O Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) participou da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) com exposições científicas, banners, minicursos, apresentações de trabalhos e muita ciência. As atividades que aconteceram na parte da manhã, nesta quinta-feira (17/10), reuniram a comunidade universitária e alunos da Educação Básica do município de Mangaratiba-RJ.
No total, foram quatro atividades espalhadas pelo prédio do ICBS. Os trabalhos abordaram a biodiversidade dos peixes no Rio de Janeiro, fungos, sistema digestório, embriologia e a comunicação bioacústica de anuros (sapos, pererecas e rãs) em Seropédica. Apesar da diferença entre os temas, as atividades tinham como ponto em comum o objetivo de alcançar públicos além dos muros da universidade.
“É muito gratificante participar da SNCT. A gente tem um contato com pessoas de diferentes idades e locais também, né? Então é muito gratificante trazer informações dessas espécies com o intuito de conscientizar as pessoas. Porque a gente só conserva aquilo que a gente conhece, então é importante as pessoas conhecerem para sentirem vontade de preservar”, disse o coordenador da mostra científica sobre peixes, Leonardo Freitas. O título da atividade coordenada por Leonardo foi “Mundo Submerso: Uma exposição científica sobre a biodiversidade de peixes do estado do Rio de Janeiro”. Na sala 30 do ICBS ele e seis alunos envolvidos no projeto construíram banners com informações sobre a ictiofauna (ciências pesqueiras) e disponibilizaram fósseis de 22 espécies de peixes fixados para explicações mais dinâmicas.
Para além de levar ciência para o seu público, as atividades no ICBS também integraram os alunos e professores de cursos diferentes. Foi o caso de Hugo, estudante de Ciências Sociais da UFRRJ, que participou do minicurso sobre a comunicação bioacústica de anuros em Seropédica. “É sempre bom ver a disseminação de conteúdo científico e apoiar quem está fazendo esse trabalho. Acho que ajuda também os estudantes a sentirem que estão produzindo ciência, que é muito importante tanto para quem faz Bacharelado quanto para quem faz Licenciatura, para poder perceber como é o desenvolvimento metodológico e poder propagar o conhecimento de maneira correta”, afirmou o estudante.
No minicurso que o Hugo participou, os alunos aprofundaram os saberes sobre os sinais emitidos por diferentes espécies de sapos e o que esses “cantos” podem significar. Além de mostrarem os benefícios e potenciais dos anuros para o ambiente. As informações foram passadas por meio de slides em formato de apresentação, com debates e perguntas entre os participantes.
“O canto acaba sendo um sinal muito peculiar produzido pelos machos e que acaba tendo uma importância muito grande na comunicação e na reprodução desses animais com outros indivíduos, geralmente da mesma espécie. O curso traz para os alunos essa dinâmica sobre como o canto é algo particular, cada espécie tem o seu e de que maneira os indivíduos se organizam e se comunicam até chegar em um complexo que acaba definindo o casal reprodutivo dentro do grupo”, ressaltou a professora do Departamento de Biologia Animal do ICBS, Patrícia Abrunhosa.
“Eu acho que esse evento é importante porque traz para os estudantes da Rural e da comunidade o conhecimento sobre os anuros que sofrem muito preconceito. A gente traz uma conscientização para eles entenderem melhor como funciona e até se aproximarem mais desses animais”, frisou uma das apresentadoras do minicurso e aluna de Biologia, Luana.
Dos fungos ao corpo humano
Ainda sobre sapos, as apresentações dos alunos do ICBS também trouxeram uma exposição sobre fungos em diferentes perspectivas. Uma delas era sobre um tipo de fungo presente nos sapos, que, inclusive, foi o motivo da extinção de diversas espécies de anfíbios. “Esse fungo afeta a pele dos anfíbios pela água, liberando zoósporos que vão infectar esses animais e prejudicar a sua respiração, que é feita pela pele, assim levando-os à morte”, explicou o aluno de Ciências Biológicas da UFRRJ, Gabriel. O fungo em questão é o Batrachochytrium dendrobatidis, ou Bd, que causou um alerta na comunidade científica nos últimos anos por causa da alta contaminação de anfíbios com a doença chamada de quitridiomicose.
