O projeto Reconexões Ruralinas foi criado e organizado pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes), com destaque para o Dire (Divisão de Residência Estudantil) e o Seape (Setor de Atendimento Psicossocial ao Estudante). Além disso, conta com a parceria com o Centro de Valorização a Vida (CVV) e o envolvimento de servidores dos mais diversos setores. A finalidade é promover a qualidade de vida dos alunos que permaneceram nos alojamentos, mesmo com as atividades acadêmicas ocorrendo predominantemente de forma remota desde o começo da pandemia.
A primeira atividade desenvolvida foi o Cine Ser CVV no mês de agosto, quando foi transmitido pelo zoom o curta da animação O Jogo de Geri, seguido de uma discussão sobre o filme com os alunos presentes. Fazem parte do cronograma também atividades como rodas de conversa, palestras, plantões de escuta individuais, aulas de pilates e alongamento. Todas elas realizadas gratuitamente e no formato remoto, para respeitar as diretrizes de distanciamento social recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O programa procura atender não só os alunos, mas também os servidores da Universidade.
“O projeto nasce de uma angústia coletiva de querer fazer algo e também precisar se cuidar.” conta a pró-reitora Juliana Arruda (Proaes), uma das criadoras e coordenadoras do Reconexões. “Desde o começo da pandemia, houve o esvaziamento do câmpus, e os estudantes que ficaram nos alojamentos por um bom tempo ficaram realmente sem o contato social que estavam já habituados. A nossa rotina dos setores de atendimento aos estudantes também mudou, deixou de ser presencial. E a gente percebeu que isso começou a gerar angústia. Percebemos que todos nós, os servidores, estávamos também muito fragilizados”. Ela relata que professores de diversas áreas procuraram o projeto para oferecer trabalho e se colocaram à disposição.
Para a psicóloga Gisele Daniel (Seape), que trabalha no projeto oferecendo atendimento nas rodas de conversa em grupo, estas são essenciais para fortalecer a rede de apoio emocional dos estudantes: “A vida do universitário já não é fácil, quando eles procuram atendimento geralmente eles falam sobre situações de ansiedade, de estresse. Eles têm vivido basicamente para estudo.”
A psicóloga comenta que muitos ficaram na residência estudantil porque em casa não tem acesso à internet e outras pessoas não têm família próxima. “A rede de apoio é formada por colegas que ficaram nos alojamentos. Essas atividades em grupo propostas pelo projeto propiciam trocas de experiências, aprendizados e identificação”, analisa a servidora.
Segundo Juliana Arruda, existe também uma proposta de fornecer bolsas para os estudantes do alojamento que possam vir a atuar dentro das suas áreas de conhecimento. Como é o caso do projeto que pretende organizar oficinas de direitos humanos para a Divisão de Guarda e Vigilância (DGV), recrutando alunos pesquisadores do tema. E há também a ideia de elaborar um plano diretor para as áreas verdes dos alojamentos com o auxílio dos alunos de engenharia florestal e arquitetura.
“O Projeto Reconexões Ruralinas faz a gente olhar pro alojamento como uma moradia e não um depósito de pessoas” conta Vinícius Martins, estudante de arquitetura e morador do alojamento desde 2017. “A arquitetura é sobre isso. Não é só construção, mas sobre social. Então como o projeto Reconexões Ruralinas fala sobre pertencimento e bem-estar, tem que estar atrelado à construção de jardins nas áreas entre alojamentos, de pomares, praças, bancos para sentar, um ambiente organizado, com lixeiras, com cartazes informativos… Isso vai fazer com que o aluno fique melhor, com esse sentimento de pertencimento, de que a universidade tá tendo essa preocupação com ele. Vai ter consequências positivas sobre as trocas sociais, sobre as reflexões de aprendizagem. Até pros alunos terem seu próprio auto cuidado, porque eles veem o lugar onde vivem sendo cuidado e isso ajuda, humaniza. Humanizar os espaços da residência estudantil é fundamental para ter um bom rendimento dos estudantes.”
A esperança da organização é que o Reconexões possa ser continuado mesmo com o fim da pandemia do coronavírus e o retorno das atividades presenciais. É a proposta do CVV Comunidade, um serviço de apoio emocional mantido pelo Centro de Valorização da Vida que já atua em parceria com outras instituições como a UFF (Universidade Federal Fluminense) desde 2019. Segundo Juliana Arruda, “esse primeiro semestre seria então uma espécie de piloto para entender melhor as necessidades dos alunos e assim poder aprimorar a proposta para consolidar essa parceria no futuro.”
Outros setores envolvidos na organização do Reconexões Ruralinas: Departamento de Arte e Cultura/Proext, Departamento de Esporte e Lazer/Proext, Coordenação de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalhado/Progepe, Departamento de Educação física/IE, Departamento de Solos/IA, Departamento de História/ICHS, Departamento de Ciências Farmacêuticas /ICBS, Departamento de Anatomia Animal e Humana/ICBS, Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária/IV, Setor de Parques e Jardins/PU, Departamento de Psicologia/IE e Departamento de Arquitetura e Urbanismo/IT.