“Comer é um ato político.”
O professor do curso de Engenharia Florestal da UFRRJ Tiago Bôer lembrou esta frase durante o evento que celebrou a assinatura dos convênios do projeto A.Ch.A (Articulação de Chefs e Agricultores), no dia 17 de maio, no Restaurante Miam Miam em Botafogo, Rio de Janeiro. Na mesma semana em que o Congresso Nacional votou a flexibilização na liberação do uso dos agrotóxicos, o encontro reuniu chefes de cozinhas e agricultores familiares de Seropédica, pesquisadores da Pesagro, EMATER, professores e alunos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em mais uma ação de apoio à agricultura familiar e à produção de alimentos livres de venenos.
O projeto A.CH.A é fruto de uma parceria entre a UFRRJ, a Emater- Rio, a Cambucá Consultoria, Raquel Sarinho Consultoria Jurídica e o Instituto Maniva e teve início em 2016, com a “I Degustação de Tomates Orgânicos da UFRRJ” organizada pelo professor do curso de Agronomia Antonio Abboud (UFRRJ), e a pesquisadora Maria Luiza de Araújo (Pesagro-Rio). A iniciativa propunha que chefes de cozinha experimentassem e selecionassem variedades de tomates como forma de iniciar o cultivo por um grupo de agricultores de Seropédica com a assessoria da Universidade. O projeto recebeu o apoio da equipe do Programa de Extensão de Fortalecimento da Agricultura Familiar da Região da baixada e centro-sul fluminense através de um curso sobre a produção de tomates e o modo de comercialização que seria utilizado no projeto.
Através do projeto A.CH.A, chefes de cozinha arcam com os custos do plantio por meio da compra garantida dos tomates, dando mais segurança para os agricultores familiares durante a produção, pois estes já têm certeza da venda dos produtos. Além de estimular o mercado local e os circuitos curtos de comercialização, a aproximação entre o agricultor e o consumidor final contribui para maior conscientização sobre a forma de produção dos alimentos com qualidade, permitindo aos clientes dos restaurantes participantes conhecerem um pouco mais sobre a agricultura familiar do município de Seropédica. A agricultora Priscilla Rodrigues Ruela contou que esse projeto significa uma nova oportunidade para sua família: “O que a gente viu nesse projeto foi uma ajuda na parte final da comercialização. A gente está lá na roça, produz, produz, produz, chega no final e não tem pra quem vender. Então é um casamento muito bom, nós ficamos muito felizes porque esse é um novo canal de comercialização, uma oportunidade da gente mostrar o que produz”.
Durante o encontro realizado em 17 de maio, os envolvidos no projeto falaram um pouco sobre as expectativas com essa parceria. O professor Antônio Abboud destacou que o diferencial do projeto é a parceria entre a pesquisa e a extensão universitária, pois os conhecimentos produzidos fortalecem a agricultura familiar de Seropédica: “O nosso diferencial é que nosso banco de tomates também está colaborando para um fim social, não somente para fins de pesquisa.”. A professora Anelise Dias explicou o papel da UFRRJ como apoiadora do projeto: “A gente vai além da formação de pessoas, também usamos a capacidade que a universidade tem de transformar, de criar experiências, de compartilhar coisas boas, como os tomates que o professor Abboud selecionou ao longo da caminhada dele.”
Os chefes de cozinha declararam seu apoio e disposição para que essa parceria funcione da melhor forma. Para que os tomates que estão sendo produzidos em Seropédica, na Baixada Fluminense, possam chegar até a Zona Sul e serem apreciados por mais pessoas, mostrando a importância que há em contribuir com a agricultura familiar e com as tantas famílias que sobrevivem dela. Além é claro, de proporcionar o consumo de produtos confiáveis e de qualidade, livres de agrotóxicos.
Texto e fotos: Catarina Villar e Isabela Alencar, estudantes do curso de Jornalismo, sob a supervisão de Cecília Figueiredo, professora do curso de Jornalismo (UFRRJ)