Educação ambiental, incidência política e promoção de acesso à água e saneamento são alguns dos objetivos que norteiam a atuação da Águas Resilientes, um projeto socioambiental fundado em 2019 por Erleyvaldo Bispo dos Santos, estudante de Engenharia Florestal da UFRRJ. No final de dezembro, a organização foi anunciada como a representante brasileira selecionada para liderar a realização de um evento preparatório para a Conferência de Água das Nações Unidas, que acontecerá em março deste ano na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Além de consolidar o debate local sobre a água, o evento tem como objetivo a construção de uma agenda brasileira e sul-americana sobre o tema, que será levada a autoridades públicas, representantes da sociedade civil e da iniciativa privada, que participarão da conferência.
O evento organizado pela Águas Resilientes será híbrido, e acontecerá entre os dias 28 e 29 de janeiro. O primeiro dia será presencial, no Jardim Botânico da Universidade Rural, no câmpus Seropédica, na Baixada Fluminense. Já a segunda data será organizada virtualmente, de modo a facilitar a participação de pessoas de fora do estado do Rio e, também, do Brasil. Esse evento faz parte de uma agenda mais ampla, que visa mobilizar e preparar as juventudes para a conferência da ONU. Serão, ao todo, seis eventos liderados por organizações de várias partes do mundo. Além do Brasil, foram selecionadas instituições da América Central, América do Norte, África e Ásia.
Essa movimentação que visa engajar as juventudes do globo em torno da agenda da água é liderada por duas organizações internacionais: o Secretariado Internacional pela Água (ou International Secretariat for Water) e a Águas Solidárias da Europa (ou Solidarity Water Europe), além do apoio dos governos suíço e holandês. A proposta é que esses eventos preparatórios gerem insumos locais e/ou regionais que irão compor um documento mais amplo, com demandas globais, que será apresentado na agenda de Ação pela Água, durante a Conferência da ONU, em Nova Iorque.
Para Erleyvaldo Bispo, fundador da Águas Resilientes, o evento organizado no Brasil representa uma oportunidade mais ampla de reunir e organizar pesquisadores, ativistas e pessoas interessadas no tema, dando início a uma rede de diálogo sobre a água no país. Ele destaca que o documento construído a partir do evento também será utilizado para incidência junto ao poder público, a iniciativa privada e ao terceiro setor no Brasil. “Esse documento de advocacy será levado à Conferência da ONU e, também, aos tomadores de decisão de diferentes setores no país”, explica Erleyvaldo.
O evento preparatório é o pontapé inicial para a Conferência de Água da ONU, que acontece em março em Nova Iorque. O caminho até lá, no entanto, ainda será bastante longo para o grupo de 5 jovens que irão representar a Águas Resilientes e o Brasil na discussão no evento internacional. Para arcar com os custos da viagem, a delegação está organizando um financiamento coletivo. Além de Erleyvaldo, também fazem parte do grupo: Hamangaí, jovem indígena do povo Pataxó HãHã-Hãe do Sul da Bahia; Kawan Lopes, ativista cultural e educador popular da Zona Oeste do Rio; Aurea Sena, jovem quilombola do Pará e liderança do Movimento Negro; Anna Sol, ativista cultural da Zona Oeste do Rio.
“Buscamos trazer representatividade, diversidade e visibilidade para vozes que por séculos foram invisibilizadas. A água é um direito humano e sem acesso a este, vários outros direitos ficam fragilizados. Esse é o grande motivo da nossa existência”, resume Erleyvaldo.
Para acompanhar as atividades propostas pela Águas Resilientes e conhecer mais sobre o movimento global da juventude pela água, acompanhe a organização no Instagram: @aguasresilientes.