Este ano o Modernismo comemora seu centenário, e a Rural não ficou de fora da festa. Para marcar a data, foi realizado o seminário “22+100: Modernismo e Vanguardas”, que ocorreu no Auditório Paulo Freire (Instituto de Ciências Humanas e Sociais). O evento se estendeu por dois dias (29 e 30 de novembro), com oito mesas temáticas, palestras de professores convidados e leituras dramáticas, além de exposições artísticas e de pôsteres.
O reitor da UFRRJ, professor Roberto Rodrigues, participou da abertura. Em sua apresentação, o reitor comentou sobre o difícil momento para as universidades e a ciência no Brasil, ressaltando a importância do seminário como forma de resistir ao atual retrocesso:
“O setor público, em geral, está com muitos problemas e a educação não está sendo priorizada. Estamos sem saber exatamente quais atividades poderão ser paralisadas por conta do bloqueio de mais de 10 milhões da instituição. Mas vamos garantir e lutar pela permanência das bolsas. A universidade resiste e vai resistir por conta de eventos como este, que nos coloca para refletir sobre a importância da arte e da cultura”.
A Semana de Arte Moderna marca o surgimento do Modernismo no Brasil. A primeira Semana foi realizada em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, e contou com a presença de pintores, escritores, músicos e escultores, que se reuniram para expor suas artes com forte influência das vanguardas europeias. Apesar dessa influência, os artistas brasileiros possuíam um desejo de alcançar certa autonomia em seus trabalhos artísticos, não mais precisando recorrer ao modo europeu de pensar a arte. Os modernistas estavam dispostos a não imitar as artes francesas, italianas e portuguesas, com o propósito de construir um perfil cultural norteador da identidade nacional e, assim, atualizar a arte brasileira. Essa independência intelectual foi muito importante para a ascensão dos trabalhos artísticos no Brasil.
Marli Pereira, professora do Departamento de Letras e Comunicação da UFRRJ, falou sobre a relevância de atividades que são feitas para relembrar a Semana de Arte Moderna no Brasil:
“Este seminário é um evento de grande porte porque dialoga com uma série de outros eventos que estão acontecendo no nosso país com essa mesma temática. Então, isso coloca a nossa universidade, o nosso curso e o nosso instituto em evidência. Também é importante porque integra tanto alunos quanto professores de outros cursos do nosso instituto”.
Já o professor Christian Dutilleux, também do Departamento de Letras e Comunicação, enfatizou os ataques que as universidades vêm sofrendo:
“Nós estamos em um momento muito especial, que eu vejo como uma possibilidade de retomada, mas a universidade ainda está sendo muito atacada, tanto pelo governo quanto pela Covid e suas consequências. Então, nós fizemos este seminário como uma forma de resistência e esperamos que as coisas melhorem a partir do ano que vem”.
Para Letícia Teixeira, estudante de Letras, o caráter de resistência e o comprometimento dos organizadores foram os pontos positivos do evento:
“É muito forte e importante vermos professores se esforçando para fazer esse evento, mesmo depois de diversos cortes e negligência de superiores do governo. Assim, digo que concretizar esse seminário é uma importante conquista dos alunos, professores e da universidade. Não esperava ver outros alunos além dos de Letras e Belas Artes, porém acho que fui com a mente pequena, porque o Modernismo interliga muitas áreas”.
Texto e fotos: Marina Moreira, estudante de Jornalismo da UFRRJ
Revisão e edição: João Henrique Oliveira (CCS/UFRRJ)