Texto: Uli Campos Leal
Sol, ar de início de outono, gente feliz, música ao vivo e cultura. De um lado da BR 465, a Rural em sua extensão de verde e lagos, do outro lado o Centro de Arte e Cultura, mas conhecido como CAC. O prédio recém reformado é o lugar de compartilhamento de arte. Ministrado totalmente de alunos da universidade para alunos Rural e da comunidade de Seropédica. O início da última semana de março, mas precisamente na segunda-feira (25), foi a escolha da Pró-Reitoria de Extensão (Proext) para comemorar a reinauguração do CAC. Na tarde do dia, a equipe da Proext, professores, servidores oficineiros e alunos se reuniram para celebrar mais uma vitória do projeto extensionista que em uma década vêm oferecendo oficinas gratuitas para toda a comunidade acadêmica da Rural e também a população de Seropédica.
Como ferramenta de extensão, o CAC é um instrumento de ligação entre a universidade e a comunidade de Seropédica. Para o reitor Ricardo Berbara, o centro representa uma área de desenvolvimento humano. “A universidade tem um passivo muito grande com as artes e a cultura. Ela tem um histórico muito sólido em posição acadêmica, pesquisas e projetos, mas um déficit em ações culturais e artísticas”, explicou, “nós decidimos colocar recursos nossos para revitalizar o Centro de Arte e Cultura, criando com isso alternativas a nossa comunidade de estudantes, principalmente, de servidores oferecerem oficinas para a comunidade de Seropédica e para nós da comunidade universitária. Portanto com essa inauguração, o CAC se consolida como uma área estratégica de desenvolvimento humano da universidade Rural do Rio de Janeiro”, completou o professor.
E ele não foi o único a reconhecer o CAC como um espaço de trocas de ideias e de interação com Seropédica. O pró-reitor de Extensão, Roberto Lelis, acredita que o centro cumpre um papel importantíssimo como ação extensionista, já que é elo de ligação cultural que une universidade a comunidade próxima da instituição. “O CAC é um espaço que representa a extensão por promover esse diálogo e interação entre a comunidade, quer dizer, os próprios alunos, em que eles são protagonistas através das oficinas, que eles mostram o que ele podem oferecer na arte e cultura para os outros alunos e para os munícipes de Seropédica. Ele cumpre esse papel importante da extensão de ser um elo de ligação da universidade com a comunidade externa”, disse o pró-reitor.
“Uma coisa que me surpreende, que me chama atenção é o fato que as pessoas, assim como acontece com o Pré-Enem, no CAC as pessoas procuram e cobram. Querem saber notícias. Querem saber se vai haver oficina. Quando vai ter? Quais vão ter? A procura é muito grande”, explicou a chefe do Departamento de Arte e Cultura (DAC), Camila Eller. Para a ela a procura das pessoas para saber mais sobre o CAC, mostra o impacto de como o centro é importante para toda a comunidade. “O fato de termos esse espaço e dele perdurar durante se tempo todo só vêm a comprovar que é uma ação que faz parte da rotina dos moradores de Seropédica. As pessoas procurar. Elas vêm e aparecem. Claro que temos dificuldade, como em qualquer outro projeto extensionista que é oferecido de forma gratuita, mas esse anos de existência e a renovação que vem sempre acontecendo deixa bem sinalizado a importância do CAC”, terminou.
