Com mais de 330 atividades e a visita de 88 escolas, a edição 2024 do evento na UFRRJ reforça a relevância da divulgação científica e da extensão universitária
As universidades públicas federais são responsáveis pela maior parte da produção científica do país, com a participação direta de professores, estudantes e técnico-administrativos. Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a pesquisa cobre desde as Ciências Veterinárias e as Ciências do Solo até Estudos de Linguagem e Literatura, em 39 programas de pós-graduação. Apesar dos números robustos, esta não é uma faceta muito conhecida das universidades. Pesquisa do Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT) revela que 81% dos jovens entrevistados não souberam mencionar o nome de uma instituição de pesquisa no Brasil e apenas 8% conseguem citar um cientista brasileiro.
Este cenário se apresenta ainda mais desafiador, ao considerarmos os sucessivos cortes nos orçamentos das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) somados ao contexto de desinformação vivenciado pela sociedade brasileira nas redes sociais digitais, foco de recente campanha da Associação Nacional de Dirigentes das Ifes (Andifes). Diante disto, ações de extensão como a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) têm se mostrado fundamentais para dar visibilidade à produção científica universitária e, sobretudo, contribuir para aproximar sociedade e universidade, em um ambiente de diálogo. Afinal, uma característica da SNCT é justamente a oportunidade de que docentes, pesquisadores, técnico-administrativos e estudantes conversem diretamente com a população.
Protagonismo estudantil e recorde de escolas visitantes
A edição de 2024 da SNCT na UFRRJ envolveu toda a comunidade universitária na promoção de mais de 330 atividades de divulgação científica gratuitas e abertas ao público nos câmpus Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios, de 14 a 17 de outubro. Um passeio pelos câmpus durante o evento revelava o protagonismo de estudantes de graduação e de pós-graduação na promoção de atividades lúdicas e acessíveis, sob a orientação de docentes e pesquisadores. “É muito gratificante participar da SNCT. A gente tem um contato com pessoas de diferentes idades e locais também”, disse Leonardo Freitas, que coordenou a mostra científica sobre peixes realizada no Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), em 17/10. Sentimento compartilhado por Vitória Pereira, estudante de Engenharia de Materiais da UFRRJ: “É muito interessante explicar algo que para nós é normal e habitual do nosso curso para as outras pessoas”.
A organização da SNCT, coordenada pela Pró-Reitoria de Extensão (Proext), registrou a visita de 88 escolas — 59% delas da rede pública — e estimou que, em um único dia (16/10), a UFRRJ recebeu 3.500 visitantes. Para Andressa Esteves, professora do Instituto de Química (IQ) e uma das coordenadoras do evento pelo quarto ano consecutivo, há relação direta entre a qualidade das atividades propostas pelos servidores da Universidade e o interesse das escolas dos municípios próximos aos câmpus em participar da SNCT. “A cada ano, mais pessoas se interessam em oferecer atividades e isso faz com que os institutos se mobilizem, preparando espaços interessantes para o público visitante”, conta Andressa, que completa: “Desde 2020, que foi o primeiro ano que coordenei a Semana, percebo um maior comprometimento da comunidade acadêmica em executar ações nesse evento”.
Entrevistada durante as atividades no câmpus Nova Iguaçu, Edileuza Queiroz, pró-reitora adjunta de Extensão da UFRRJ, reiterou que os esforços em torno da SNCT são justamente para alcançar o público externo, em especial os alunos da Educação Básica: “Aqui é um espaço deles. Então, eles precisam conhecê-lo para, um dia, ocupá-lo”. Com o término da SNCT, a Proext envia um formulário para as escolas visitantes a fim de levantar sugestões de melhorias e entender o que a participação no evento representou para as crianças e adolescentes. Entre as respostas recebidas, destacam-se: “Os alunos saíram motivados e com ideias para o seu futuro”; “Docentes e alunos da Universidade totalmente dispostos a apresentarem uma realidade inovadora para as crianças, com atividades de fácil compreensão, alcançando as diversas faixas etárias”; “Os alunos ficaram conhecendo mais de perto a Universidade e se motivaram a prosseguirem seus estudos em nível superior”.
Esta não é a percepção apenas dos professores e coordenadores das escolas visitantes, mas os próprios jovens, quando entrevistados para nossa cobertura jornalística, afirmaram: “A experiência aqui tá sendo muito boa, ainda mais porque eu vou estudar aqui ano que vem se eu passar na prova, então para mim tá sendo uma experiência maravilhosa”, disse o estudante da E.M. Caetano de Oliveira. Enquanto a aluna do 4º ano do CEPAENI – Oficina do Fazer, Ana Clara G. de Castro, compartilhou: “Eu também quero estudar aqui quando crescer”. E a estudante do terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Presidente Dutra, Maria Clara, falou: “Eu achei incrível, foi uma experiência muito boa, deu vontade de vir estudar aqui”.