Filipe Lima, estagiário de jornalismo da CCS/UFRRJ
Pela primeira vez em sua história, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) foi realizada na UFRRJ. Os câmpus de Três Rios, Nova Iguaçu e Campos dos Goytacazes sediaram o evento no chamado “abril verde” – mês em que se discute a cultura para prevenção de acidentes no trabalho e doenças ocupacionais. Seropédica, por conta das fortes chuvas que assolaram o Rio de Janeiro, precisou transferir a data do evento para 16 de maio.
A ideia da Sipat é dar protagonismo ao trabalhador, abordando temas como segurança laboratorial, riscos do trabalho rural e adicionais ocupacionais – direito ao acréscimo salarial para trabalhadores em situação de insalubridade, periculosidade, irradiação ionizante e gratificação por trabalhos com raios-X ou substâncias radioativas.
Para Patrícia Nogueira, vice-coordenadora da Divisão de Atenção à Saúde ao Trabalhador (Dast/Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos) e uma das organizadoras do evento, difundir o conhecimento é fundamental, sendo esta a principal função da Semana. “Às vezes algo básico ensinado em uma palestra pode evitar que o trabalhador venha a se acidentar e ter sequelas físicas que podem afetar não só sua vida no trabalho, como também pessoal”, afirmou. Patrícia destaca ainda que quem detém o conhecimento sobre todo o processo de trabalho é o próprio trabalhador.
O engenheiro de segurança do trabalho, palestrante e um dos coordenadores da Sipat, Felipe dos Santos Ai, ressaltou a fragilidade da legislação – a Norma Regulamentadora 5, responsável por padronizar, fiscalizar e orientar parâmetros sobre saúde e segurança no trabalho. “Divulgando um pouco mais o conhecimento, a gente filtra as dúvidas e as perguntas dos servidores, as indignações. Às vezes o pessoal chega aqui um pouco chateado. Os adicionais ocupacionais não são uma mera vontade política, há toda uma legislação que não é a ideal, mas é a que a gente tem de seguir. É algo que muitas vezes até contraria os aspectos técnicos de engenharia de segurança e de exposição de risco”, diz o engenheiro.
O debate sobre as normas reguladoras tem sido constante, já que recentemente o presidente da República, Jair Bolsonaro, sinalizou na intenção de “desburocratizar” as regulamentações de segurança.
Percepção de risco e aproximação com os estudantes — Felipe Ai disse também que o objetivo da semana de prevenção é trazer temas que “não sejam muito fora da realidade ou específicos”, voltados para o servidor público federal, mas que não deixe de englobar os terceirizados e nem os próprios estudantes. “A ideia é trazer para os servidores a primeira noção de segurança de trabalho, que é uma área comprometida no serviço público. Vemos servidores às vezes em lugares muito ruins. Então, temos de começar a trazer essa percepção de risco”, conclui.
Visando à aproximação com os estudantes, o evento contou também com temas sobre segurança universitária e inteligência emocional na relação acadêmica. “Entendemos o aluno como um futuro trabalhador e que, de certa forma, algumas temáticas da Sipat também podem beneficiar e interessar a eles”, finaliza Patrícia Nogueira.
Participantes opinam — O analista de Tecnologia da Informação, da Coordenadoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Cotic), Eliel Zery Ramos Junior, ressaltou a importância do evento, mas criticou a falta de adesão ao evento. “É algo importante, mas acho que o pessoal deveria aperfeiçoar mais, colocar mais coisas para chamar atenção, pois a quantidade de funcionários presentes era muito pequena”, disse.
Por outro lado, Sílvio Cesar dos Santos, guarda universitário pela Divisão de Guarda e Segurança (DGV), elogiou o nível das palestras apresentadas. “Gostei muito do evento por vários motivos, dentre eles saber que existe uma divisão da Rural voltada para atender os trabalhadores”, comentou Silvio. “Com certeza vou participar do próximo e levar alguns amigos do meu setor”.
Leandro Silva, estagiário de jornalismo da CCS/UFRRJ
No dia 16 de maio, na abertura do evento, estiveram presentes representantes da Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos (Proad), da Divisão de Atenção à Saúde ao Trabalhador (Dast/Proad), do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Rural (Sintur), da Associação de Docentes da UFRRJ (Adur) e da Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas (Codep/Proad). A Sipat Seropédica ocorreu no Auditório Hilton Salles.
Em sua fala de abertura, a professora Amparo Villa Cupolillo, pró-reitora de Assuntos Administrativos, ressaltou a importância do evento para debates e ampliação dos conhecimentos sobre a segurança do trabalhador.
A primeira palestra do dia, intitulada “O Trabalhador como Protagonista”, foi apresentada por Rômulo Bandeira. O consultor e empresário destacou o papel individual e de protagonismo do trabalhador para promover o seu bem estar. Segundo Bandeira, um pilar fundamental para obter sucesso e melhora no desempenho passa pelo poder de negociação do funcionário seja com colegas ou chefe. Ele também enfatizou a importância da autoconfiança, de manter a mente leve, com pensamentos positivos e descontraídos para enfrentar o dia a dia. A palestra “Riscos do trabalho rural”, apresentada por Kamila Barros (Proad), fechou a parte da manhã.
À tarde, foram apresentadas as palestras “Segurança em laboratórios – riscos ocupacionais”, com Rosane Nora (Departamento de Química); “Adicionais Ocupacionais – aspectos legais, de segurança e saúde do servidor”, com Felipe dos Santos Ai (Proad); e “Inteligência Emocional na relação acadêmica”, com Elen de Leo (Dast). No final do evento, foi realizada a mesa redonda “Segurança Universitária – Cenário atual e desafios”, com Renan Canuto (Divisão de Guarda e Vigilância).
A coordenação geral da Sipat foi da Proad (Dast e Codep), com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proext).