfrutar não só dos nossos trabalhos, mas também dos trabalhos dos nossos companheiros. A gente se esforça bastante e nesse evento a gente consegue ver gratificação. E que não só a gente está se empenhando, mas outros estudantes e profissionais também.
Isso dá a sensação de que a Universidade está se nutrindo bem com os seus estudantes e tem capacidade de se expandir mais em termos de projetos. Tanto para estudantes como para a população”.
Alunas do Colégio Estadual Bertha D’Alessandro, em Nilópolis:
“Meu nome é Karen Santos. Foi uma experiência bem inusitada [estar na Rural]. A gente veio de peito aberto para saber mais sobre a universidade e o que a gente quer para o nosso futuro. Eu tenho muitos planos [do que estudar na faculdade] e com certeza a SNCT vai me ajudar a escolher”.
Alunos do Colégio Estadual Professor Waldemar Raythe, em Seropédica:
“Meu nome é Nicolas Rodrigues. Gostei bastante da experiência. Pretendo entrar para a Rural ano que vem estudando Farmácia ou Engenharia Química. Então, foi bom ver um pouco mais, sempre quis ir em laboratórios, gosto bastante dessas coisas”.
Juan Leon, estudante do curso de Engenharia de Alimentos da UFRRJ:
“A SNCT é importante, porque é uma forma de divulgar a ciência não só para quem está dentro da Universidade, mas também para o pessoal de fora. As crianças terem acesso a isso dá um norte para elas vejam o que elas podem vir a querer para o futuro. [Com a SNCT] elas podem despertar o interesse pela Universidade e serem futuros cientistas também”.
Depoimentos concedidos para Yasmin Alves, bolsista de Jornalismo da CCS/UFRRJ.
Fotos: Matheus Mendonça e Yasmin Alves, CCS/UFRRJ.
Giu Ferrari, ganhadora do prêmio “cover” do Festival de Música:
“Poder estar aqui dividindo o palco com essa galera que arrasa demais na música foi incrível. Para mim, além da experiência, foi muito divertido”.
Kellen Grace, ganhadora do prêmio “intérprete” do Festival de Música:
“Foi muito bom voltar para casa. Eu me fiz aqui, por isso piso nesse chão descalça. Eu cursei por sete períodos Agronomia e tranquei para viver de música. Foi no CTUR que comecei, eu cantava nesse mesmo palco sem microfone. Estar aqui novamente foi maravilhoso”.
Gabriel de Lucas, dupla ganhadora do prêmio “música autoral” do Festival de Música:
“Meu nome é Lucas Miguel. A experiência foi muito divertida. É muito satisfatório para mim fazer tudo isso. Esse troféu significa futuro para mim! A SNCT foi uma mãe. Tem uma rampa para subir no palco e a estrutura de som estava excelente. A gente não tem nada a reclamar, foi uma das melhores estruturas que a gente já pôde fazer [show]”.
“Meu nome é Gabriel Leal. Foi a primeira vez que participei de um festival de música. Foi uma experiência muito boa. A fagulha de ambição que eu tinha era dedicar o prêmio para minha mãe. Ela é a maior incentivadora que a gente tem na nossa vida.
Mas o meu desejo mesmo era passar a mensagem da minha música [acessibilidade]. Ela é sobre um tema que a gente vive desde os 8 anos de idade. O único desafio é que eu tinha em mente que se eu escrevesse sobre isso as pessoas iam achar que era “mimimi” ou algo do tipo. Só que depois eu pensei: eu vivo isso, como vai ser “mimimi”?”
Depoimentos concedidos para Yasmin Alves, bolsista de Jornalismo da CCS/UFRRJ.
Fotos: Matheus Mendonça, CCS/UFRRJ.
Acompanhe a cobertura da SNCT no site: http://snct.im.ufrrj.br
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