No dia 9 de junho, ocorreu na sala Paulo Freire, no Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ, o seminário de lançamento do Coletivo da Pessoa com Necessidade Educacional Específica (PNE) da Rural. Este é o primeiro coletivo nacional sobre este tema organizado com regimento e documento fundador. O projeto tem como objetivo promover o debate sobre a inclusão e a acessibilidade de alunos, além de conscientizar professores e funcionários sobre os cuidados e as mudanças necessárias para o acolhimento de todos.
O grupo é composto por alunos e professores de diversos cursos que se interessam e se preocupam com a causa. Muitos estão envolvidos em pesquisas ligadas à acessibilidade. Um exemplo é o professor Frederico Cruz, do curso de Física da Rural. Ele foi um dos idealizadores do primeiro seminário no Brasil a discutir acessibilidade dentro do curso de Física em uma universidade.
— O que queremos é uma vocação institucional de inclusão — disse o docente.
O estudante de Direito Leone Lucas faz parte da liderança com mais dois alunos, Vanessa Ferreira, do curso de Física e Sidney Silva, do curso de História, e foi um dos idealizadores do Coletivo PNE. Segundo ele, a ideia surgiu da falta de um projeto que pudesse representar esses alunos dentro da Universidade. Foi desta forma que ele conheceu outros discentes e concretizou a ideia de fazer uma organização que visasse ao bem estar acadêmico.
— O PNE não vem para trazer confusão à Universidade. Mas sim, para ser um fiscalizador daquilo que está na lei. Também é nosso objetivo abrir discussões para novos métodos pedagógicos que existem, mas que são pouco aplicados em salas de aula — explicou Leone.
De acordo com o coletivo, a UFRRJ já possui trinta alunos PNE e a necessidade para uma mudança na estrutura e no olhar da Universidade em relação a esses novos alunos aumenta a cada dia. A pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, Juliana Arruda, representou o corpo administrativo da Universidade. Ela apresentou algumas ideias de projetos voltados à inclusão e disse que a Rural já está planejado mudanças para inserir melhor os alunos PNE nas atividades acadêmicas.
— A maior dificuldade que nós tínhamos era encontrar esses alunos. O núcleo de acessibilidade de Seropédica teve muitas dificuldades de saber como agir. À medida que nós vamos conhecendo o perfil do estudante e os professores especializados vão traçando quais são as necessidades específicas de cada um, é que a gente pode começar a ter medidas. E essa parceria da Universidade com o coletivo vai nos auxiliar nesse processo — disse a pró-reitora.
Para concretizar a ligação de apoio entre o grupo e a Rural, alguns professores da Universidade trouxeram projetos ligados à acessibilidade e inclusão para o seminário. A atual vice-coordenadora do curso de Letras e presidente do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da Rural (NAI), Ana Carla Ziner, falou um pouco da responsabilidade do corpo acadêmico em atender às demandas desses alunos.
— A nossa luta está ligada ao reconhecimento, para que os alunos entendam a sua importância. O coletivo está aí para permitir isso. Ele auxilia para que aconteça um diálogo dos alunos PNE com o NAI, para ajudar o próprio desenvolvimento do núcleo dentro da Rural e para que ele possa cumprir com o seu papel — explicou a professora.
Além de professores, outros estudantes da Universidade demonstraram apoio e parceria a esse novo projeto. Loize Germana, do 5º período do curso de Direito, é uma estudante PNE e entende que para um bom funcionamento do coletivo é necessário que se tenha um diálogo dos alunos com a Universidade para uma melhoria da estrutura.
— As pessoas precisam se conscientizar sobre nossas necessidades, mas também, nós vivemos em uma realidade diferente. Acho que cabe a gente também mostrar um pouco o caminho que elas podem seguir para nos ajudar. Não adianta só cobrar, temos que dizer como as coisas precisam ser feitas porque nem todos conhecem esse mundo que a gente precisa — comentou a aluna.
Por Beatriz Rodrigues/CCS
Fotos: Bruna Somma/CCS