A Reitoria da UFRRJ recebeu, na manhã de segunda-feira (9/9), uma comitiva de 12 agricultores senegaleses. A visita faz parte da segunda fase do projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), uma cooperação entre os governos do Brasil e do Senegal iniciada em 2012. Recepcionado pelo reitor Ricardo Berbara, o grupo vai permanecer no estado do Rio de Janeiro até sábado (14), realizando, ao longo da semana, visitas técnicas e capacitações com o objetivo de fortalecer práticas agroecológicas no país africano.
“Essa é a primeira visita desses agricultores ao Brasil. Eles são produtores em fase de transição agroecológica, que estão diversificando as culturas em suas propriedades”, explicou Antonio Carlos Abboud, professor do Departamento de Fitotecnia (IA/UFRRJ) e gestor do projeto na Universidade.
Além do apoio técnico da Rural, o projeto tem coordenação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Ministério das Relações Exteriores; e participação da Agência Nacional de Inserção e Desenvolvimento Agrícola (Anida), no Senegal, e da Associação dos Agricultores Biológicos do Rio de Janeiro (Abio).
Sonhos realizados – O impacto da parceria para os senegaleses pode ser avaliado pelas palavras dos agricultores presentes à reunião na Reitoria. Para Seydi Lamine Sy, que montou uma escola para ensinar agricultura orgânica aos garotos de sua comunidade, a presença da equipe brasileira no Senegal “concretizou sonhos”. Já seu conterrâneo Elhadji Diouf virou referência no vilarejo onde mora. Em suas fala ao reitor Berbara, ele sublinhou as ligações históricas entre os dois países. “Esse projeto mostra que o Brasil não se esqueceu de uma parte de sua história. Estou rezando para que haja mais projetos ligando nossas nações”, disse Diouf, utilizando o wolof, um dos idiomas do Senegal, ao lado do francês.
Quem traduzia as falas em wolof era um dos mais ativos integrantes do projeto: o senegalês Aly Ndiaye, consultor do PAIS. “Essa ação é incomensurável para os agricultores do Senegal. Hoje viramos uma família”, afirmou – dessa vez, em português impecável. Ndiaye se formou em Agronomia pela UFRRJ nos anos 1990.
Também participaram da reunião o coordenador de Relações Internacionais e Interinstitucionais da UFRRJ, José Luis Luque; o representante da Anida, Papa Ndene Diouf; os integrantes da ABC, Camila Ariza e Nelci Caixeta; e a coordenadora da Abio, Cristina Ribeiro.
Histórico — A cooperação entre os governos do Brasil e do Senegal está levando infraestrutura e técnica a pequenos produtores familiares do país africano com o objetivo de produzir renda e gerar emprego.
O projeto integra técnicas simples de produção agrícola baseadas em modelos utilizados por pequenos produtores. Ele ensina famílias de baixa renda a cultivar em sua propriedade rural, de forma sustentável e rentável, empregando os recursos disponíveis no próprio local. A proposta consiste na criação integrada de animais, hortaliças e frutas com aproveitamento cíclico da produção e de seus resíduos na forma da cadeia alimentar. Esta ação pode dar sequência a uma estratégia de produção de alimentos baseada no princípio da segurança alimentar das famílias, com perspectivas de geração de renda a partir da venda do excedente.
A iniciativa teve tanto sucesso que se tornou política pública no Senegal, com o projeto original desenvolvido entre os anos de 2012 e 2015. Numa segunda fase do projeto, iniciada em julho de 2018, a UFRRJ vem exercendo papel fundamental. O vice-reitor Luiz Carlos Lima esteve presente nas missões ao país africano, em agosto de 2017 e novembro de 2018, acompanhando seus aspectos econômicos.
Veja o que já publicamos sobre o PAIS nos links abaixo:
https://portal.ufrrj.br/ufrrj-colabora-com-projeto-de-producao-agroecologica-no-senegal/
http://portal.ufrrj.br/ufrrj-recebe-missao-de-tecnicos-do-senegal/
Texto e fotografias: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)