Primeiro aniversário da Rural após o pior período da pandemia, os 112 anos da UFRRJ foram comemorados com a certeza de que estamos no caminho certo: celebrando a ciência, valorizando o passado, mas com os olhos no futuro. Por um capricho do tempo, o dia 20 de outubro caiu exatamente durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) e, mais ainda, marcou a primeira semana de aula do período 2022.2.
A cerimônia de aniversário foi na quinta-feira (20), na Biblioteca Central, com a participação de técnicos-administrativos, docentes, estudantes, o atual reitor, professor Roberto Rodrigues, dois ex-reitores da Universidade, a professora Ana Maria Dantas (IE) e o professor José Antônio Veiga (ICHS), e diversos membros da comunidade universitária. Na ocasião, foi inaugurada a exposição “Memórias UFRRJ – 112 Anos de Ciência” em cartaz na própria biblioteca, com a exibição de objetos que fazem parte da história da Universidade, como um croqui com vista aérea do Pavilhão Central (P1) feito em abril de 1940. A organização do evento foi da Pró-reitoria de Extensão (Proext).
Desde a criação da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, em 20 de outubro de 1910, até a atualidade, a UFRRJ fez um percurso de excelência, buscando priorizar o ensino, a pesquisa e a extensão. Hoje, podemos afirmar que somos uma instituição com uma vasta oferta de cursos: são 56 opções de graduação presencial e duas de graduação à distância; 29 cursos de mestrado acadêmico; oito de mestrado profissional e 17 opções de doutorado. Para realizar as atividades de todos esses cursos, temos cerca de 1.200 docentes e o praticamente o mesmo número de técnicos. E os beneficiados diretos da atuação deste corpo de profissionais, que são os estudantes, estão divididos em dois grupos: 27.300 alunas e alunos de graduação e, ainda, 2 mil de pós-graduação. As aulas são ministradas em quatro diferentes câmpus* (Seropédica, Nova Iguaçu, Três Rios e Campos dos Goytacazes), sem esquecermos o ensino à distância. Desta forma, em diferentes áreas, a UFRRJ atende estudantes de todas as classes sociais, sobretudo, das mais baixas.
O atual reitor da Rural, professor Roberto Rodrigues, destacou que “a universidade agora é composta por pessoas pretas, pardas e pobres, então, a necessidade de defender a universidade pública é cada vez maior. A universidade pública, gratuita e referenciada dentro de sua região, vai continuar”, ressaltou ele, que também fez uma reflexão sobre o período mais difícil da pandemia. “A universidade tem uma bonita história e vivenciamos um período muito difícil, tanto pessoal como institucional. Foi muito triste ver a universidade sem gente, e ver as pessoas com ansiedade para voltar. Hoje, e durante toda a SNCT, ver crianças de escolas públicas circulando dentro da nossa Universidade nos encheu de esperança. Então, eu parabenizo a nossa universidade pelos seus 112 anos”.
O câmpus sede, tal como o conhecemos hoje, foi construído durante a década de 1940 e inaugurado em 1948, nas margens da antiga Rodovia Rio-São Paulo (hoje BR-465). Em 1963, a então Universidade Rural passou a se chamar Universidade Federal Rural do Brasil. Nessa época, sua estrutura era composta pelos seguintes setores: as escolas nacionais de Agronomia e de Veterinária; as escolas de Engenharia Florestal, Educação Técnica e Educação Familiar; além dos cursos de nível médio dos colégios técnicos de Economia Doméstica e Agrícola (Escola Ildefonso Simões Lopes).
Em 1967, a instituição assumiu o nome que tem até hoje, formando a sigla UFRRJ. A partir de 1970, a Universidade começou a oferecer cursos em áreas diferentes da de ciências agrárias dando início aos cursos de Administração de Empresas, Economia e Ciências Contábeis. Em 1976, foram iniciadas as licenciaturas em Educação Física, Matemática e Física. Administração de Empresas foi o primeiro curso noturno, criado em 1990. No ano seguinte, teve início a graduação em Engenharia de Alimentos. Em 2009, foram criados os cursos de Belas Artes, Ciências Sociais, Direito e Letras; em 2010, Comunicação Social/Jornalismo, Engenharia de Materiais, Farmácia, Psicologia e Relações Internacionais.
Também foram inaugurados dois novos câmpus: Nova Iguaçu e Três Rios. Há ainda um quarto câmpus, em Campos de Goytacazes, incorporado pela Universidade em 1991. Tratava-se de uma estação experimental do Planalsucar, extinto programa do governo federal para desenvolvimento de pesquisas na área sucro-alcooleira. O câmpus não tem nenhum curso de graduação, é dedicado só à pesquisa.
Ao longo de sua trajetória, a Universidade coleciona itens e registros diversos, que precisam de bastante cuidado para preservar a memória Rural. Thalles Yvson é o curador da exposição que celebra os 112 anos da UFRRJ e, para ele, a preservação do acervo histórico também é responsabilidade de toda a comunidade universitária. “Eu agradeço a missão que me foi dada, de guardar o Centro de Memória da Rural. Registro que ele ainda existe e que estamos trabalhando para ele reabrir. Depois que a casa estiver aberta à visitação, todos os institutos serão convidados a buscar e ajudar na construção da nossa memória institucional”.
O Centro de Memória da UFRRJ, museu dedicado a preservar e registrar a memória ruralina, funcionava no Pavilhão Central. Agora, o acervo aguarda a conclusão das obras da Casa da Reitoria, prevista pra 2023, para que todos os itens sejam transferidos para lá.
A cerimônia contou ainda com apresentações de dois vídeos – um com depoimentos de servidores da UFRRJ sobre seu histórico na instituição (em breve será disponibilizado no canal da Rural no YouTube) e outro com a exposição virtual “Sete cores e outras aves”, de Emerson Guerra e Bárbara Pelancani. E, também, música, dança e degustação do Café Rural.
Texto: Marina Moreira, bolsista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), sob supervisão da jornalista Cristiane Venancio (CCS)