Inclusão e transformação social. Em 3 de outubro, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) festejou a inauguração da pista de equitação da Equoterapia. O projeto trabalha com a inserção de crianças com espectro autista em atividades com cavalos, visando pontos como a melhoria do desenvolvimento motor e social. O evento ainda contou com um debate entre representantes de chapas pré-candidatas à Reitoria da Universidade, onde os mesmos se comprometeram em atender as demandas da iniciativa.
Há mais de uma década operando nos espaços da UFRRJ, o projeto de Equoterapia é o primeiro do segmento a ser registrado como método educacional por uma universidade no Brasil. “Fica aqui toda uma trajetória da Equoterapia da Rural, que está buscando transformar esse projeto num programa. Já temos 11 anos atendendo muitas crianças e proporcionando mais de 130 bolsas para alunos de graduação, mestrado e especializações”, destacou José Ricardo da Silva Ramos, professor do Departamento de Teoria e Planejamento de Ensino (DeptTPE) e coordenador das atividades.
Do manejo dos cavalos ao tratamento com as crianças, o circuito de atividades conta com um grande grupo de professores, coordenadores, bolsistas e voluntários. Pessoas que enxergam na equoterapia uma forma de aprender, ensinar e transformar vidas. “É um trabalho exaustivo, mas a recompensa é ver a evolução das crianças, o que é muito gratificante. Por vezes, muitas crianças chegam estressadas e já se acalmam com a presença dos cavalos”, relatou Lucas Lima, aluno do curso de Zootecnia da UFRRJ e bolsista do projeto.
A equoterapia atua no Brasil há mais de 30 anos, sendo introduzida oficialmente em 1989 com a criação da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil), órgão responsável pela regulamentação e difusão da prática no país. Além de auxiliar no pleno desenvolvimento de crianças com autismo, muitos são os ganhos também para as famílias. Mãe de uma das crianças abarcadas pela Equoterapia UFRRJ, Emanuelle Barbosa ressalta a evolução que seu filho teve em dois anos de atividades: “Meu filho tinha muita sensibilidade a toque, texturas e uma dificuldade de se equilibrar. Hoje em dia ele já consegue inserir a alimentação no cavalo, ficar com a textura da pele molhada, ir à praia e ficar com a roupa molhada, por exemplo. Ele consegue hoje em dia conviver com outras crianças e ter uma vida social melhor através desse projeto”.
A inauguração da pista de equitação da Equoterapia marca uma nova etapa para o futuro da prática na Universidade Rural. É um espaço para o esporte, para o atendimento, atividades equestres e para a evolução também de pesquisas. A nova meta é transformar o projeto num programa que tenha recursos próprios para se manter e expandir seu núcleo de atividades, segundo o professor Ramos.
“O conselho que eu dou é que as mães pesquisem sobre o assunto e saibam os benefícios que a equoterapia pode trazer, não só para os nossos filhos, mas também para nós, que somos mães. Uma vez que ela age em benefício dos nossos filhos, o ganho também é nosso. Eu costumo dizer que eu também faço a equoterapia porque para mim ela funciona como uma forma de terapia. O fato de ver a melhora dele age na minha melhora também”, reforçou Emanuelle sobre a importância e o impacto do projeto para outras famílias.
Texto: Rafael Gutierrez, bolsista de Jornalismo da CCS/UFRRJ
Fotos: Sara Reis Macedo, estagiária de Jornalismo da CCS/UFRRJ
Revisão e edição: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)