Por João Gabriel Castro, estagiário de jornalismo da CCS/UFRRJ
Na transição da universidade para o mercado de trabalho, a experiência profissional na área de formação é essencial para o currículo do recém-graduado na hora da procura pelo primeiro emprego. Nesse contexto, os programas de Residência Profissional surgem como um complemento à graduação e possibilitam a inserção qualificada dos estudantes no mercado de trabalho. Através de um treinamento em serviço, sob supervisão da instituição e de professores responsáveis pelos projetos, as residências promovem um aprimoramento de conhecimentos, habilidades e atitudes indispensáveis ao residente no exercício de sua profissão. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) possui modalidades diferentes de residências que são ofertadas ou por edital externo (Multiprofissional e Pedagógica), ou por edital interno (Iniciação Profissional). Os programas de residência da Universidade são financiados com verbas públicas ou verbas obtidas através de parcerias com empresas.
Ofertada via edital do Ministério da Educação (MEC), essa modalidade abrange áreas profissionais da saúde como, por exemplo, a Biomedicina, a Fonoaudiologia e a Medicina Veterinária. A Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), coordenada pelo MEC e pelo Ministério da Saúde, é a responsável por avaliar as instituições habilitadas a oferecer o programa e se ele é orientado pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na UFRRJ, o Hospital Veterinário (HV) conta com o segundo maior programa de Residência em Medicina Veterinária do país em número de bolsas. É também um dos únicos que, além da clínica e cirurgia de animais, oferece formação voltada para especialidades como, por exemplo, a oncologia, a dermatologia e a cardiologia. Segundo Andreza Amaral da Silva, professora e coordenadora do curso de Medicina Veterinária, esse é o grande diferencial do programa. “A especialidade é a última vertente da Veterinária. Hoje em dia, apesar do nosso curso ter uma formação generalista, cada dia mais o mercado de trabalho exige as especialidades. Então, nesse sentido, nós estamos na vanguarda em relação aos programas de residência de outras universidades”, explica.
Com 56 residentes em atuação, o hospital possui três alas que prestam atendimento a pequenos animais (cães e gatos), grandes animais (equinos, bovinos, suínos, entre outros) e animais silvestres. A ala de silvestres também dá apoio ao
Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama (Cetas), em Seropédica. O horário de funcionamento é de segunda à
sexta, de 7h30 às 17 h, exceto às quartas (7h30 às 12h).
Destinado a profissionais de qualquer lugar do país com até três anos de formação em instituição pública ou privada,
o programa de Residência em Medicina Veterinária possui duração de dois anos. A carga horária de 60 horas semanais
é dividida entre a parte teórica e a parte prática. Os residentes são avaliados semestralmente através de relatórios de atividades, provas de conhecimento e avaliações dos tutores. Ao final do programa, a entrega do trabalho de conclusão de curso é obrigatória para que o residente receba o certificado de especialista na área em que fez a residência. Rafaela da Silva Goes, 26 anos, integra a equipe de residentes do HV da UFRRJ há cerca de dois anos. Ex-aluna da Rural, Rafaela considera a residência uma oportunidade única. “Na época da graduação, eu tinha o hospital como referência. Sempre pensava: ‘eu preciso chegar lá!’. Trabalhando no hospital, com o volume de animais que a gente atende, eu me especializo tanto na teoria, quanto na prática. E recebo um auxílio para isso, o que é muito enriquecedor. É o ápice da minha realização profissional, pelo menos por agora”, conta.
Ofertada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Residência Pedagógica é um dos programas que integram a Política Nacional de Formação de Professores. Unindo teoria e prática, esse programa proporciona um aperfeiçoamento da formação de alunos das áreas de licenciatura. A UFRRJ possui 14 cursos participantes do programa, sendo três deles divididos entre Seropédica e Nova Iguaçu.
