Com cegueira total, ele tem como novo objetivo de vida ser aprovado no mestrado
por Cleiton Bezerra – jornalista/Prograd
Superação. Conquistar a tão sonhada conclusão do ensino superior no Brasil ainda é um privilégio de poucos. Agora imagine, além de todas as dificuldades tradicionais para cumprir a etapa acadêmica, você ainda possuir cegueira total. Este é o caso de Sidney da Silva, egresso de História, do Instituto de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que se formou na tarde da última quarta-feira (18), durante a Colação de Grau Extraordinária 2019.2, realizada no Salão Azul do Pavilhão Central (P1), câmpus Seropédica.
O jovem, agora licenciado à docência em História, teve um papel de ainda mais destaque durante o evento. Foi ele o responsável por realizar o juramento na cerimônia. “Eu estou me sentindo muito bem. Eu acho que só nesse momento que a ficha cai. A luta toda que a gente passa é só um processo. Isso aqui representa uma outra etapa que a gente vence”, comemorou.
O pró-reitor de Graduação, Joecildo Rocha, presidiu a solenidade e falou sobre a importância das cotas. “Toda a inclusão que foi promovida nos últimos anos, nas universidades, é reflexo da política de cotas. Nosso papel agora é garantir a permanência disso. Vocês estão saindo hoje formados, indo para o mercado de trabalho ou ingressando em programas de pós-graduação, como é o caso do Sidney, que já está pleiteando uma vaga no mestrado”, ressaltou.
Sidney está na disputa por uma vaga no mestrado de História na Rural. “Agora é mestrado, depois doutorado, se Deus quiser. Eu estou concorrendo para entrar no mestrado. Eu passei na prova, passei no projeto, passei na entrevista, passei na prova de espanhol”, destacou.
Porém, ele faz uma ressalva “São 40 vagas, eu estou no 42º lugar sem cota, não tem cota no mestrado de História. Fiz a prova sem consulta e os outros candidatos fizeram com consulta. Eu quero muito ir para o mestrado”, contou Sidney.
Sobre a pesquisa
Quando questionado sobre qual a linha de pesquisa que ele pretendia abordar Sidney, de forma entusiasmada, contou “Na monografia meu trabalho de conclusão de curso foi ‘O impacto da lei da pessoa com deficiência nas escolas’. Eu desenvolvi ela para o mestrado abraçando tanto o racismo quanto a deficiência, que são características que eu tenho. Eu juntei isso e abordei o estigma, o estigma que pode ser jogado tanto contra a pessoa pelo racismo, quanto através do preconceito contra a pessoa com deficiência” e completou:
“Fazer uma abordagem temporal dentro da história e analisar em pesquisas etnográficas dentro da Universidade, como se comportam os grupos: Núcleo de Negros da Rural e o PNE, no qual sou vice coordenador”, finalizou.