Pesquisa conduzida pela professora Ana Saggioro Garcia e quatro estudantes de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) foi publicada pelo grupo de pesquisa Economia Política das Relações Sul-Sul do BRICS Policy Center (PUC-Rio).
O estudo analisa as relações comerciais entre a China e os países do BRICS+ no período de 2013 a 2023, com ênfase na centralidade da China dentro do agrupamento. Intitulada “Padrões de comércio entre os BRICS+ e a China: complementariedade ou assimetria?”, a pesquisa examina os volumes de comércio e a composição das exportações e importações, investigando em que medida essas dinâmicas reproduzem padrões históricos da divisão internacional do trabalho.
Os dados indicam que a China mantém superávits comerciais com a maioria dos membros do BRICS+, exportando majoritariamente bens manufaturados de maior valor agregado e importando commodities agrícolas e minerais. Embora países como Brasil, Rússia e África do Sul registrem superávits, suas pautas exportadoras permanecem concentradas em produtos de baixo valor agregado.
A análise dos novos membros do BRICS+ revela tendências semelhantes, especialmente entre os países exportadores de petróleo, como Irã e Emirados Árabes Unidos. O estudo argumenta que, apesar do discurso sobre a cooperação Sul-Sul, os padrões comerciais do BRICS+ continuam a reforçar a posição industrial dominante da China.
Ressalta-se ainda a necessidade de aprofundar pesquisas em outras dimensões das relações intra–BRICS+, como cooperação para o desenvolvimento, transferência de tecnologia e articulação política, especialmente diante da agenda da presidência brasileira do BRICS em 2025, que busca diversificar os fluxos de comércio e investimentos.
Os discentes Luma Gaspar, Bruno Peixoto, Camilla Souza e Beatriz Jacuboski, que conduziram o estudo juntamente com a professora Ana Garcia, são bolsistas de iniciação científica FAPERJ e PIBIC.
A obra pode ser acessada aqui: https://bricspolicycenter.org/publications/padroes-comerciais-entre-os-brics-e-a-china-complementariedade-ou-assimetria/