As sobras de alimentos do Restaurante Universitário (RU) do câmpus Seropédica agora têm um fim correto e ecológico por meio do projeto de compostagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), uma iniciativa do Setor de Conservação de Parques e Jardins em parceria com o Colégio Técnico (CTUR) e o Setor de Residência Estudantil (Sere). Há um ano, são recolhidos diariamente resíduos alimentares do RU para produção de composto orgânico usado em hortas comunitárias. No último ano, 42 toneladas de resíduos orgânicos foram reaproveitadas.
Maria Gabriela Ferreira da Mata, engenheira agrônoma e coordenadora do projeto, destaca que o problema do descarte inadequado de resíduos alimentares não é só universitário, mas também mundial. Em especial por contribuir para a emissão de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2). “Quando você coloca o nitrogênio junto do carbono [no processo de compostagem], ele se transforma em matéria orgânica, um composto, e deixa de emitir tanto CO2, o que é muito melhor para o meio ambiente”, explica a engenheira.
De acordo com Gabriela, os alimentos recolhidos têm, em sua maioria, uma grande concentração de água e pouco nitrogênio. Por isso, para o processo de compostagem, também é utilizado o excesso de esterco bovino de outros setores da UFRRJ e as folhas recolhidas ao redor de todo o câmpus pelo Setor de Conservação de Parques e Jardins.
O processo de compostagem
O método utilizado pelo projeto foi inspirado em técnicas de baixo custo difundidas pelo agrônomo Caio de Teves Inácio ao longo de sua vida acadêmica e profissional. Doutor em Agronomia-Ciência do Solo pela UFRRJ, Caio atualmente é pesquisador da Embrapa Agrobiologia e da Embrapa Solos e é coautor do livro Compostagem: ciência e prática para gestão de resíduos orgânicos. O método de Caio, nas palavras da engenheira agrônoma, é prático, rápido e não emite nenhum odor desagradável. Com poucas pessoas trabalhando no projeto, ter um método dinâmico garante a eficiência do processo e o aproveitamento de todos os resíduos.
Toda manhã, horas antes do Restaurante abrir as portas para os alunos, Gabriela e auxiliares do CTUR – que também possui uma horta e utiliza os compostos – recolhem bombonas lotadas das sobras das refeições do dia anterior. “Separando os resíduos do bandejão para reciclagem e compostagem, você fecha todos os ciclos”, explica Gabriela.
Os profissionais do Colégio Técnico são os responsáveis pela formação de pilhas de composto, seu despejo e fracionagem. O projeto também tem cinco bolsistas e voluntários ligados à manutenção da horta e preservação da UFRRJ, graças a uma parceria com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes). Apesar de não terem contato direto com a produção de compostos, Gabriela relata que o objetivo é que todos consigam estar à frente de cada etapa. “Queremos que os bolsistas entrem, participem e saiam daqui dominando tudo, inclusive a compostagem”, explica.
A horta comunitária
Para Ana Paula Siqueira, estudante de Engenharia Florestal e bolsista do projeto há dois meses, além do benefício para o meio ambiente, a horta comunitária no câmpus Seropédica também possibilita aos universitários alojados uma opção extra de alimentação. “Você proporciona uma forma de ter alimentos saudáveis dentro de casa mesmo quando o restaurante não está em funcionamento”, conta.
A horta está localizada em frentes as quadras externas, em local próximo aos alojamentos e está disponível para visitação e participação em qualquer horário do dia. Os alimentos produzidos estão disponíveis para toda comunidade universitária, sem restrição ou custo.
Qual o propósito do projeto?
Gabriela conta que já existiram muitas hortas dentro do câmpus Seropédica, principalmente em torno dos alojamentos. No entanto, elas foram criadas por estudantes ao invés de profissionais da área – especializados nas técnicas de plantio. A horta comunitária é uma alternativa oficializada pela Prefeitura Universitária e conta com uma equipe de técnicos e bolsistas para sua manutenção e preservação. Com seu desenvolvimento e manutenção profissional, agora é possível ter um ambiente organizado, com produtividade e cada vez menos obstrução no acesso aos prédios e alojamentos.
Parceria entre setores
De acordo com Gabriela, o projeto ainda está no início, porém sempre evoluindo e aberto a possibilidades. Uma das novas iniciativas é a realização de terapia ocupacional, em parceria com a graduação de Psicologia, e a ministração de aulas práticas para os estudantes. Além de uma farmácia viva, a partir da produção de plantas medicinais, em parceria com a graduação de Farmácia. Por ser um projeto novo e ainda com pouco recurso e mão de obra, a união entre setores e institutos é fundamental.
“Eu acho que deve ter alguma coisa que nos conecta com o nosso passado ou se ativa dentro da gente quando vemos uma sementinha que plantamos virar uma planta e depois colhermos”, conclui a engenheira agrônoma.
Para mais informações sobre o projeto de compostagem e a horta universitária, entre em contato pelo e-mail: scpj-pu@ufrrj.br
Texto: Yasmin Alves, estagiária de Jornalismo, sob a supervisão da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).