A combinação de cores e aromas naturais mais uma vez se alastrou pelo Pavilhão Central (P1) do câmpus Seropédica. A décima terceira edição do evento, que já é uma tradição na Universidade, floriu os corredores dos dias 12 a 15 de junho e foi organizada pelos professores do curso de Agronomia, João Araújo e Antônio Carlos Abboud, com apoio da Reitoria e da Pró-Reitoria de Extensão (Proext) da UFRRJ. Mais de 100 tipos de amostras de orquídeas e bromélias foram apresentadas por cinco parceiros da feira, além da venda das plantas, adubos e acessórios para o cultivo e a ornamentação de ambientes.
A iniciativa de 2005 veio da necessidade dos dois professores de abrirem o conhecimento e a produção científica à comunidade ruralina – como a origem da UFRRJ está ligada às ciências agrárias, o projeto pretendia valorizar
os trabalhos feitos aqui. Outro foco da exposição é o público externo, que vê nos preços mais acessíveis uma boa oportunidade para comprar novas espécies, já que a produção e o plantio têm altos custos e são processos demorados (a primeira floração, por exemplo, leva em torno cinco a oito anos para acontecer).
Outra questão que interfere no preço e no tempo é a hibridação, ou seja, o cruzamento natural ou artificial de espécies de plantas, o que garantiu a rica variedade na exposição. Mas nem sempre foi assim: no início, como conta o professor João Araújo, o evento era feito numa simples “barraca de praia”, com poucos tipos de flores. A chegada de novos colecionadores que se tornaram parceiros da exposição foi importante para atrair os visitantes da região da Baixada Fluminense e da Costa Verde, que hoje são beneficiados com cursos e oficinas que oferecem noções básicas de cultivo e preservação botânica.
“A expo tenta democratizar o acesso para nuclear o conceito de sustentabilidade e educação ambiental na região”, explica Araújo. “A orquídea e a bromélia são os primeiros indicadores de degradação ambiental, porque
quando elas começam a sumir dos biomas, há uma interferência humana na destruição. Com esse evento, nós tentamos derrubar os muros invisíveis para que todo e qualquer cidadão participe. Esse é o verdadeiro
fazer universitário, quer dizer, a promoção do bem social para a população. Então, é uma tentativa de socializar essas questões e que têm a ver com a missão dessa instituição”.
A maioria dos visitantes vêm de Seropédica e das cidades ao redor, como Itaguaí e Paracambi. A moradora do bairro Ecologia – vizinho à Rural – Maria Inêz Santos fala que vem ao evento há pelo menos oito anos e o motivo é o encantamento por orquídeas. Ela diz que o diferencial da exposição é que aqui ela encontra tipos não comuns no mercado: “Só nesse mês de junho, abriram 24 orquídeas no meu quintal, muitas delas eu comprei na exposição. Eu tenho muitas falenópolis. Este ano vim ver as cattleyas. Gosto da mistura de cores. A cada ano, vejo mais coisas”.
Para Jorge Abreu, do orquidário Itaorchids e expositor veterano que participa do evento desde a primeira edição, é satisfatório ver a integração do público com a feira. Ele percebe o cuidado e o interesse dos visitantes
e diz que esse é o diferencial de fazer uma exposição na localidade: “Aqui, as pessoas querem aprender a cultivar, porque têm quintal e podem plantar. O que se vê nas cidades grandes são as pessoas querendo
apenas ornamentar o interior da casa ou do apartamento. Então, quando as flores caem, elas descartam a planta”.
Outra razão para o sucesso da exposição é a harmonia entre a natureza e a ciência. A representante do Orquidário Imperial, Daniela Costa, afirma que, se a qualidade e quantidade de novidades crescem a cada
ano, as pesquisas acadêmicas levam os louros – ou bromélias – da fama: “As inovações tecnológicas e os trabalhos científicos baratearam os custos tanto para os produtores quanto para os consumidores, o que está democratizando o acesso às plantas. Se antes a planta de jardim passava de geração para geração, agora o panorama mudou”.
O evento e as inscrições para os cursos e palestras são gratuitos e acontecem a cada ano no mês de junho, no P1. Fique de olho e até a próxima!
Texto: Priscilla Silva.
Foto: Isabela Borges.
Matéria publicada na página 7, “Eu vejo flores (e plantas) na Rural”, na edição 08/2018 do Rural Semanal.