Nos dias 9,10 e 11 de maio ocorreu a VIII Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo (Semau/UFRRJ), que contou com palestras, oficinas e bate-papos realizados no Instituto de Tecnologia (IT) e no Pavilhão Central (P1). Os 122 alunos inscritos puderam trocar conhecimentos e vivenciar o campo em que pretendem atuar.
A temática abordada pela Semau foi “Luxo ou necessidade?”. Procurou-se debater se a arquitetura é um artigo de luxo, disponível para poucas pessoas, ou se é uma necessidade de todos. A aluna Gláucia Rosa, do 8º período do curso, explicou que, contratando um arquiteto, se economiza em duas frentes: o trabalho é realizado com o mínimo material possível e o custo benefício é gerado em longo prazo. Além disso, ela ressaltou que os arquitetos também se preocupam com o social.
– A gente não faz só prédios enormes. Também vemos a questão da moradia, se a rua está adequada, e trabalhamos pensando no social. Podemos, por exemplo, fazer aberturas para que a luminosidade possa entrar em uma casa e não ser necessário utilizar a luz elétrica durante o dia, o que gera uma economia na conta – explicou a discente, que também fez parte da comissão organizadora, formada por mais 11 alunos de Arquitetura e duas professoras do departamento.
O primeiro e o terceiro dia do evento foram destinados a palestras e debates. Arquitetos conceituados na área vieram prestigiar à Semana Acadêmica, como, por exemplo, Petar Vrcibradic. Ele discursou sobre sua experiência profissional em escritórios internacionais de arquitetura e no projeto do Parque Olímpico. Outro profissional do campo foi Nuno Andre Patricio que, em sua fala, mostrou como é trabalhar diretamente com a comunidade, tendo em vista que participou do Programa de Aceleração e Crescimento (PAC) – projeto federal de urbanização de favelas e melhorias habitacionais – no complexo do Alemão, Rio de Janeiro .
Representantes do escritório “Terra e Tuma” também marcaram presença no evento. Eles vieram contar sobre o projeto feito para uma moradora da Vila Matilde, em São Paulo, que ganhou o prêmio internacional Building of the Year 2016 (melhor construção do ano), do site especializado ArchDaily.
Outro destaque foi o arquiteto Vicente Loureiro, secretário de Estado e coordenador executivo do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) no Rio de Janeiro. Ele apresentou palestra sobre o plano estratégico de desenvolvimento urbano integrado da região metropolitana do estado. Ele destacou a importância da Baixada Fluminense e da escola de Arquitetura da Rural por ser a única em uma instituição pública na região.
– A escola de Arquitetura da Rural reserva uma semana para trazer o que está acontecendo em vários temas, mas também fazendo com que a realidade da região fique presente nessas discussões. Essa relação dialética é muito positiva e ainda reforça o sentimento nos alunos de que é possível fazer as coisas. Trocar experiências e pontos de vistas é enriquecedor tanto para os alunos como também para os professores e para nós convidados – argumentou Loureiro.
Troca de Experiências — Durante o segundo dia, o evento contou com diferentes oficinas no IT. Entre elas, a de Pallets, em que os estudantes confeccionaram móveis feitos com material que seria descartado; a de Orçamento, em que aprenderam a calcular custo de obras; a de Taipa de Pilão, que explicou o novo método de construção de casas feito com areia e outros tipos de agregados; e a de Intervenções Urbanas em Seropédica, na qual a proposta era idealizar um programa de urbanismo para o centro da cidade, no Km 49.
Os alunos que optam por estudar Arquitetura na UFRRJ acabam não tendo contato com grandes referências arquitetônicas, devido à proximidade com a área rural do estado. Assim, a Semau seria uma alternativa para convidar profissionais para mostrá-los como é o “mundo fora da caixinha”, as cidades, os espaços público e privado.
– A Semana Acadêmica é uma oportunidade para que os alunos percebam como é o exercício da profissão e os desafios que são colocados dia a dia. Acho que isso é importante para que os estudantes tenham um panorama da construção da arquitetura no Brasil e fora dele, e que possam somar essas experiências à sua vida cotidiana do aprendizado – concluiu Humberto Kzure, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU).
Por Bruna Somma (CCS/UFRRJ).
Fotos: Beatriz Rodrigues e Bruna Somma (CCS/UFRRJ), e Gláucia Rosa (Organização do evento).