Texto: Thaís Melo*
O projeto +Casas da inovação é uma parceria entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Secretaria Municipal de Assuntos Estratégicos, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semacti) da Prefeitura de Nova Iguaçu. A iniciativa foi criada em 2018 com o propósito de dar acesso de forma gratuita à educação tecnológica para crianças, adolescentes, jovens e idosos. Devido a pandemia de covid-19, as aulas presenciais nas oito casas da inovação tiveram que ser interrompidas. Porém, um projeto importante não poderia ficar meses sem funcionar. Por isso, desde que as atividades presenciais foram paralisadas, as aulas vêm sendo oferecidas online.
Atualmente são seis turmas que atendem a cerca de 400 alunos, sendo dois desses cursos criados especialmente para as aulas online. A supervisora geral do projeto e professora da UFRRJ, Márcia Pletsch, contou como tem funcionado o novo formato de ensino. “Logo que iniciou o isolamento social suspendemos as atividades presenciais nas Casas da Inovação localizadas em diferentes territórios de Nova Iguaçu. Para mantermos nosso cronograma de trabalho e garantirmos os pagamentos dos 93 bolsistas de iniciação científica e 21 bolsistas de iniciação científica júnior, elaboramos uma proposta de ensino online com atividades síncronas e assíncronas organizadas pelos nove coordenadores tecnológicos e pedagógicos do projeto em parceria com os bolsistas. Ainda em abril iniciamos uma turma piloto usando como plataforma principal o Moodle. Agora já estamos no segundo ciclo”, explicou a professora.
A supervisora também falou sobre a importância de dar continuidade às aulas no formato online. “Na minha opinião mantermos o projeto neste momento foi de grande relevância para os envolvidos. Não apenas por aprendermos novas metodologias de ensino, mas por continuarmos oferecendo para a comunidade local possibilidades de formação por meio dos cursos. Estamos vivendo, talvez, uma das piores crises econômicas e, sem dúvida, a pior crise no sistema educacional da história. Continuar investindo e oferecendo atividades educacionais reforça a importância da Universidade e da educação pública, mas também permite a muitos participantes uma rotina de atividades para manter a saúde mental”, ressaltou.
Os 400 alunos estão divididos nos cursos de games, aplicativos, introdução à robótica, inclusão digital, economia solidária e mediação tecnológica. Estes dois últimos não eram oferecidos no formato presencial. O secretário da Secretaria Municipal de Assuntos Estratégicos, Ciência, Tecnologia e Inovação de Nova Iguaçu, Alex Castellar, também falou sobre a iniciativa. “A parceria estabelecida entre a UFRRJ e a Prefeitura de Nova Iguaçu tem sido muito importante, uma vez que estamos levando conhecimento ao território de Nova Iguaçu e a muitos bairros que não têm o acesso a determinados recursos. É uma maneira de levar o conhecimento de inovação de ponta produzido por muitos doutores, mestres e estudantes da UFRRJ e de outras universidades. Eu considero o +Casas da Inovação um projeto muito gratificante. Isso só foi possível pela sensibilidade do reitor Ricardo Berbara e de toda sua equipe da UFRRJ, que em nenhum momento hesitou em colocar este projeto de pé. Acredito que é uma demonstração muito grande para o Brasil do que é possível fazer com uma parceria público – público”, contou o secretário.
Castellar também falou sobre a importância de uma parceria como essa para o país. “Isso dá uma demonstração ao Brasil, em tempos de muitos questionamentos sobre a ciência e o papel das universidades Públicas. Eu só tenho a agradecer a parceria com a universidade. Esse é um dos muitos projetos que ainda teremos pela frente. O Brasil ainda vai entender que a parceria entre os governos e a universidade pública é a grande saída para a educação no nosso país”, ressaltou.
Os alunos atendidos pelas aulas online foram selecionados por meio de um edital público especial para os cursos à distância. Já, os bolsistas sob supervisão e acompanhamento dos orientadores além de atuarem nas atividades de ensino online, também produzem material didático como vídeos explicativos e outros recursos usados para promover a participação e interação dos estudantes. A ideia é usar metodologias colaborativas com desenvolvimento de projetos envolvendo as temáticas de cada curso. Todo esse trabalho vem sendo realizado por meio de plataformas públicas e gratuitas. Sendo o Moodle a principal delas, mas também são utilizadas a RNP para atividades simultâneas e um grupo no Facebook para a realização de transmissões ao vivo (lives) semanais abertas para a comunidade.
As lives abordam temas como inteligência artificial, ensino de robótica, economia solidária, moeda social, tecnologia e educação entre outras temáticas presentes nos cursos. Também têm sido realizadas mesas redondas, rodas de conversa e debates de formação continuada. De acordo com a professora Márcia Pletsch, serve para que os bolsistas usem a tecnologia para aumentar a acessibilidade de pessoas com alguma deficiência às aulas. Nos cursos existe a participação de pessoas com deficiência intelectual, com cegueira, baixa visão, autismo e outras especificidades do desenvolvimento humano. Uma preocupação do projeto é possibilitar que esses alunos possam ter acessibilidade a todo o conteúdo. “Isso tem exigido de nós a organização de atividades e recursos didáticos-tecnológicos para efetivar a acessibilidade para todos”, contou a supervisora. A docente explica que as atividades online serão mantidas até que haja segurança epidemiológica para retornar com as aulas presenciais.
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*Comunicação Proext