A última segunda-feira (25/9) ficou marcada como um dia de vitória na direção da equidade e visibilidade de grupos minoritários. Diversos movimentos estudantis se organizaram para ocupar o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) pela adoção de cotas para a população trans na pós-graduação. O resultado foi a aprovação unânime por parte dos conselheiros. Além de pessoas trans, a reserva de vagas atenderá quilombolas e refugiadas/os.
A proposta, encaminhada pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPPG), foi relatada de forma conjunta pelo pró-reitor de Pesquisa e Pós-gradu, professor José Luis Luque, e pela pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, professora Joyce Alves. Para o reitor da UFRRJ, professor Roberto de Souza Rodrigues, que támbém é presidente do Conselho, “a aprovação desta deliberação amplia e aprofunda o caráter inclusivo da UFRRJ, aumentando de forma substancial a diversidade étnica e cultural em seu corpo discente”.
De acordo com a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis da UFRRJ, Joyce Alves, a Rural entra para a história por se tornar a primeira universidade do estado do Rio de Janeiro a regulamentar cotas para esses grupos.
“Já havia política de ação afirmativa na pós, com 20% das vagas para PPI [pretos, pardos e indígenas] e 5% para PcD [pessoas com deficiência]. Essa deliberação de agora ampliou a política de cotas para trans, quilombolas e refugiados, com 5% para cada”, explicou a pró-reitora, que também é líder do Laboratório de Estudos de Gênero, Educação e Sexualidades (Legesex/UFRRJ/CNPq).
Para Joyce, a conquista tem um significado especial, intimamente ligado à sua trajetória.
“Eu sou uma mulher trans e preta. Então, as marcas de luta já fazem parte do meu corpo e da minha identidade. Além disso, sou a primeira e única pró-reitora trans de uma universidade pública. Para mim, a aprovação da deliberação trouxe muita emoção e gás para que a luta por mais inclusão e diversidade continue. Porque quero que tenha cada vez mais trans, indígenas, quilombolas, refugiados, pessoas pretas e PcD circulando na Universidade. Isso é bom para todo mundo. Hoje estou pró-reitora, mas amanhã quero que outras trans também ocupem mais e mais lugares – espaços que foram historicamente negados para nós. Fico feliz de ter podido participar ativamente desse processo de ampliação da inclusão e diversidade na nossa querida UFRRJ”, disse a professora.
Presença da primeira deputada trans do RJ
Alguns movimentos estudantis marcaram presença na sessão do Cepe, e a votação se iniciou com manifestações de apoio à ampliação da reserva de vagas para a população imigrante, trans e quilombola. O evento ainda contou com a presença da deputada estadual Dani Balbi, primeira mulher trans eleita na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Para ela, são necessárias políticas públicas que ampliem a presença da comunidade trans nos espaços de ensino.
Nesse sentido, a Rural se orgulha de sempre ter fornecido a fluidez necessária para a tramitação dessa proposta. Dani relata que esse posicionamento corroborou com os esforços da Comissão que propôs o projeto:
“Diferente de outras universidades, a comunidade científica da Rural – sobretudo a comunidade de pós-graduação – estava muito inclinada a fazer o projeto ser aprovado. Óbvio que o esforço da comissão, especialmente da professora Joyce Alves, foi essencial para construirmos uma tese de qualidade a ser votada”.
Texto: Luiz Felipe Pinheiro (estagiário de Jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social – CCS/UFRRJ) e João Henrique Oliveira (jornalista/CCS)
Fotografias: Matheus Mendonça (bolsista de Jornalismo da CCS)
Supervisão e edição: João Henrique Oliveira