Texto: Thaís Melo*
Criada em 2010 pela professora do Departamento de Educação Física, Valéria Pires, a Companhia de Dança da Rural vem cuidando não somente do físico, mas também da saúde mental dos alunos da universidade. A iniciativa veio da vontade da professora de ajudar os discentes da UFRRJ a se exercitarem e ao mesmo tempo amenizarem o estresse e a ansiedade provenientes da vida acadêmica. Ao longo dos anos, a Companhia foi ganhando força e, hoje, a docente conta com o auxílio de 12 bolsistas para ministrarem aulas e representarem a Rural em competições.
A iniciativa de criar o Corpo Técnico Coreográfico (CTC) da universidade começou despretensiosa e tem alcançado objetivos cada vez maiores. A princípio, os bailarinos não tinham como meta atuar em competições. Mas em 2012, quando participaram da primeira, voltaram com sete prêmios e tudo mudou. Desde então, já foram 11 disputas e eles foram premiados em todas elas.
De acordo com a professora Valéria Pires, cada prêmio acaba sendo um estímulo para os alunos. “Não era um dos objetivos do projeto ir a eventos de natureza competitiva, mas agora os bailarinos pedem.”, disse a idealizadora do projeto. Ela relata que ninguém é convidado a dançar de forma profissional. A intenção é apenas fazer com que o aluno supere limites, desenvolva-se na dança e não que se torne um dançarino de alto rendimento. Mesmo assim, o grupo não para de acumular vitórias.
Um dos bailarinos da Companhia, Kennedy Oliveira, 24 anos, está com viagem marcada para se apresentar no “All Dance World”, evento de dança que acontecerá em Orlando, Estados Unidos, no final do mês de novembro. O que só mostra o alto nível dos componentes do CTC e como o apoio a esse tipo de iniciativa é importante. Esse amparo atualmente vem da Pró-reitoria de Extensão da UFRRJ (Proext), que arca com os custos de transporte quando os alunos precisam competir ou se apresentar em outros lugares.
Muitos dos bailarinos descobriram sua paixão pelo ofício através das aulas oferecidas na Rural, como foi o caso de Flávio Alves. “Eu sempre fiz karatê e natação, mas nunca tinha feito aulas de dança. Quando eu entrei na faculdade e conheci o CTC comecei a me envolver mais com a dança que era uma coisa que eu sempre gostei. Eu estudo farmácia e quero seguir carreira nesta área, mas não descarto uma carreira paralela. Ainda mais porque recentemente eu tirei o meu DRT (Documento de Registro Técnico) de dançarino”, contou o bolsista.
Outros dançarinos conciliam a dança com outras atividades, como a aluna de Educação Física Fernanda Neiva. “Eu joguei futsal a minha vida toda. Nunca pensei em dançar. Mas como eu faço Educação Física, uma das disciplinas obrigatórias é Dança, e eu me apaixonei por essa atividade. Mas assim que eu ingressei na faculdade entrei no time de futsal.E ano passado, resolvi participar da Companhia e é complicado conciliar o esporte, a graduação e a dança, mas eu vou tentando mediar e conciliar tudo e até agora tem dado certo”, relatou a discente.
Já a estudante de Educação Física, Rayla Santos, descobriu depois de entrar no grupo que queria fazer do seu hobby a sua profissão. “Eu fiquei muito feliz de entrar na Companhia, pois foi algo que contribuiu muito para a minha formação acadêmica, a dança veio mesmo como um refúgio. Eu encontrei nela uma oportunidade de relaxar e poder entender algumas coisas que a universidade nos oferece. O grupo foi um divisor de águas e foi onde eu descobri a área em que eu queria atuar, que é a dança”, disse a dançarina.
Mudando vidas através da dança, a professora Valéria Pires falou a respeito do retorno que o projeto tem dado. “O meu maior presente é ver o quanto a prática da dança e o projeto em si vem transformando a vida das pessoas.” Tendo como foco a saúde dos alunos, a professora contou que é ótimo ver como a iniciativa vem conseguindo minimizar os problemas psicossociais dentro do campus. “Sei que é uma utopia falar que vamos resolver os problemas e diminuir os índices de depressão, baixa autoestima e ansiedade entre os alunos, porque são doenças da contemporaneidade que atingem os universitários. Mas precisamos cuidar da saúde e cuidar do afeto, pois a afetividade é fundamental”, explicou a docente.
São vidas como a de Yuri Nascifer, discente de Educação Física que entrou na Rural a pouco tempo, vindo da Cidade de Deus, Rio de Janeiro. Yuri já dava aulas de dança antes de entrar na Rural, mas não imaginava como seria acolhido pela Companhia. “A minha experiência está sendo incrível. Quando eu ingressei na faculdade a Companhia de dança fez uma apresentação maravilhosa, e eu decidi que queria participar e tive uma ótima recepção. Isso foi no semestre passado, e nesse eu entrei como professor”, relatou o estudante.
A aluna de arquitetura Lainara de Santana está no grupo desde 2016, e não pretende seguir carreira na dança, mas diz que ainda assim “não consegue viver sem dançar”. Uma das bolsistas mais antigas da Companhia a estudante dançava por hobby antes de ingressar na Rural, mas só descobriu o quanto a atividade era necessária em sua vida depois de se tornar uma universitária. “Antes de entrar na faculdade eu dançava diariamente e quando comecei a estudar aqui eu parei e fui ficando muito estressada com a vida acadêmica. Eu descobri a companhia e comecei a fazer dança de salão. Isso ajudou muito, a dança é um diferencial muito grande na minha vida.”, contou a aluna.
Para confirmar o êxito da iniciativa basta observar os olhos brilhantes dos bailarinos ao falarem da Companhia ou escutar a empolgação em suas vozes. É notável a dedicação ao projeto pela professora Valéria Pires e por cada um dos bolsistas. O espírito de união e harmonia entre os membros do grupo pode ser visto dentro e fora dos palcos.
Os bolsistas da Companhia são todos alunos da Rural de cursos como Veterinária, Arquitetura, Farmácia e principalmente Educação Física. Embora os bolsistas sejam estudantes de graduação, a Companhia de dança atende também a servidores da Rural (técnicos e professores) e a moradores da comunidade de Seropédica. A única exigência é que o aluno seja maior de idade, aqueles que se interessem em fazer aulas de dança, mas ainda sejam menores de 18 anos são encaminhados para terem aulas nas oficinas do Centro de Arte e Cultura (CAC).
As aulas da Companhia são ofertadas gratuitamente de segunda a sexta e atendem a uma média de 60 a 80 alunos por aula. Sendo elas: Ensaio técnico da Companhia, Hip Hop, Jazz, Forró, Samba, Jazz Funk e Ritmos. As aulas acontecem no Forninho e na sala G1 do Ginásio e para participar não é necessário se inscrever, basta aparecer no horário de início da aula.
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