É inegável o que a sabedoria popular eternizou com a frase “a união faz a força”. No contexto das universidades federais brasileiras isto é uma realidade desde maio de 1989, quando foi criada a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que reúne 69 universidades brasileiras, sendo a UFRRJ uma delas. Na última segunda-feira (14/11), o secretário-executivo da entidade, Gustavo Balduíno, visitou a UFRRJ, onde teve a oportunidade de falar não só sobre as conquistas obtidas para as universidades, mas, também, sobre os desafios que se impõem ainda para o final de 2022 e o que está por vir, principalmente em 2023, cujo orçamento ainda não foi definido na esfera do governo federal. Ainda fazem parte da Andifes dois centros federais de educação tecnológica (os Cefets) e dois institutos federais de educação, ciência e tecnologia (os Ifets).
No encontro, Balduíno defendeu a união das instituições federais de ensino superior como a melhor maneira de otimizar as demandas e fez uma reverência aos reitores e dirigentes que se organizaram há 33 anos, para a criação da associação. “Hoje, temos universidades com grandes diferenças. Algumas têm hospitais e até navios. Outras têm uma grande área para administrar, como a Rural. Mas o mais importante é que, mesmo nesta reunião de contradições, elas são iguais e têm o mesmo peso na Andifes e hoje temos uma universidade mais Brasil”, observou o secretário.
No evento, estiveram presentes representantes dos conselhos superiores da Universidade – o Universitário (Consu) e o de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) – como discentes, diretores de instituto e do Colégio Técnico (CTUR), além de pró-reitores e dois ex-reitores. A professora Ana Maria Dantas, que foi reitora da Rural entre 2013 e 2017, destacou a importância da Andifes para o conjunto das universidades brasileiras: “Tivemos momentos muito difíceis para o próprio MEC entender o papel das Ifes na construção da política educacional do país. E a Andifes foi e é muito importante neste contexto.”
Outro ex-reitor presente foi o professor Ricardo Berbara (2017/2021). Para ele, o papel da Andifes é crucial para a educação e para as universidades. “A instituição é um local de debates. Seja para negociar com o MEC, seja para pensar nas grandes políticas. Até porque não há unanimidade, mas é, de fato, estratégico a existência deste espaço para a nossa organização. Por isso, é muito importante a vinda do Gustavo (secretário da Andifes) aqui”, comentou ele.
Para a representante dos técnicos-administrativos no Consu, Gilmara Lopes Baiano, a Andifes se confunde com a própria história da educação pública federal no Brasil. “Ela representa o fortalecimento político para que as Ifes travem as lutas em prol do sistema federal de ensino. Dentro deste sistema, estão os servidores técnicos-administrativos, elo fundamental desta corrente, sem os quais as instituições de ensino não sobreviveriam. Então, o posicionamento positivo da Andifes, especialmente agora, no embate durante a transição, indiretamente valoriza essa categoria profissional. Afinal, se a Rural ganha, todos os que fazem parte dela também ganham”, comentou Gilmara, que é auxiliar em Administração, lotada na Coordenadoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Cotic). “A vinda do secretário da Andifes à Rural fortaleceu os laços colaborativos da nossa instituição com a entidade e agregou um grande aprendizado sobre a participação da Andifes no cenário histórico educacional do país.”
‘Interlocução com o MEC e com a sociedade’
Quando foi criada, em 1989, a Adifes tinha apenas 24 universidades federais e quatro centros tecnológicos como membros. Desde então, vem se consolidando e tem colaborado para discussões importantes para a história do país. Com a missão de “construir, integrar e representar um sistema nacional de universidades federais autônomas, de qualidade, inclusivas e gratuitas”, a entidade esteve na mesa de discussão de leis e propostas importantes como o Plano Nacional de Educação; o Programa Ciência sem Fronteiras; o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni); o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; a Lei de Cotas, entre muitas outras.
Segundo Gustavo Balduíno, secretário-executivo da Andifes, o grande mérito da instituição foi participar da construção destas leis. “Ouvimos muitas vezes a palavra ‘sim’ e também recebemos muitos ‘nãos’. Isso faz parte do nosso papel de interlocução com o MEC e com a sociedade”, observou ele.
Para o vice-reitor da Rural, professor César Da Ros, a Andifes tem um histórico de vitórias em sua articulação com o MEC. “A participação da entidade em discussões sobre o Enem, o Reuni e o Sisu, por exemplo, foi fundamental, pois é um espaço de compartilhamento e nos deu suporte para a elaboração de políticas setoriais”, explicou Da Ros, que foi pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFRRJ por oito anos.
Segundo o reitor da UFRRJ, professor Roberto Rodrigues, a Andifes tem se destacado no cenário da educação do país nos últimos anos. “E agradecemos pelo posicionamento da Andifes ao longo da história, pela articulação com o Congresso Nacional, por fazer a ponte com o Governo, por valorizar a força dos indivíduos na construção institucional. Isso tudo é muito importante para cada universidade”, concluiu o reitor. “Nesse papel representativo, ela tem proporcionado o entendimento entre as universidades, tem nos representado apesar da diversidade. E nós, aqui na Rural, temos atingido uma maturidade nos nossos conselhos, que tem nos levado a um lugar também mais representativo.”