A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) marcou presença ativa na audiência pública realizada na última quarta-feira (8/10), na Câmara Municipal de Seropédica, que discutiu o projeto do governo do estado do Rio de Janeiro de construir um complexo prisional no município.
A Universidade foi representada pelo vice-reitor César Augusto Da Ros e pelo pró-reitor adjunto de Extensão, professor Marcos Estevão Gomes Pasche, presidente da comissão responsável pela elaboração da Nota Técnica que expressa o posicionamento institucional da UFRRJ sobre o tema. Também participaram do encontro autoridades municipais, representantes da Embrapa Agrobiologia, vereadores, empresários locais, procuradores, secretários de governo e moradores, em uma manifestação unânime contra o projeto.
A sessão foi mediada pelo presidente da Câmara, Bruno do Depósito, que ressaltou a importância da união entre os poderes e as instituições públicas no enfrentamento da proposta.
“Esta é uma audiência pública destinada a discutir com firmeza e clareza a posição da Câmara e da sociedade de Seropédica contra a construção de um presídio no município”, afirmou o presidente.
Durante o encontro, o professor Marcos Pasche destacou os fundamentos jurídicos, sociais e ambientais que sustentam a posição da UFRRJ, já consolidados na Nota Técnica publicada em 22 de setembro de 2025. O documento, elaborado por uma comissão acadêmica designada pelo reitor Roberto Rodrigues, analisa os riscos e impactos que o projeto pode gerar, como a falta de transparência na tramitação do laudo, a ausência de consulta pública, a violação ao Plano Diretor do município, a pressão sobre os sistemas de saúde e infraestrutura, além do agravamento de problemas ambientais e de segurança.
“O projeto do governo do estado já se mostra reprovável em sua origem porque tramita sem publicidade. Um empreendimento dessa magnitude não foi submetido sequer à verificação das autoridades municipais, para as quais o povo de Seropédica delegou poder de representação. Por tais razões, a UFRRJ, instalada em Seropédica antes mesmo de sua constituição municipal, se soma à Câmara dos Vereadores, à Prefeitura, à Embrapa Agrobiologia e às demais instituições aqui presentes para dizer, com firmeza: não ao complexo prisional na nossa cidade”, afirmou o pró-reitor.
O discurso de Pasche reforçou o compromisso histórico da Universidade com o desenvolvimento sustentável e com a defesa dos interesses da comunidade local, destacando o papel da UFRRJ como agente ativo na construção de políticas públicas e soluções sociais para Seropédica.
Um dos momentos marcantes da audiência foi a apresentação da Ação Civil Pública movida pela Procuradoria Geral do Município de Seropédica, que contesta judicialmente a iniciativa do governo do estado. O documento reforça o alinhamento entre a Prefeitura, a Câmara Municipal, a UFRRJ e a Embrapa Agrobiologia na defesa do território seropedicense e da sua autonomia política e ambiental.
Ao final da reunião, o vice-reitor da UFRRJ, professor César Augusto Da Ros, destacou a importância da atuação da Universidade desde o início das articulações contrárias ao projeto e ressaltou que todas as ações previstas vêm sendo cumpridas com sucesso:
“A UFRRJ está sediada aqui há quase 80 anos. Era imprescindível que a universidade se posicionasse e se somasse à sociedade seropedicense e a seus poderes constituídos para se contrapor a essa proposta, pelos impactos negativos que esse tipo de empreendimento pode trazer. O município já foi prejudicado com a instalação do lixão e não pode ser duplamente prejudicado agora com um presídio. Nosso esforço é barrar essa iniciativa e promover propostas que tragam desenvolvimento econômico e social para Seropédica”, concluiu.
O vice-reitor acrescentou ainda: “O que foi projetado nesse diálogo com a Prefeitura, a Câmara e as outras instituições, como a Embrapa, tudo se realizou. Fizemos a sessão extraordinária, o manifesto conjunto, a audiência pública e a ação civil. Estamos em um movimento de agregação de apoios. É um processo positivo, e acreditamos que haverá muito esforço da comunidade para barrar essa iniciativa”.
Encerrando a audiência, o presidente da Câmara, Bruno do Depósito, destacou que o próximo passo será ampliar a mobilização popular: “Depois desta audiência, vamos agora fazer movimentos para incluir a população nessa luta. Faremos reuniões nos bairros para mostrar que o povo está junto dos seus representantes nessa causa tão importante. Estamos confiantes de que o presídio não será instalado em Seropédica. Seguiremos lutando e buscando soluções para que isso não ocorra”.
A audiência pública reafirmou o posicionamento unânime e contrário à instalação do complexo prisional. A UFRRJ segue acompanhando o desdobramento do caso e reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, social e científico de Seropédica e região.
Texto: Victória Conceição, jornalista e bolsista de Comunicação junto à Proext/CCS.
Fotos: Lorena Lourenço, estagiária de Jornalismo junto à Proaes/CCS