Gabriela Rizo, pró-reitora adjunta de Extensão destacou que apesar do CAC ser da universidade e estar dentro do seu território ele é um espaço que pertence a todos e não apenas aos alunos e servidores da Rural. “Eu gostaria de lembrar que isso aqui é de todos. Nesse momento tivemos uma verba, porém estamos vivendo em um período em que não se sabe quando vamos ter verba de novo para poder estar preservando uma coisa que é de todos”, disse em sua fala de abertura. A Professora lembrou também do esforço que coordenador, Matheus Sousa, e seus bolsistas tiveram durantes anos para manter o centro ativo. “Antes de vir esta verba ou ter uma firma de manutenção aqui e etc, existia todo um esforço do Matheus e de uma equipe que fazia com a suas próprias mãos. Eles faziam vaquinha e compravam tinta, preservavam o prédio da forma deles e a gente como instituição reconhece esse esforço anterior e pede, na verdade, pela preservação do bem público […] Porque a ideia não é que o que é de todos não é de ninguém, o que é de todos é pra gente preservar pra mim e para o outro”, finalizou
Matheus Sousa é o atual coordenador do CAC e entrou como bolsista voluntário há seis anos atrás. Na abertura, antes de descerrar a nova placa de inauguração, lembrou da época em que o centro só tinha pouco mais de cinco oficinas. “ Cheguei aqui tinham sete oficinas. Em 2015 deu um “boom”. E em 2017 foi um ano decisivo, onde a instituição começou a fazer parte do CAC. Reconhecer o espaço. Vieram o reitor e o pró-reitor e falaram ‘olha, aqui tem um potencial’. Eles viram que não eram só os alunos da Rural. Tinha gente de Seropédica, gente de Nova Iguaçu e pessoas das comunidades vizinhas. É gratificante. Eu sei que ainda falta muita coisa para fazer neste espaço, mas já está sendo uma conquista enorme ver as pessoas vindo para cá e reconhecer o CAC”, disse em sua fala.
De aluna à oficineira
Durante toda a tarde Gabriela Machado estava com uma câmera na mão. Atenta a cada movimento do público. Objetivo? Registrar cado momento do evento da forma mais artística que possível. Técnicas que ela aprendeu em uma oficina de fotografia do CAC.
A estudante de psicologia hoje é oficineira da disciplina que já foi aluna. Segundo ela, antes de entrar no CAC, fez um curso de fotografia pago onde aprendeu sobre as técnicas fotográficas, mas foi só quando entrou no CAC , passou a ter um olhar mais artístico para suas fotos. “Eu já tinha feito um curso básico de fotografia, mas foi o CAC que meu deu uma instrução mais artística. Uma fotografia mais tocante e mais próxima das pessoas. Trabalhos mais conceituais”, explicou a oficineira.
Gabriela relata ainda que se sente orgulhosa por fazer parte do centro e do trabalho que realiza. “Me sinto orgulhosa e feliz por fazer parte disso tudo. É um prazer e uma honra ser oficineira do CAC. Dá um perspectiva de vida diferente. Principalmente no que tange a poder compartilhar o que eu sei e receber muito também, pois os alunos contribuem para o nosso crescimento como seres humanos”, completou.
Mais ainda Gabriela destacou como é importante uma atividade de extensão dessa, já que aproxima muito mais a Rural da comunidade que a cerca. “É um projeto lindo da universidade, de se comunicar com essas pessoas, inclusive as que são de Seropédica, e poder aproximar e estreitar os laços da universidade. Mostra que tudo isso não pertence apenas os alunos que estão lá dentro, mas sim a todos. Isso tudo é da gente. É do povo”, finalizou
Crescimento e Expansão
A reinauguração podem ter sido nostálgica por um lado, por outro, pensar no futuro é um passo mais do que importante para o crescimento do CAC. Apesar das últimas reformas físicas e do aumento das oficinas, se acomodar não é uma opção para um desenvolvimento saudável da ação extensionista. “A gente tem como objetivo melhorar o espaço hoje e sempre, então eu conto com vocês. Peço que acreditem no espaço e estamos sempre abertos ao diálogo para melhorar”, disse coordenador do CAC Matheus Sousa.
“A ideia é ampliar as oficinas. Estamos esperando que a internet chegue ao CAC para ampliar outros modelos de oficinas através da internet. Aumentar a participação do Centro de Arte e Cultura como um instrumento de formação de acesso para as pessoas de Seropédica”, explicou o professor Roberto Lelis. Mais ainda, contou se pretende expandir o espaço físico do CAC à outros campi da Rural. “Vamos começar uma ação em Nova Iguaçu aproveitando os espaços de lá (IM). O câmpus Nova Iguaçu não tem ainda um espaço que possamos usar exclusivamente como Centro de Arte e Cultura, mas já começamos ano passado com alguns filmes e a gente quer ampliar inclusive para um projeto com bolsas para os alunos de Nova Iguaçu para participar como oficineiros. Em Três Rios ainda vamos estudar para ver como fazer isso”, completou.
Mais informações sobre o CAC e sobre suas oficinas, acesse a página oficial no Facebook.