
Na tarde desta quarta-feira (10/12), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro deu mais um passo estratégico para a concretização de seu projeto do Parque Ecotecnológico. Convidados pela Administração Central da UFRRJ, representantes do governo de Seropédica e representantes de Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação do estado do Rio de Janeiro estiveram no câmpus Seropédica para a avaliação de uma futura assinatura de protocolo de intenções de participação no projeto do parque.
O reitor da UFRRJ, professor Roberto Rodrigues, recebeu, no Gabinete da Reitoria, o procurador geral do município de Seropédica, Luiz Fernando Evangelista; a secretária de Suprimento Edilaine Evangelista; e o subscretário de Ciência e Tecnologia Claudio Bernardo, além dos representantes do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ Luane Frangoso, diretora do câmpus CEFET/RJ de Nova Iguaçu; Daduí Guerrieri, responsável pelo câmpus CEFET/RJ de Itaguaí; David Braga Silva, professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) e diretor-geral do câmpus de Paracambi; e a chefe-geral da Embrapa de Seropédica, Cristhiane Amâncio para apresentar detalhes do projeto do Parque Ecotecnológico da UFRRJ.
A apresentação ficou por conta do professor Tiago Badre Marino, que relatou a proposta do plano urbanístico do parque, e do pró-reitor adjunto de Planejamento, o professor Marlucio Barbosa, que explicou o modelo de governança do parque, atualizando-os a respeito de aspectos importantes do projeto, tais como fontes de financiamento, editais abertos, plano urbanístico, dentre outras agendas políticas que serão conduzidas para a consolidação e concretização do empreendimento.
Em sua apresentação, Marlucio explicou que Seropédica vive um momento único, representando um verdadeiro centro logístico no Rio de Janeiro, conectada ao Porto de Itaguaí, à rodovia Presidente Dutra e ao Arco Metropolitano. No entanto, segundo ele, apesar de grandes indústrias já terem se estabelecido na região, ainda falta um fator fundamental neste elo: as instituições científicas e tecnológicas. “Existe um abismo entre o crescimento industrial e a oferta de tecnologia local. As empresas buscam soluções que a UFRRJ já desenvolve, mas não encontram um canal direto de conexão”, explica o pró-reitor adjunto. “O parque será a ponte entre o conhecimento acadêmico e o corredor de produção industrial do Estado do Rio de Janeiro.”


“A gente parte aqui de uma pedra fundamental, de uma ou duas edificações, e assim organicamente vai crescendo de acordo com a demanda”, detalhou o professor Tiago Marino ao explicar a estratégia de ocupação dos 44 hectares destinados ao Parque Ecotecnológico. Ao abordar a viabilidade econômica, Marino destacou que a prioridade imediata é a captação de recursos via editais de fomento. “Nossa diversão de final de ano vai ser o edital da FAPERJ”, afirmou o professor, referindo-se à oportunidade de captar até R$ 3,5 milhões, utilizando obras de infraestrutura já orçadas, como a estrada de acesso, como os “20% de contrapartida institucional” exigidos.
Somando esforços a essa frente institucional, o professor Daduí Guerrieri, diretor do câmpus Itaguaí do CEFET/RJ, prontificou-se a atuar ativamente na viabilização financeira do empreendimento, voluntariando-se para contribuir na escrita técnica e na captação de recursos via editais de fomento.



O parque Ecotecnológico da UFRRJ
O projeto do parque não pretende ser tão somente uma incubadora de empresas, mas sim, um complexo urbano planejado para mudar a economia da região, prevendo uma área administrativa, uma área verde, uma área empresarial e outra para o campo tecnológico. Seu diferencial competitivo serão as vastas áreas para provas de conceito de campo (agronegócio) e plantas piloto industriais.
Quanto à engenharia financeira para a sustentação do parque, a proposta é adotar um modelo sustentável, que não dependa do orçamento da Universidade. Essa modelagem está sendo conduzida por uma comissão executiva instituída pela Reitoria, em articulação com o projeto de valorização do patrimônio imobiliário que será desenvolvido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Visando conferir segurança jurídica e a celeridade ao projeto, o reitor da UFRRJ, Roberto Rodrigues, anunciou que o início de 2026 será marcado pela formalização da governança do Parque Ecotecnológico. “A gente vai sair daqui com uma ideia de encaminhamento: a assinatura do protocolo de intenções entre as instituições para a construção do Parque Ecotecnológico”, afirmou o reitor, projetando uma reunião antes de março para elevar a iniciativa e preparar o terreno para a atração de empresas.


Com uma postura que se definiu como “pragmática”, o procurador Geral de Seropédica, Luiz Fernando Evangelista, se comprometeu que a Prefeitura vai preparar o terreno jurídico e orçamentário para recepcionar o Parque Ecotecnológico. Segundo Evangelista, Seropédica trabalha na “atualização da legislação tributária” para criar um ambiente atrativo aos empresários, antecipando-se aos impactos da reforma nacional. Para além dos incentivos fiscais, o procurador sinalizou um compromisso direto com a viabilidade física do parque, afirmando que o próximo ciclo de planejamento — que une Plano Plurianual, o Plano Anual de Contratações e a Lei Orçamentária Anual — deverá “contemplar as medidas técnicas” do Parque Ecotecnológico, garantindo dotação orçamentária municipal para auxiliar na infraestrutura, como a pavimentação do acesso viário.

O projeto do Parque Ecotecnológico da UFRRJ foi apresentado, em outubro, ao representantes da Federação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que realizaram a 9ª Reunião Ordinária do Conselho Empresarial da Firjan Nova Iguaçu e Região na sala da Secretaria de Órgãos Colegiados (SOC) da UFRRJ.
Em setembro, o projeto já havia sido apresentado à nova presidência da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos e à presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Em maio, em um evento que reuniu 65 pessoas, dentre empresários, representantes de instituições públicas e privadas, e membros do poder público local, como o procurador municipal de Seropédica e os secretários municipais de Governo, Serviço Público e Ciência e Tecnologia, realizado na sala da SOC, com organização da Agência de Inovação da UFRRJ, a proposta foi apresentada, abrindo espaço para articulações com possíveis parceiros estratégicos.





Texto e fotos: João Vitor Freitas, jornalista e bolsista de Comunicação da CCS