Texto: Thaís Melo*
Com o foco no enriquecimento da ponte entre a UFRRJ e a comunidade, foi criado em setembro de 2020 o projeto de extensão “A Universidade na Comunidade: fortalecimento do ensino e da aprendizagem na Baixada Fluminense através da implementação de ações socioambientais inovadoras”, coordenado pela professora Edileuza Queiroz, do Departamento de Geografia, do Instituto Multidisciplinar (IM).
De acordo com a professora, a ideia inicial do projeto surgiu em 2010, quando ela era mestranda. “Em uma atividade de extensão da UFRRJ, falei para a avaliadora que sentia um muro quase que intransponível, separando a universidade da comunidade. A professora comentou que a universidade realiza muitas atividades. Concordo que as atividades são realizadas, mas o muro ainda existe e precisa ser transformado em ponte, a universidade precisa estar mais na comunidade, contribuindo para o seu desenvolvimento”, contou a coordenadora.
O projeto, que está no começo, pretende atuar em espaços formais e não formais de educação. Iniciando por 17 escolas municipais de Nova Iguaçu. Essas instituições ficam localizadas na zona de amortecimento do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI). Por ser uma iniciativa que surgiu no meio da pandemia, o projeto teve que se limitar até o momento a atividades online, o que de acordo com a coordenadora, foi justamente a maior dificuldade para a execução das ações já que a equipe do projeto não pode ir até as escolas presencialmente ainda.
Mas apesar das dificuldades o projeto segue se adaptando e obtendo êxito. Ainda no ano passado, a equipe realizou um ciclo de palestras com pesquisadores brasileiros de renome na temática da Geoconservação e da Geodiversidade. Segundo Queiroz, as palestras foram abertas a todos que tivessem interesse. As atividades online aumentaram o alcance do projeto. “Para nossa surpresa tivemos participantes de todas as regiões do Brasil, alcançamos até outros países da América Latina”, contou a docente.
Ainda de acordo com Edileuza Queiroz os bolsistas do projeto estão realizando estudos sobre a importância da Extensão universitária e planejando atividades para os professores e alunos das escolas onde as atividades serão realizadas.
O projeto está cadastrado no edital do “Programa de Projetos em Sustentabilidade”, lançado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proext) no ano passado. Além da coordenadora, a iniciativa também conta com a participação de quatro professores do IM, uma professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), dois alunos de doutorado também da UERJ, quatro mestrandos – sendo um deles bolsista do projeto, três professores da Educação Básica atuantes na Baixada Fluminense, cinco alunos de graduação – sendo dois deles bolsistas, uma técnica administrativa da UFRRJ e o gestor do PNMNI.
Levar a universidade para a comunidade e inserir os alunos de graduação e pós-graduação em espaços educacionais para que eles tenham uma formação profissional mais prática e não apenas teórica são os objetivos que a coordenadora busca alcançar com essa iniciativa. “Além disso, é preciso que a Universidade alargue suas fronteiras, reflita sobre as questões socioambientais da comunidade, pois só assim, conseguiremos manter vivos os saberes, as experiências e a difusão da cultura comprometida com as transformações para a sustentabilidade socioambiental”, destacou a docente.
A respeito do futuro, a equipe já têm estabelecidas algumas das ações socioambientais inovadoras que pretendem realizar nas escolas selecionadas como a análise/mapeamento da realidade socioambiental dos alunos e professores das escolas próximas (num raio de 3 km) ao PNMNI, utilizando a metodologia da cartografia social, produção de material didático, criação de berçários para produção de mudas da Mata Atlântica pelas escolas, o objetivo é que assim que possível as alunos realizarem o replantio dessas mudas na zona de amortecimento do PNMNI.
Para a docente o mais gratificante em participar desse projeto é ver a empolgação da equipe e ter a certeza de que o projeto terá impacto na educação dos estudantes beneficiados por ele. Ainda sobre o futuro do projeto, Queiroz afirmou ter muitos planos. Sendo o principal deles causar um impacto real através do afloramento da identidade com o território da Baixada Fluminense. “Aqui o estigma negativo é muito forte. Precisamos fazer com que as pessoas conheçam a Baixada como um todo e não apenas seu lado negativo, negligenciada e abandonada por tantos governantes ao longo dos tempos”, explicou a professora.
Comunicação Proext*