Por Gian Lucas Silva (*)
Foi realizado, na última sexta-feira (22/11), o ‘III Fórum do Projeto Cultura Visual – Imersão na Libras’, com o tema “Diversidade e inclusão na perspectiva da comunidade surda”. Organizado pela professora Ana Ziner (Departamento de Letras e Comunicação/ICHS), o evento teve por objetivo dar voz aos alunos surdos do município de Seropédica, bem como a seus pais.
O evento, realizado no auditório do Pavilhão de Aulas Teóricas (PAT), teve a presença do reitor Ricardo Berbara, que realizou a abertura. Em sua fala, reafirmou o compromisso da UFRRJ em seu desenvolvimento inclusivo, ressaltando também a importância da instituição no contexto da Baixada Fluminense, visto que atende demandas antes reprimidas.
Os alunos relataram suas dificuldades, principalmente no que diz respeito às matérias de humanas, por conter muitos textos em língua portuguesa – que para eles não é a língua materna. A falta de intérpretes qualificadas também foi uma queixa recorrente, apesar de isso ser um direito assegurado por lei. Mas, para eles, o ideal seria que os próprios professores fossem fluentes em Libras, pois a tradução exige uma prontidão muito grande por parte do intérprete e, ao contrário, o entendimento fica comprometido.
Já os pais, emocionados, narraram suas lutas por uma educação de qualidade para seus filhos, descrevendo a falta de comprometimento do governo e de colégios que chegam até mesmo a não aceitar os alunos surdos. Enfatizaram a inteligência de seus filhos, além do comprometimento por parte deles com a escola, mesmo com todas as dificuldades que encontram.
A mesa de debates foi mediada pela aluna do curso de graduação em Física, Vanessa Cristina da Silva Ferreira, que mantém seu interesse pela Língua Brasileira de Sinais desde criança, quando teve contato com um colega surdo e encantou-se pela forma como ele se comunicava sem usar a boca. Vanessa cursou a disciplina de Libras na Rural e continuou assistindo às aulas como ouvinte nos períodos seguintes. Tornou-se monitora voluntária. Em seu estágio no CIEP 155, em Seropédica, construiu uma relação de afeto especialmente com seus alunos surdos. Isso a levou a continuar trabalhando de forma voluntária na escola, explicando a matéria de Física e interpretando as demais, além de atuar na sala de recursos.
(*) Bolsista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ)