Docentes da UFRRJ desenvolveram um modelo espacial capaz de identificar a vulnerabilidade dos biomas da América do Sul. Com o título “Degradation of South American biomes: What to expect for the future?”, o trabalho foi publicado na revista Environmental Impact Assessment Review e contou com a participação dos professores Rafael Coll Delgado (Departamento de Ciências Ambientais/IF) e Marcos Gervasio Pereira (Departamento de Solos/IA), além dos pesquisadores Yuri Andrei Gelsleichter, egresso do Programa de Pós-Graduação Binacional em Ciência, Tecnologia e Inovação Agropecuária (PPGCTIA/UFRRJ), e Romário Oliveira de Santana, bolsista de Treinamento e Capacidade Técnica (TCT) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
“Este trabalho coloca em alerta principalmente os maiores biomas sul-americanos, como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica”, explicam os autores. “São biomas em que a cobertura de vegetação mais reduziu no passado, mostrando uma tendência de redução ainda maior para os próximos 20 anos. Nossos resultados indicam um aumento da temperatura do ar, principalmente nas regiões tropicais, o que acelerará os processos físicos de evaporação e transpiração na vegetação, além de aumentar a probabilidade de megaincêndios durante a estação seca nessas regiões”.
De acordo com os pesquisadores, o modelo aponta para a necessidade, no curto prazo, de novas políticas públicas para a preservação e o monitoramento destes biomas. “O incentivo à pesquisa deve ser eminente com o lançamento de novos editais de fomento, melhorias na infraestrutura das universidades públicas e incremento nas bolsas de iniciação científica e pós-graduação para absorção de novos pesquisadores”, defende o professor Delgado, ressaltando que o trabalho só foi possível por conta dos recursos obtidos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Faperj.
O pesquisador faz ainda um alerta em relação à mudança climática e às ações humanas, que podem acelerar o desaparecimento desses biomas, já impactados por desmatamentos (comércio ilegal de madeira), garimpos clandestinos e aumento das fronteiras agrícolas. “Ainda assim, com todas as adversidades climáticas e a aceleração da mudança da paisagem por ações antrópicas, estes biomas mantêm condições favoráveis a inúmeras espécies e a vida humana, contribuindo para a manutenção do clima global”, completa.
O artigo (em inglês) está disponível para leitura em: https://authors.elsevier.com/a/1f8v5iZ5t92km