Com duração de 18 meses, a residência é dividida em quatro partes: preparação, ambientação, imersão e avaliação. Na preparação, os residentes recebem cursos onde são apresentados aos projetos e às primeiras discussões sobre o campo de formação da licenciatura. Na ambientação, é feito o primeiro contato entre os licenciandos e as escolas da rede pública de educação básica (escola-campo), através de um acompanhamento da rotina da direção das escolas, dos conselhos de classe e dos projetos pedagógicos existentes nas unidades. Ao final da ambientação, os residentes e seus preceptores elaboram um plano de trabalho.
Na etapa seguinte, ocorre a imersão do licenciando nas escolas e na prática da regência de sala de aula. Essa regência é feita por meio do acompanhamento de aulas, da construção de um suporte material e pedagógico para uma aula, de intervenções pontuais na sala de aula do professor, sob a supervisão dele, e através do auxílio na construção de projetos pedagógicos na escola-campo. Já a quarta e última etapa é a de avaliação, quando o residente elabora um relatório final e expõe seus resultados. Ao final desse ciclo, o aluno completa uma carga horária de 440 horas.
O programa de Residência Pedagógica é voltado para alunos da UFRRJ em formação que estejam cursando a segunda metade de seu curso (a partir do 5º período). O processo seletivo considera uma carta de intenções do licenciando, avaliação de documentos e entrevista realizada por professores. Wendy Larissa Vieira, 21 anos, aluna do 6º período do curso de Letras-Português/Literaturas do câmpus Nova Iguaçu, é residente no Colégio Estadual Dom Adriano Hipólito há dez meses.
Ela ressalta a importância do programa para a sua formação. “Além da bolsa me ajudar a me manter na universidade, eu gosto muito do ambiente escolar. É muito bom poder lidar com os alunos, com a equipe pedagógica, com os outros profissionais da escola. É um aprendizado constante e enriquecedor. Eu sou muito grata por ter essa oportunidade”, afirma.
Em 2018, a Pró-Reitoria de Extensão da UFRRJ (Proext) deu início ao Programa de Residência em Iniciação Profissional, com Regulamento aprovado pela Procuradoria (Proger). Oferecidas pela própria instituição e organizadas por professores em campos específicos ou multidisciplinares, as residências podem ser internas (na UFRRJ) ou externas (em instituições parceiras).
O Programa de Residência em Iniciação Profissional em Agronomia da UFRRJ, realizado com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica (Fapur), possui residentes em atuação interna e externa em Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios.
Apesar de adaptado aos novos moldes, o programa existe desde o ano de 2000. Segundo o professor Eduardo Lima, idealizador e coordenador da residência, o projeto é um sucesso. “Mais de 70% dos residentes que passaram pelo programa foram inseridos no mercado de trabalho. Ou o residente ficou no local onde desenvolveu a residência, ou ele, através da experiência que obteve durante o programa, conseguiu outro trabalho”, conta.
O processo de seleção dos residentes é dividido em três etapas: uma prova escrita, a análise do currículo do candidato e, por fim, uma entrevista com professores envolvidos no projeto e também com representantes das empresas, em casos de residência externa. Com até dois anos de duração, a residência em Agronomia não é restrita a UFRRJ: qualquer engenheiro agrônomo do país com até três anos de formação está apto a se candidatar.
Gabriel Alves Botelho, 34 anos, é residente do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar da UFRRJ, que oferece acompanhamento, assistência técnica e capacitação a agricultores locais e da região do entorno dos câmpus da Universidade. Para Gabriel, sua atuação como residente também possui um caráter social. “Além de aprimorar minha parte técnica e diversificar meus conhecimentos, lido com um público vulnerável, que são produtores familiares esquecidos pelas políticas públicas. Então, o meu trabalho tem um impacto grande na vida dessas pessoas. Isso é gratificante para mim, porque, como agrônomo, vejo que estou cumprindo um compromisso social de devolver para a sociedade todo o investimento feito por ela durante a minha formação na universidade pública”, declara.
Residência Multiprofissional
https://servicos.ufrrj.br/concursos/
Residência Pedagógica
http://portal.ufrrj.br/pro-reitoriade-graduacao/
Residência em Iniciação Profissional
http://portal.ufrrj.br/pro-reitoria-de-extensao/
Publicada originalmente no Rural Semanal 05/2019.