O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro. A data relembra a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da luta contra a escravidão.

Estabelecida em 2003 como data comemorativa no calendário escolar, foi instituída oficialmente como feriado nacional pela Lei nº 14.759, de 21 de dezembro de 2023.
A celebração busca promover a reflexão sobre o valor e a contribuição da comunidade negra para o país. Além de valorizar a cultura afro-brasileira, propõe o debate sobre questões como racismo, discriminação, igualdade social e inclusão.
Neste Dia Nacional da Consciência Negra, a Coordenadoria de Comunicação Social da UFRRJ ouviu alguns negros e negras da comunidade universitária, que deram seus depoimentos sobre a importância dessa data significativa. Leia abaixo:

Para mim, o dia 20 de novembro marca que nossos direitos foram conquistados com luta – e que ela continua.
Como jovem negro, de terreiro e LGBT, enfrentei preconceitos e subestimações, mas também encontrei muito apoio e acolhimento. Sou do orixá Logun Edé – elegante e exímio guerreiro/caçador – e nele me inspiro.
Recentemente me tornei médico veterinário e sigo em direção ao meu próximo sonho: cursar Medicina e atuar pela saúde de populações marginalizadas no contexto das doenças infecciosas.
Lucas Xavier Florenço, 24 anos, formado em Medicina Veterinária pela UFRRJ em julho de 2025. Atualmente é bolsista de Pesquisa pelo Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz-RJ.

O recontar da minha história não apagará as dores dos meus, mas desvelará os corpos silenciados que se erguem nas cinzas da memória daqueles que insistem em nos calar. Através da minha voz, ecoam os meus ancestrais, que vêm denunciar um passado que atravessa o presente, nessa incessante violência que tenta nos aniquilar. Minha fala é grito, é luta, mas é também o chão firme que me fortalece neste caminhar. Meu grito não é só meu; é semente de liberdade que atravessa o tempo. Não cheguei aqui sozinha. Meus passos vêm de longe, e não admito partir sem levar comigo multidões. Sou resistência!
Núbia Desirée, 35 anos, graduada em Filosofia pela UFRRJ e estudante de História na mesma universidade. É coordenadora discente do Núcleo Estudantil de Comunidades Tradicionais de Matrizes Africanas (Nemafro)

O racismo mata!
Todos os dias, negros e negras são assassinados(as) por terem a cor da pele preta. Todos os dias, mulheres negras sofrem mais com a violência e choram pela perda dos que amam, mortos pela polícia ou cooptados pelo tráfico ou por milicianos.
Vivemos numa sociedade capitalista em que os pobres são, em sua maioria, a população negra. Mas no Brasil o mito da igualdade racial é muito forte. Por isso, acredito que não só o 20 de novembro, mas todo o mês de novembro, nos possibilita fazer a discussão de uma luta que é cotidiana, de forma mais ampla, para que alcance um número maior de pessoas para a luta contra o racismo, em busca da conscientização de que esta luta é do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras.
Basta de racismo!
Ivanilda Oliveira Silva Reis, 61 anos, graduada em História pela Fundação Educacional Unificada Campograndense. É coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Sintur-RJ) e da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). Aposentada desde 2019.

O Dia da Consciência Negra representa a celebração de muitas conquistas do povo negro em nosso país. Além disso, nos faz refletir e nos inspirar na vida e na caminhada daqueles/as que lutaram e continuam lutando para que tenhamos uma sociedade antirracista.
Marcelo Salles, 48 anos, é pró-reitor de Gestão de Pessoas. Graduado em Pedagogia, é mestre e doutor em Educação pela UFRRJ. Foi pró-reitor adjunto de Assuntos Administrativos de 2017 a 2019; pró-reitor adjunto de Gestão de Pessoas (2019 a 2021; 2022 a 2025); e pró-reitor de Gestão de Pessoas (2021-2022).

É um dia de celebração da cultura afro-brasileira. Dia de confraternizar! Dia de trégua para festejar as conquistas, e reviver a memória das pessoas que nos antecederam nesta trajetória, inclusive lutando para que esta data existisse e fosse comemorada.
Fabiana Silva, 48 anos, é professora na Licenciatura em Educação do Campo (LEC/UFRRJ), da qual também é egressa. Mestre e doutoranda em Ciências Sociais pela UFRRJ, integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).

Historicamente, o Dia Nacional da Consciência Negra simboliza uma conquista contra todas as formas de opressão política, preconceitos e discriminações. Representa a luta pela igualdade racial e social, e pela dignidade da população negra. Deve ser celebrado por meio de ações que promovam reflexões sobre a história de (re)existência e da população negra no Brasil (filhos e filhas dos africanos escravizados) no combate ao racismo em suas várias dimensões e diferentes camadas – estrutural, institucional, epistêmico, individual e outras – e na valorização da cultura afro-brasileira. Kaô Kabiesilé!
Otair Fernandes de Oliveira, 64 anos, é professor do câmpus Nova Iguaçu e do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio e Cultura (IM/UFRRJ). Bacharel e licenciado em Ciências Sociais, tem mestrado em Ciência Política e doutorado em Ciências Sociais, além de pós-doutoramento em História da África, da Diáspora e Povos Indígenas. Pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiro e Indígenas (Leafro) e do Grupo de Pesquisa Educação Superior e Relação Étnico-Raciais (GPESURER). É Mogba de Xangô do Ilê Asé Omiojuarô.
Fotos: Miriam Braz (CCS/UFRRJ)
Revisão/edição: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)