O terceiro dia da 8ª Semana Acadêmica de Jornalismo da UFRRJ, realizado na última quarta, 5/11, foi marcado por um debate sobre o papel do fotojornalismo na construção da memória e da escuta social. A mesa “Fotojornalismo: imagem, denúncia e memória” ocorreu no auditório Paulo Freire, no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS), e contou com a presença dos fotógrafos Bruno Veiga, Carlos Júnior e Sandro Vox.
O encontro foi mediado pelo estudante Luan Gomes, que abriu a conversa destacando o fotojornalismo como uma das dimensões ‘’mais humanas do jornalismo contemporâneo, capaz de traduzir experiências, dores e resistências por meio do olhar’’.
Participando de forma online, Bruno Veiga, fotógrafo e artista visual, compartilhou parte de sua trajetória e refletiu sobre os caminhos da fotografia no Brasil. Em sua fala, destacou que o ato de fotografar vai além do registro do instante: “A imagem tem um poder muito forte de resistência, de denúncia e, principalmente, de escuta para aqueles que muitas vezes não têm voz”, afirmou Bruno.
O fotógrafo também relembrou o início de sua carreira na década de 1980, quando o fotojornalismo passava por transformações importantes nas redações brasileiras. Segundo ele, a fotografia é uma profissão múltipla, que permite explorar diferentes linguagens e campos de atuação, da arte ao jornalismo, sem perder o compromisso com a verdade visual.
Em seguida, Carlos Júnior, fotojornalista, trouxe à tona experiências intensas vividas em coberturas de grandes eventos e conflitos urbanos. Autor de registros marcantes, como a ocupação do Complexo do Alemão em 2010 e o acidente com o carro alegórico no Carnaval de 2017, o fotógrafo ressaltou a importância da rapidez, sensibilidade e coragem no exercício da profissão: “O fotojornalista precisa estar no momento certo e no lugar certo, com o olhar atento e o coração preparado para o que vai registrar”, destaca Carlos.
Ao final, Sandro Vox, fotógrafo e documentarista, reforçou o papel social da imagem como ferramenta de denúncia e transformação. Reconhecido por trabalhos voltados a pautas de direitos humanos e periferias, ele enfatizou que o fotógrafo tem o dever de “enxergar o invisível” e dar visibilidade às vozes silenciadas pela sociedade.


Texto: Ana Carolina Linhares – Curso de Jornalismo da UFRRJ.
Edição geral: Giovana Barbieri – Curso de Jornalismo da UFRRJ.