Texto: Thaís Melo*
Criado no final de 2018, o projeto “StoryGirl: desenvolvimento do pensamento computacional através de histórias” produz materiais educacionais e oficinas que promovem o pensamento computacional para meninas de escolas públicas e privadas. Tudo isso fazendo uso de storytelling (contar uma história por meio de um enredo elaborado, uma narrativa envolvente e recursos audiovisuais).
Quem está à frente do projeto como coordenadora e criadora da iniciativa é a docente Juliana França, do Curso de Sistemas de Informação do Departamento de Computação do Instituto Multidisciplinar (DCOMP/IM). A professora atua na linha de Engenharia de Software e, por trabalhar nessa área, vê como faltam mulheres no mercado de tecnologia e computação. Por isso, o projeto tem como público-alvo as meninas e atende desde as mais novas que ainda estão na educação básica até as que já estão no ensino médio.
Segundo a docente, a principal meta do projeto é estimular crianças e adolescentes a conhecerem o universo da programação de computadores. Para isso, as oficinas trabalham com a linguagem de programação em blocos chamada scratch que é uma linguagem mais intuitiva e próxima do universo infantojuvenil. “Com o scratch é possível criar desde cenários sem muita complexidade até jogos mais sofisticados. Esses são elementos de bastante apelo para o nosso público-alvo”, explicou a coordenadora.
De acordo com a professora, o projeto StoryGirl surgiu quando ela entendeu que a programação de computadores faz parte da vida de todos nós. Pois a atividade desenvolve capacidades cognitivas e competências que podem ser usadas em atividades diárias. O projeto também visa a diversidade no meio tecnológico. “Em uma sociedade onde a cultura impulsiona as meninas para áreas consideradas “mais adequadas para elas”, esta mesma sociedade perde na falta de pluralidade no desenvolvimento de tecnologias. As tecnologias precisam atender a todas as classes, gêneros, culturas, assim como todas as áreas de conhecimento. Se falta representatividade em quem produz tecnologia, a consequência é gerarmos soluções tecnológicas com apelo para as classes representadas, excluindo ainda mais as demais classes”, explicou a docente.
Até agora o projeto realizou a capacitação de alunos de graduação para atuarem como tutores nas oficinas e produziu o material de apoio a ser usado nas aulas. Além disso, alguns testes já foram realizados para ver como tudo vai funcionar na prática avaliando o material produzido e a dinâmica proposta. No momento, a iniciativa está trabalhando com crianças e adolescentes de 11 a 15 anos, e uma turma vem sendo finalizada.
Mas a coordenadora destaca que embora o foco seja incentivar as meninas, todos os gêneros são aceitos no projeto. “Nossas oficinas estão abertas para todas as crianças e adolescentes que tenham interesse em nossa temática, independente de gênero. O maior objetivo é incentivar a todos que tenham interesse na programação de computadores”, contou Juliana França.
Além da docente, o projeto conta também com duas colaboradoras. A professora Angélica Dias que trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), universidade parceira na iniciativa e a aluna de Sistemas de Informação da UFRRJ Beatriz Saburido que atua como tutora no projeto. Outras duas estudantes do DCOMP/IM também já foram tutoras e ajudaram na produção do material educacional.
A metodologia do projeto é simples. Cada oficina tem a extensão de dois encontros com duração de duas horas cada um. Nesta oficina, são trabalhados os conceitos iniciais da programação através da linguagem em blocos Scratch. Devido a pandemia de Covid-19, esses encontros têm acontecido de forma remota. Segundo a coordenadora, no futuro a intenção é começar a trabalhar também com outras linguagens de programação de acordo com a exigência do público-alvo por novas tecnologias e por mais complexidade. As atividades realizadas nessas oficinas visam a programação de cenários que reflitam uma história ou um trecho de uma história escolhida por cada participante.
Juliana França contou que espera que com o projeto crianças e adolescentes que ainda não tenham sido apresentados ao universo da programação possam ter a oportunidade de conhecer este novo mundo. O grupo tem como meta para o futuro levar as oficinas para diversas escolas e grupos de interesse.
Para aqueles que se interessaram pela iniciativa, atualmente o projeto está abrindo seleção para novos tutores. Para se candidatar, o estudante precisa ser aluno regular da UFRRJ ou UFRJ dos cursos de Sistemas de Informação ou de áreas relacionadas, ter coeficiente de rendimento (CR) acima de 5.0, conhecer as estruturas básicas de programação, acreditar na educação para a mudança do país, se identificar com o trabalho colaborativo e acreditar na inclusão como forma de igualdade social. Para se candidatar, basta enviar e-mail para o projeto: (storygirl.program@gmail.com).
Comunicação Proext*