Que tal uma redução de até 50% na conta de energia elétrica? Esta é a economia que a UFRRJ pretende fazer com a implantação do Programa de Eficiência Energética (PEE), em parceria com a concessionária Light S.A. e a empresa Deode. Criado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o PEE tem como objetivo promover o uso eficiente de energia a partir do melhoramento de equipamentos e processos. O Programa estabelece que as empresas de distribuição devem investir parte de suas receitas em iniciativas contra o desperdício. Assim, por meio de chamadas públicas, são selecionados projetos que receberão os recursos. Em novembro de 2019, a Rural foi uma das aprovadas na 6ª Chamada realizada pela Light.
A aplicação do PEE no câmpus Seropédica prevê a substituição de equipamentos obsoletos de ar condicionado, que consomem muita energia, além da instalação de lâmpadas LED, mais econômicas e eficientes. “Por ano, a Rural paga cerca de 6 milhões de reais de conta de energia. Com o PEE, estima-se que vamos reduzir esse valor entre 40% e 50%”, afirmou o engenheiro eletricista Werley Gonçalves, servidor lotado na Coordenadoria de Projetos de Engenharia e Arquitetura (Copea), ligada à Pró-Reitoria de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento Institucional (Propladi/UFRRJ).
Foi na cabeça de Gonçalves que se acendeu a lâmpada dessa ideia. Ele já conhecia o PEE e, em 2014, levou a sugestão ao professor Roberto Rodrigues, que então era pró-reitor adjunto da Propladi (atualmente, ele é o titular). Depois da recepção positiva de sua proposta, teve início um trabalho de levantamentos, criação de equipe multidisciplinar, muitas reuniões e elaboração de um modelo de edital que abrisse espaço para parcerias com empresas do setor. “Foram seis anos de muita batalha, muito debate. Num órgão público, as coisas são mais lentas, temos de seguir a legislação…”, ponderou Gonçalves.
Problema nacional
O tema do desperdício é coisa séria. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) indicaram que o Brasil, de 2015 a 2017, desperdiçou mais de R$ 71 milhões de energia por dia (R$ 52 bilhões em dois anos) – o que representa, aproximadamente, metade da energia produzida pela usina de Itaipu no mesmo intervalo de tempo.
Definindo eficiência energética como “uma atividade que busca melhorar o uso das fontes de energia”, a Abesco indica justamente a instalação de equipamentos mais econômicos como uma das saídas. A adoção de lâmpadas LED é um dos exemplos apontados pela Associação, demonstrando que esses dispositivos têm vida útil 50 vezes maior que as lâmpadas incandescentes, além de economizarem quase 90%, com o mesmo potencial de iluminação (na comparação entre uma LED de 7W e uma incandescente de 60W).
No setor público, há exemplos recentes de parcerias no âmbito do PEE. Na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), foi realizada ação de modernização da iluminação no câmpus Maracanã e no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), com redução de até 60% do consumo energético. Já na Prefeitura de Três Rios/RJ, o PEE instalou luminárias de LED nos postes de iluminação pública, com previsão de economia de 1.300 Megawatt-hora (MWh) por ano.
Na UFRRJ – de acordo com o Termo de Abertura do Projeto, elaborado pela Deode – serão substituídas lâmpadas em 8.415 pontos de iluminação, além de serem instalados 15 aparelhos de ar condicionado mais eficientes. Ainda segundo a Deode, a energia economizada pela Universidade vai ser de 921,55 MWh por ano – quantidade que poderia suprir o consumo de quase 500 casas durante um mês (dados de 2010), conforme exemplificou Werley Gonçalves.
Facilitar e fiscalizar
O financiamento do PEE vem da concessionária, que vai aplicar um valor de aproximadamente R$ 3 milhões. “Este edital implica em execução direta, via recursos da Light, pela empresa parceira da Rural (Deode), sem a necessidade de passar no nosso orçamento”, explicou o pró-reitor da Propladi Roberto Rodrigues.
Com o subsídio e a execução nas mãos das empresas parceiras, o papel principal da Universidade é o de facilitar e fiscalizar a realização do projeto. “A nossa responsabilidade é acompanhar a execução e ver se, de fato, aquilo que está na planilha de custo é o que a empresa está colocando nas instalações”, ressaltou Fábio Cardozo, pró-reitor adjunto da Propladi e gestor do PEE na UFRRJ. “Nesse sentido, a Copea é fundamental, acompanhando a elaboração do projeto – através, principalmente, do Werley [Gonçalves] – e dando suporte na parte prática, recepcionando os técnicos da Deode, mostrando as instalações e fiscalizando os trabalhos”.
A Universidade também vai cuidar do armazenamento e guarda dos equipamentos – sob responsabilidade do Almoxarifado e da Divisão de Guarda e Vigilância (DGV/UFRRJ) – bem como do descarte correto das peças obsoletas.
Em setembro, a empresa Deode visitou o câmpus a fim de estabelecer o cronograma do trabalho. Neste mês, as primeiras lâmpadas começaram a ser instaladas (ver fotos abaixo). De acordo com Termo de Abertura do Projeto, a finalização de todo o processo está prevista para março de 2021.
Fotografias: Propladi/UFRRJ