Um novo período se inicia e a UFRRJ recebe novos ruralinos para fazer parte do seu corpo acadêmico. Um momento que marca essa nova etapa para a Universidade, tanto para os alunos novos quanto para os alunos antigos, é a Aula Inaugural. O evento ocorreu no dia 26 de julho, no Auditório Gustavo Dutra, nos horários da manhã e da noite.
Dois palestrantes estiveram presentes na cerimônia: a psicopedagoga italiana Rita Ippolito e o professor Jonas Alves da Silva Junior, do Departamento de Educação e Sociedade do Instituto Multidisciplinar (IM/UFRRJ). Também participaram da Aula a reitora da Rural, professora Ana Dantas, e a pró-reitora de Graduação, Lígia Machado.
A importância do ingresso de jovens no ensino público e a necessidade de lutar por esse direito foi um ponto abordado pela pró-reitora, ao dar as boas-vindas aos novos alunos e ao apresentar os ideais da Universidade para o novo corpo discente.
— Que a formação técnico-científica, que é específica de cada curso e que cada um escolheu, seja entrelaçada com uma formação, acima de tudo, cidadã. Eu acho que nosso investimento é na formação, de modo que, uma vez no mundo do trabalho, vocês possam contribuir para uma transformação que se faz urgente e necessária na nossa sociedade — disse Ligia.
O tema “Ruralinas e ruralinos contra a violência”, nova campanha da UFRRJ, foi apresentado e discutido no evento. A reitora Ana Dantas foi quem citou a importância do assunto para o corpo acadêmico e para a Instituição.
— Entendemos que a Universidade é um espaço privilegiado de formação da cidadania e construção de um conhecimento que seja dinâmico. Ela não pode, em hipótese nenhuma, ser espaço de desrespeito e violência, de atentado contra a diversidade. Neste período, escolhemos uma temática que nos parece ser bem própria, a partir de todas as demandas que nós tivemos nos últimos anos e que se intensificaram. Queremos, sim, uma Universidade que enfrente suas dificuldades, mas que, em momento nenhum, descuide da discussão real da situação em que ela está inserida — explicou Ana Dantas.
A palestrante Rita Ippolito também tocou no assunto sobre diversidade e a vantagem de estudar em universidades federais, além de falar a respeito do contato que existe entre diferentes alunos nesse meio. Segundo Ana Dantas, a palestrante tinha a intenção de trazer uma conversa sobre a diversidade para que, assim, pudesse se construir uma prática mais libertadora entre os alunos.
— A melhor coisa de estudar em uma universidade pública e gratuita é poder ter uma educação para todos. Para pensarmos em inclusão e podermos trabalhar diversidade para a educação, é necessário que comecemos a desconstruir, também de forma subjetiva, uma série de comportamentos e preconceitos que trazemos conosco — comentou a palestrante.
Foi com este mesmo pensamento que a aluna Érica dos Santos, do terceiro período de Serviço Social, foi receber seus novos companheiros. A discente acredita que o ambiente universitário traz uma possibilidade de mudanças em quem vive nele.
— Eu espero que este seja um período letivo em que nosso conhecimento aumente; e que esses novos alunos possam desconstruir pensamentos antigos e se abram a uma nova realidade. Torço para que eles sofram essa transformação da mesma forma que eu. Posso dizer que o meu curso me trouxe um novo olhar para as coisas — explicou Érica.
Histórias de calouros
Para muitas pessoas, ingressar na Rural é um sonho a ser realizado. E esse foi o caso das amigas que estudaram juntas no colégio e, agora, estão juntas na Universidade. Elas escolheram cursos diferentes, mas o sentimento de felicidade por se tornar ruralina é igual.
Cibele Araújo, caloura do curso de Serviço Social, e Juliana Verly, caloura do curso de Engenharia Química, assistiram à Aula Inaugural juntas e disseram estar mais que satisfeitas com a aprovação.
— É um início de construção. A Rural é uma faculdade com a qual eu sempre sonhei. E sempre quis cursar a área de Humanas. Eu e minha amiga nos conhecemos há muito tempo e tínhamos o desejo de estudar juntas — disse Cibele.
Mesmo com a empolgação, elas ainda não conhecem muito a Rural e dizem estar confusas quanto ao início das aulas e às atividades dentro do câmpus. Porém, isso não foi motivo para desanimar.
— Eu ainda estou perdida. Mas pra mim é a realização de um sonho. Ainda mais estudar com a minha amiga em uma Universidade que sempre foi nossa primeira escolha — afirmou Juliana.
Com a aluna Raquel Garcia foi diferente. Ela é caloura do curso de Ciências Biológicas e a Rural não era uma opção. Isso porque ela mora em Minas Gerais. Ela veio com a mãe e o namorado fazer sua matrícula e conhecer a Universidade, e chegou no dia da Aula Inaugural. Sua dificuldade agora será se adaptar à vida de estudante longe de casa e à ideia de estudar em uma Universidade nova.
— A Rural não era a faculdade que eu queria. Eu acabei de chegar ao Rio e ainda estou conhecendo o local. Está sendo uma experiência radical e eu espero gostar — comentou Raquel.
Por Beatriz Rodrigues/CCS
Fotos: Bruna Somma/CCS