No dia 15 de setembro de 2022, a equipe do Horto da Biodiversidade do Projeto Inova Agroecologia Maricá realizou o Dia de Campo “Tomates Especiais, Pimentas e Propagação de Plantas”. O evento, sediado no Campo Experimental da Horticultura da UFRRJ, contou com a participação de mais de 100 pessoas, entre agricultores e técnicos de diversas regiões do estado do Rio de Janeiro, além de estudantes de pós-graduação (PPGEA) e do Colégio Técnico (CTUR). O público foi recebido pelos professores Antônio Carlos de Souza Abboud e João Araújo – ambos do Instituto de Agronomia (IA) – e por estagiários e integrantes do projeto.
Durante o Dia de Campo, os participantes foram divididos em grupos. Em sistema de rodízio, cada agrupamento passou por todas as quatro estações do setor: estufa de tomates, canteiro de tomates, canteiro de pimentas e propagador de mudas.
Na estufa de tomates, o professor Abboud falou sobre temas como o processo de cultivo de tomates especiais; a dificuldade da produção orgânica; a prevenção e controle doenças; e a grande diversidade de espécies, além das vantagens e desvantagens do plantio em vasos.
Abboud também fez um histórico sobre a coleção de tomates especiais da UFRRJ, que teve início em 1999, destacando a origem de algumas variedades. Ele disse que recebeu sementes e mudas de diversos locais, como aldeias indígenas do Brasil ou países como a Ucrânia – onde se cultivam tomates de coloração azul, muito valorizados e admirados pela culinária. De acordo com Abboud, essas experiências serviram de motivação para a produção dos tomates especiais na Rural.
Atualmente, o acervo possui 700 variedades diferentes. Para algumas delas, ainda não foram desenvolvidos estudos aprofundados e, hoje em dia, o principal trabalho com os tomates da coleção é o de adaptação, reconhecimento e distribuição das mudas. O professor destacou, ainda, que as espécies produzidas não são híbridas e as sementes podem ser plantadas e distribuídas – diferentemente dos tomates comercializados em larga escala, que geralmente não podem ser reproduzidos.
Já no canteiro de tomates, cultivados em área aberta, Abboud apresentou tomates plantados a partir da desbrota das espécies cultivadas em área coberta (estufa), explicando como é feita a técnica e suas vantagens na produção agroecológica. Neste mesmo espaço, os participantes puderam conhecer o plantio de pimentas. A professora Margarida Goréte Ferreira do Carmo fez uma exposição sobre as quatro variedades de pimentas especiais plantadas nos canteiros, falando sobre manejo e plantio, assim como a importância das pimentas na culinária.
‘A gente vai trabalhando e aprendendo’
A última estação visitada foi a de propagação de plantas, onde o professor João Araújo e o residente Leandro Miranda explicaram como é feita a propagação das mudas e, ainda, fizeram uma demonstração de propagação por clonagem e suas vantagens. Eles também apresentaram as técnicas de estaquia, rizoma, tubérculo e enxertia.
Araújo também destacou a capacidade de regeneração das plantas, de modo que qualquer parte pode ser estimulada para a formação de raízes. Isso demonstra a importância da propagação para a agricultura.
Ao final do evento foi realizada uma degustação dos tomates especiais e de geleias de pimentas. Ainda foram distribuídos exemplares das pimentas e mudas de tomate.
O professor João Araújo sublinhou a importância da realização de eventos como este no sentido de ampliar o conhecimento gerado na universidade para todo o público.
“O homem do campo tem muita necessidade de vir à Universidade Rural para aprender. A gente vai trabalhando e aprendendo”, disse Seu Nitinho, agricultor que participou do evento.
“O tomate é um fruto difícil de lidar, por conta das pragas. Eu vim aqui para saber como a gente consegue fazer um plantio que possa dar certo, nem que seja para nossa própria alimentação. Estou bastante impressionada e muito feliz por estar aqui, aprendendo bastante”, disse a agricultora Vânia.
Ao final do evento, o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Biotec/Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) avaliou positivamente a iniciativa:
“Hoje foi um dia especial, de muitos que virão, porque há muita coisa boa, muita troca de informação, muita troca de saberes – tanto de vocês, participantes, para a parte acadêmica, quanto da academia para vocês”.
Conheça mais sobre o Projeto Inova Agroecologia Maricá em https://www.instagram.com/inovaagroecologiamarica/
Texto: Guilherme Martuchelli, estudante do curso de Ciências Biológicas da UFRRJ e estagiário do projeto Inova Agroecologia Maricá
Revisão e edição: João Henrique Oliveira, jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)
Fotografias: João Henrique Oliveira (galeria 1); Shirlene Barbosa — Projeto Inova Agroecologia Maricá (galeria 2)