Texto: Uli Campos Leal
Em janeiro deste ano, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) encerrou suas atividades devido a mudanças trazida pela Medida Provisória 870 de 2019, editada pelo governo do novo presidente. No dia 9 de maio, uma comissão mista conseguiu reverter a situação e recriou o Consea. Mas a mudança repentina não impediu que o evento “Segurança alimentar: desafios após extinção do Consea” fosse realizado na UFRRJ no dia 14 de maio. No auditório do Instituto de Zootecnia (IZ), discentes e docentes debaterem o futuro do Consea. O evento não deixou de pautar a importância do Conselho e de suas medidas fundamentais para projetos de combate à fome e melhoria da qualidade da vida alimentar dos brasileiros.
“Não basta apenas fazer uma boa pesquisa. Precisamos também articular os resultados de tudo que a gente produz e dar visibilidade á produção”, disse o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Alexandre Fortes na sessão de abertura, composta ainda pelo professor e deputado estadual Flávio Serafini e o diretor do Instituto de Tecnologia (IT) Pedro Paulo de Oliveira. Em suas apresentações, eles avaliaram brevemente a situação política do país e sobre a importância de um evento como este para debater novas estratégias para o crescimento acadêmico com impacto na sociedade.
O deputado estadual Flávio Serafini destacou a instabilidade e o impasse político como fatores que influenciaram a extinção do Consea em janeiro deste ano. “A própria extinção do Consea de alguma forma reflete isso. É, ao mesmo tempo, a deterioração da valorização dos mecanismos de participação popular e representação da sociedade civil de constituição de síntese de pluralidade, e o enfraquecimento de políticas centrais para o combate à fome e para combate as desigualdade sociais”, explicou Serafini.
A professora Amanda Franco, do curso de Nutrição da Universidade Veiga de Almeida e Elisabeth Cristina Silva Jardim, conselheira do Consea Rio, debateram sobre os projetos de importância que foram elaborados pelo Consea, como por exemplo, o programa Fome Zero. A professora explicou que o Conselho é um órgão responsável em assegurar a qualidade do alimento, e ressaltou que mais importante que a quantidade, a qualidade precisa ser debatida também como o direito humano. “Quando a gente fala dos direitos humanos, a gente entende que não é só o direito a quantidade desse alimento, mas de como ele está hoje. Estamos falando de um alimento de qualidade”, pontuou Amanda Franco.
“É muito importante um evento que conscientize as pessoas tanto dentro, quanto fora da academia”, ratificou a veterinária e pós-graduanda em Segurança Alimentar, Monique de Souza, que participou do evento como ouvinte. “Para a gente que trabalha nessa área, é muito importante ter o conselho. Até para você explicar o que é segurança alimentar esse tipo de conselho ajuda, já que as pessoas têm dificuldade de saber e de entender a importância dessa área.”, destacou Monique.
Agricultura: fundamental para a segurança alimentar
A professora Anelise Dias, do Instituto de Agronomia (IA) da Rural, apresentou o projeto Feira de Agricultura Familiar. Segundo a professora as Feiras são espaços de troca e integração da universidade com a agricultura familiar local. Os alimentos produzidos estimulam a segurança alimentar e o desenvolvimento local. “Promover a feira nos espaços institucionais é importante porque há um fenômeno que, às vezes, ocorre no campo acadêmico que é a falta de percepção sobre a realidade local. O estado (Rio de Janeiro) colocou a agricultura em segundo plano em relação a outras atividades. Mas a agricultura é fundamental para garantir a segurança alimentar”, explicou.
Segundo Dias, o projeto procura dar visibilidade tanto sobre os alimentos que são produzidos, quanto para quem produz esse alimento. “Na parte de consumo consciente procuramos trazer um olhar sobre os alimentos produzidos e as implicações que a produção local e as escolhas de consumo elas tem sobre o modelo de desenvolvimento que a gente quer urbano e para o campo.”, destacou.
O Rural Semanal divulgou recentemente como este programa de extensão se expandiu e se fortificou no câmpus de Nova Iguaçu. Clique aqui para conferir.No câmpus Seropédica, a feira acontece todas as quartas-feiras das 8h às12h. Em Nova Iguaçu, a feira é quinzenal, às terças-feiras, a partir das 9h. No câmpus Três Rios a feira é às quartas-feiras a partir das 17h. Para maiores informações na página oficial da Feira no Facebook.