A abertura da IX RAIC e da III RAIDTec ocorreu nesta segunda-feira (15/5) e foi marcada pela discussão sobre desafios e conquistas de meninas e mulheres negras na carreira científica
A solenidade de abertura da IX Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC) e da III Reunião Anual de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (RAIDTec) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) ocorreu nesta segunda-feira (15/5), no auditório Hilton Sales, Pavilhão Central (P1), câmpus Seropédica. Com mais de 600 trabalhos inscritos, a edição 2021/2022 dos eventos está marcada pelo retorno à presencialidade e ocorre simultaneamente de forma híbrida (presencial e on-line) nos câmpus Seropédica, Nova Iguaçu e Três Rios, após uma edição completamente virtual em decorrência da pandemia de Covid-19.
Na ocasião, o reitor da UFRRJ, professor Roberto de Souza Rodrigues, enfatizou a importância dos eventos para promover e difundir para a sociedade o conhecimento produzido na Universidade, especialmente diante do negacionismo científico propalado durante a pandemia. “A Universidade Rural precisa fazer ciência e precisa assumir essa responsabilidade de fazer ciência e de dialogar com nosso entorno. Transformarmos ciência em extensão; transformarmos ensino em extensão”, declarou.
Já o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, professor José Luis Luque Alejos, destacou a importância de políticas institucionais que promovam a diversidade e a inclusão na pós-graduação. “Já temos algumas instruções normativas destinadas a lutar contra o racismo estrutural e a discriminação contra diversos grupos de nossa comunidade. Atualmente, todos os processos seletivos para pós-graduação na Rural tem a cota destinada a pretos, pardos e indígenas. E, estamos discutindo com coordenadores, a necessidade de ampliar esse espectro para outros grupos”.
O coordenador de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Proppg/UFRRJ), professor Tiago Badre Marino, apresentou os números relacionados aos programas que promovem a iniciação científica dos estudantes de Ensino Médio do Colégio Técnico (Ctur) e dos 56 cursos de graduação presencial da UFRRJ. Atualmente, a Universidade possui 362 estudantes vinculados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), que conta com financiamento do CNPq e da própria UFRRJ. Outros 20 alunos participam do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIT). Além destes, também há os que participam de modo voluntário dos programas de iniciação científica da instituição.
Os benefícios de participar de uma investigação científica ainda no Ensino Médio e na graduação foram enfatizados pela professora Naara Lúcia de Albuquerque Luna, coordenadora institucional do Programa de Bolsas de Iniciação Científica. “É muito importante a iniciação científica para a formação profissional, para a sua perspectiva em relação à área de conhecimento no qual vai atuar, ela dá um alcance maior, em termos práticos e em termos da ciência também”.
Na ocasião, Naara Luna destacou que eventos como a IX RAIC e a III RAIDTec são relevantes não apenas para os bolsistas de iniciação científica, que têm oportunidade de apresentar os resultados de suas pesquisas, mas também para a comunidade universitária, uma vez que possibilitam o acesso direto ao conhecimento científico produzido na instituição e promovem o diálogo entre pesquisadores e o público em geral, enquanto a professora Juliana Lobo Paes, coordenadora adjunta da IX RAIC, exaltou a escolha do tema da edição 2021/2022, Nossas cientistas: mulheres e ciências no Brasil, ontem e hoje, e sua contribuição para provocar reflexão sobre a inserção das mulheres no campo científico.
Também estiveram presentes na solenidade de abertura o coordenador institucional do Programa de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e coordenador da III RAIDTec, professor Rômulo Cardoso Valadão e o coordenador geral da IX RAIC, professor João Victor Nicolini.
Os desafios e as conquistas de meninas e de mulheres negras no campo científico foram apresentados ao público na conferência de abertura da IX Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC) e da III Reunião Anual de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (RAIDTec), proferida pela doutora Sonia Guimarães, primeira mulher negra brasileira doutora em Física e primeira mulher negra a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Com uma trajetória consolidada na área científica, Sonia compartilhou sua experiência acadêmica e foi além das palavras ao ministrar uma aula prática sobre sororidade.
Antes mesmo de iniciar sua apresentação, a docente mostrou que estava vestida na paleta de cores do evento, em uma homenagem tanto à Universidade, como à designer Patricia Perez, servidora pública lotada na Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ), que criou a identidade visual da edição 2021/2022 da RAIC e da RAIDTec. De rosa e amarelo, Sonia fez críticas contundentes à desigualdade de gênero no campo científico e trouxe para o público histórias de jovens cientistas brasileiras negras com contribuições nas áreas de Física, Química, Biomedicina e Matemática, como Katemari Rosa, Denise Alves Fungaro, Vivian Miranda, Joana D’Arc Félix de Souza, Jaqueline Goés de Jesus, Manuela da Silva Souza e Carleane Reis, além de exaltar os feitos de meninas ao ingressarem em instituições de ensino superior.
A gravação da conferência “Nossas cientistas negras: Pessoas do Gênero Feminino Negras e Ciência no Brasil hoje” está disponível aqui (a partir do minuto 48).
Siga a doutora Sonia Guimarães no Instagram: @drasoniaguimaraes
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Confira a programação completa da IX RAIC e da III RAIDTec em: https://eventos.congresse.me/ixraic2021-2022/
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Por Michelle Carneiro, CCS/UFRRJ.