No dia 20 de outubro de 2021, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro completou 111 anos. Mais de um século depois de sua criação, foram muitas as mudanças de sede, de nome e adição de cursos das mais diversas áreas de conhecimento. Esses processos, somados à transformação do país e da sociedade brasileira, culminaram na Universidade plural e democrática que somos hoje.
A comunidade universitária é formada por mais de 30 mil pessoas, entre estudantes e trabalhadores/as, vindos/as de todo Brasil e até do exterior, que passam a ser identificados como ruralinos/as e constroem aqui trajetórias profissionais, de afeto e de pertencimento.
“A convivência é uma rede de afetos, ela sem dúvida alguma, no local de trabalho, de estudo, cria um vínculo. É como se a gente de alguma forma passasse a ter um modo consciência social de trabalhador, de estudante, isso produz uma identificação. A gente passa a ter um amor do ‘convívio laboral’’, explica Renato Noguera, professor do Departamento de Educação e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Filosofia e autor do livro “Por que amamos”.
Confira a seguir alguns depoimentos de estudantes egressos e de trabalhadores/as que tiveram suas histórias atreladas às de nossa centenária instituição:
Formada em Agronomia na instituição, Giulia Coutinho, de 30 anos, descreve o sentimento de ser ruralina: “O sentimento é de sair não só com uma profissão, mas com um aprendizado de vida, Ser ruralina é evoluir e conviver com as diferenças. A Rural representa um amadurecimento, experiências que vou levar por toda vida.”
Giulia também destacou como a oportunidade de morar em Seropédica para estudar marcou sua experiência universitária: “Morar sozinha me marcou bastante. Foi o primeiro momento em que de maneira independente administrei minha vida, meu tempo. Fiz amizades que levo até hoje.”
Já Rayane Menezes, de 29 anos, formada em Ciências Agrícolas, exalta a transformação vivida ao frequentar a Universidade: “Gratidão é a palavra que eu usaria para definir o sentimento que tenho pela Rural. É incrível como a gente se transforma e muda ao viver naquele ambiente, eu sempre faço essa reflexão. O que mais me marcou foi ver como cresci como ser humano e aprendi a lidar com diversas situações na vida.”
Quem também tem muito para falar sobre a Universidade é o professor Marco Souza. Filho de ex-funcionário da instituição, ex-aluno do Colégio Técnico da Universidade (CTUR), da graduação e doutorado na Rural, já foi técnico-administrativo e atualmente se encontra na docência. Uma vida inteira ligada a UFRRJ, como ele assim descreve: “O amor, a alegria, a surpresa, a raiva e o medo são emoções que marcam minha história ruralina. É tudo muito denso e tenso nessa relação, são muitas memórias, desde o momento de criança em que comi ao lado do meu pai no bandejão, onde ele um dia foi garçom, até o momento em que, docente, se assiste lá de cima a alegria dos formandos e da família na formatura”.
O professor Marco também relembra, com carinho, sobre saudosos momentos vivenciados com o pai em sua trajetória ruralina: “Meu pai, o saudoso Antônio Goulart ou Mineiro, trabalhou nos alojamentos e, nas datas de Natal e Ano Novo, eu fazia-lhe companhia para levar alimentos e cumprimentos aos alunos que não tinham recursos. Ele fazia pequenas ceias, distribuía abraços e palavras de apoio, convidava as pessoas para irem lá pra casa. Minha casa sempre estava cheia de pessoas da Rural, elas passavam Natal, Ano Novo, aniversários e outras datas conosco”.
Como alguém que já viveu a Rural nas mais diversas perspectivas, o professor também relata o que tantas vivências lhe agregaram na percepção sobre a instituição: “Hoje, tenho uma visão diferenciada da UFRRJ, pois preciso transcender os afetos mais ingênuos e ter em mente que ela é um organismo complexo: é uma Universidade, uma cidade e uma organização ao mesmo tempo. E isso exige modelo de gestão e esquema de observação e interpretação diferenciados”. Leia aqui mais sobre a história do docente com a UFRRJ.
Teresinha Pacielo, ouvidora da UFRRJ, também tem uma história de vida que se mistura à instituição. Há mais de 30 anos como técnica-administrativa em Educação, Teresinha conta sua percepção sobre as experiências vividas: “Quando eu era criança, visitava o câmpus Seropédica com a minha família, olhava pra minha mãe e dizia: ‘Um dia ainda vou trabalhar aqui’. Os ruralinos fazem ciência, produzem conhecimento, dão suporte técnico para que as atividades acadêmicas aconteçam, estudam e se constroem como pessoas, profissionais e cidadãos. Eu tenho o maior orgulho de fazer parte desta instituição centenária, e que ela, antes de mais nada, continue pública, gratuita, democrática, com a esperada qualidade na formação de profissionais-cidadãos, capazes de contribuir para uma sociedade justa e fraterna”.
Esses são apenas alguns de tantos personagens, momentos e laços que se construíram ao longo de 111 anos de UFRRJ. E para você, o que é ser ruralino/a? Qual sua história com a Rural? Escreva para nós! comunicacao@ufrrj.br
(*) Fotografia anterior à pandemia de Covid-19.
Por Leandro Conceição, estagiário do curso de Jornalismo da UFRRJ.
Edição: Michelle Carneiro, CCS/UFRRJ.