Texto: Thaís Melo*
O projeto ‘Ações de educação popular em saúde em período de pandemia pela Covid-19’, cadastrado na Pró-reitoria de Extensão (Proext/UFRRJ), está promovendo diversas ações para ajudar durante esse momento de crise na saúde. Uma dessas iniciativas visa o combate às fake news (notícias falsas), que cada vez mais vem sendo disseminadas na sociedade.
Os coordenadores do projeto são os professores do Instituto de Veterinária (IV), Tiago Marques, Carlos Alexandre Matias e Isabele Angelo, que orientam os 59 residentes dos Programas de Residência Profissional na Área da Saúde – Medicina Veterinária da UFRRJ que estão participando da iniciativa.
O projeto teve início no mês de abril e não visa um público específico, já que atualmente todos estão sendo bombardeados diariamente com notícias falsas. Suas atividades serão mantidas até que o número de novos casos e de óbitos pela Covid-19 no Brasil se mantenha em um nível baixo.
Um dos coordenadores da iniciativa, Tiago Marques, explicou a escolha do tema.“Com a pandemia do novo coronavírus surgiu também o termo ‘desinfodemia’, o qual foi definido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como a desinformação básica sobre a Covid-19. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera as fake news divulgadas sobre o novo coronavírus “mais mortais que qualquer outra desinformação”. O acesso a informação confiável pode significar a vida ou a morte de pessoas em tempos de pandemia”, ressaltou o professor.
De acordo com o coordenador, o projeto aposta na produção de artes e vídeos informativos para orientar a população sobre as principais medidas de prevenção contra a Covid-19; esclarecer dúvidas gerais, principalmente aos tutores de animais de estimação, quanto à existência ou não de transmissão do novo coronavírus pelos animais e orientar sobre a necessidade de adotar medidas de segurança ao passear com os pets, a fim de evitar a propagação do vírus.
Ainda segundo o professor, todas as informações disponibilizadas pelo projeto tem como fonte os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e órgãos internacionais como a Organização Mundial de Saúde.
Tiago Marques também falou sobre o impacto que ele espera que o projeto tenha na sociedade. “Espero que as atividades de educação que estão sendo desenvolvidas possam ajudar no combate à Covid-19 reduzindo o avanço rápido da doença e, consequentemente diminuindo o número de óbitos. Penso que cada cidadão pode contribuir um pouco nesse momento”, alertou.
Os residentes foram divididos e cada equipe ficou responsável por uma atividade. Um grupo cuida das notícias sobre Veterinários e a Saúde Única, outro das Medidas de Prevenção a Covid-19 envolvendo animais de estimação e um ficou responsável por desmascarar fake news. Cada área de atuação da residência tem um representante.
A residente da área de Patologia Clínica Veterinária, Elisabeth Mureb, está no seu segundo ano da residência na UFRRJ. Ela deu um exemplo do tipo de notícias falsas que eles vêm tentando combater. “Uma das primeiras fake news abordadas no projeto foi referente a um vídeo que estava circulando nas redes sociais, onde um homem mostrava a carteira de vacinação de seu cão e argumentava que os animais já eram vacinados para o coronavírus, e que, portanto estariam mais protegidos contra a Covid-19 do que os seres humanos. Esse vídeo tomou grandes proporções, e surgiram diversos relatos de colegas veterinários dizendo que proprietários estavam pedindo para serem vacinados com a mesma vacina dos seus cães. Como médicos veterinários, e profissionais da saúde, temos um importante papel em fornecer informação verdadeira, com fundamentos técnico-científicos, e portanto nos sentimos na responsabilidade de esclarecer que a vacina usada em cães não é capaz de proteger os seres humanos do novo coronavírus”, contou a médica veterinária
A residente também salientou a importância de buscar fontes confiáveis na hora de se informar. “A disseminação de fake news pode atrapalhar significativamente o combate ao novo coronavírus, pois elas espalham desinformação e assim dificultam a divulgação das orientações das autoridades à população. Essa desinformação muitas vezes dá a falsa impressão de menor gravidade da pandemia, o que pode ocasionar em diminuição das medidas protetivas, como o uso de máscaras e o distanciamento social, por parte da população, e assim levar ao aumento da transmissão do vírus. Além disso, existem pessoas sem qualificação que divulgam informações sem embasamento científico”, explicou.
Outra médica veterinária que também está empenhada no combate às fake news é Mariane Alice Machado residente da UFRRJ na área de Vigilância e Atenção Básica à Saúde há um ano. Alice Machado contou como tem sido trabalhar no projeto. “O nosso principal pilar tem sido o trabalho em equipe. Buscamos oferecer informações confiáveis e didáticas, de forma que todos possam ter acesso. Cada integrante é uma peça fundamental na construção dessas informações”, relatou.
“A sensação que eu tenho é que a cada publicação que fazemos para tirar dúvidas, surgem três fake news novas para atrapalhar”, relatou a médica veterinária. Mariane Alice também contou como vem sendo o retorno das pessoas a iniciativa. “Recebemos elogios sobre a qualidade do conteúdo publicado no Instagram. Alguns seguidores acabam entrando em contato para sugerir temas para as próximas publicações, tiram dúvidas, interagem com nossas postagens nos stories”, explicou a residente.
Comunicação Proext*
Perfil do projeto no Instagram: @residencia.iv.ufrrj