Além dessa apresentação, a mostra científica sobre fungos foi além. Foram cerca de 50 alunos envolvidos, que criaram banners explicativos, figurinhas sobre os fungos, levaram comidas relacionadas ao tema e uma série de outras atividades, de maneira que a explicação sobre os diferentes assuntos sobre os fungos foi didática e de fácil acesso.
“Aqui tem várias abordagens dos fungos, seja em aplicação na sociedade que vai desde aquilo que é mais próximo da gente como a alimentação, bebida e o controle biológico até o que é um pouco imaginável, que são os fungos que trabalham na biorremediação através da degradação de radiação, por exemplo, os fungos que estão fazendo a recuperação de Chernobyl”, disse o professor do Departamento de Botânica, Ivo Abraão.
As mostras científicas sobre o sistema digestório e a embriologia também fizeram sucesso no ICBS, principalmente entre os alunos da Escola Municipal Caetano de Oliveira, de Itacuruçá, Mangaratiba-RJ. Nas duas apresentações, os alunos da rede básica de ensino participaram dos jogos sobre processos da embriologia e com os materiais ilustrativos apresentados pelos alunos e professores do ICBS.
“O principal da gente estar aqui é essa galera (alunos da rede básica) entender e quebrar um pouco essa barreira social e geográfica que eles encontram. O objetivo é trazer esse pessoal da sexta série ao nono ano para eles começarem a entender que esse espaço também é deles e que eles precisam cada vez mais estar aqui e fazer parte”, disse a professora de matemática da E.M Caetano de Oliveira, Karina Howarth.
“A experiência aqui tá sendo muito boa, ainda mais porque eu vou estudar aqui ano que vem se eu passar na prova, então para mim tá sendo uma experiência maravilhosa. Tudo aqui é maneiro, o sistema da escola também é muito bom. Eu vi que aqui você pode até dormir, que é uma coisa muito boa para quem mora longe e eu gostei. Tô gostando bastante e a gente ainda vai conhecer mais”, disse Breno, aluno da E.M Caetano de Oliveira.
O sentimento entre os participantes era de alegria durante o evento. Com a utilização de jogos, debates e itens materiais, as explicações foram didáticas e ao mesmo tempo acessíveis para os diferentes públicos que compareceram nas exposições, incluindo as crianças.
“Essa SNCT é fundamental. Principalmente quando nós recebemos pessoas da comunidade, escolas e até mesmo de outros municípios. Essa integração é muito boa porque traz pessoas, crianças e adolescentes para conhecer a nossa Universidade e até vislumbrar a possibilidade de um dia também estarem aqui participando dessas oficinas, eu acho que isso é fundamental. Essa interação entre os alunos da graduação, os professores e a comunidade escolar”, finalizou a professora de Histologia e de Embriologia do ICBS, Leilane Maria Barcellos Nepomuceno.
Confira na galeria a seguir fotos da realização das atividades:
Serviço
Confira nos links a seguir mais informações sobre as apresentações que ocorreram nesta quinta-feira, 17/10, no ICBS/UFRRJ.
Sobre a Ictiofauna: Mundo Submerso: Uma exposição científica sobre a biodiversidade de peixes do estado do Rio de Janeiro
Sobre os Fungos: Mostra Didática de Fungos
Sobre o sistema digestório e a embriologia: Sistema Digestório: O Mundo Invertido dos alimentos
Sobre os anuros: Minicurso: Canto e Encanto – comunicação bioacústica de anuros de Seropédica
Texto e fotos: Matheus Mendonça, bolsista de jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).
Edição: Michelle Carneiro, jornalista da CCS/UFRRJ.
Acompanhe a cobertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no site: https://snct.im.ufrrj.br/
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