A professora do Instituto de Zootecnia (IZ) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Fernanda Godoi recebeu o prêmio de Melhor Amazonas de Adestramento na categoria preliminar do ranking da Federação Equestre do Estado do Rio de Janeiro (FEERJ) 2024. O termo “amazonas” refere-se às mulheres que montam a cavalo, remetendo às guerreiras mitológicas, fortes e corajosas. “Eu sempre digo que o ranking é de quem persiste, e se tem uma palavra que define a trajetória da minha vida é persistência, eu vou até conseguir”, declarou a zootecnista.
O ranking da FEERJ é o resultado da somatória de pontos ao longo do ano que, no caso da professora, se refere ao ano de 2024. Não foi a primeira vez que Fernanda participou de competições. Por trás do prêmio, há uma longa trajetória de dedicação à equitação e aos cavalos. Fernanda possui pós-doutorado, doutorado e mestrado na área de Zootecnia, curso que escolheu antes mesmo de entrar na universidade. “Desde pequena eu gosto de cavalo. Não sei o porquê, pois minha família não tem nenhum vínculo com cavalo”, conta a professora. “Nós não tínhamos condição de comprar muita coisa, era uma época bem difícil. Então, eu pus na minha cabeça que se eu não tinha dinheiro para ter um cavalo, eu ia trabalhar com cavalo”, explicou.
A docente iniciou na graduação em Zootecnia na UFRRJ, mas a prática de equitação só veio na época do mestrado, em que através de uma bolsa, foi possível começar a fazer aulas. “Fazia uma vez por semana ou quando dava, e lembro que saía de Seropédica de madrugada, carregando bota e capacete. Eu descia na Avenida Brasil e mofava esperando o outro ônibus, mas eu estava realizando um sonho”, relembrou.
No primeiro contato com o hipismo, a categoria de salto costuma ser a mais comum. Uma famosa modalidade esportiva, em que cavalo e cavaleiro superam obstáculos no percurso. Mas a zootecnista almejava o adestramento. “Eu gosto de perfeição, e o adestramento é isso. Você têm que fazer alguns exercícios e o jurado vai pontuar o quão perfeita foi a sua execução”, explica Fernanda. Os exercícios são as chamadas “figuras”, uma série de movimentos como a partida do passo para o trote, do trote para o galope, o recuar, a meia parada etc. O objetivo é trabalhar as andaduras naturais do animal de forma harmoniosa, em que cavalo e cavaleiro devem ser habilidosos com a técnica.
Após passar por uma fase de luto, em que um anterior cavalo com o qual Fernanda treinava, chamado Quiz Time, se acidentou e veio a falecer depois de quase 2 anos de tratamento, ela decidiu que iria competir novamente. “No início do ano eu achei um cavalo, e entrei na primeira prova do ranking tendo montado nele apenas umas duas vezes”, relembra, se referindo ao Centauro Fadista, nome do novo companheiro esportivo da professora. “É claro que não foi a minha melhor apresentação, mas trabalhamos e treinamos bastante até que conseguimos esse resultado”, diz Fernanda, sobre o prêmio conquistado.
Mas mesmo quando não competia, estava presente de alguma forma nos eventos, seja como júri ou parte da organização, e passou a levar suas turmas da UFRRJ. “Uma coisa é você falar como acontece uma prova, outra coisa é você ver a prova acontecendo”, explica a docente. “Eu pego meus alunos e levo eles para onde está a competição, e é quando eles passam a ver como o mundo do esporte gira a partir das próprias vivências”, diz. Nos eventos, além de acompanhar de perto, eles também participam organizando e adquirem experiência na área. Além disso, Fernanda reforça a importância de tornar acessível ao estudante e mostrar que é um caminho possível, assim como foi para ela. “ É importante que aquilo que o aluno vê na televisão e pensava existir apenas nas olímpiadas, seja palpável a ele. Isso acaba virando uma aula prática”, conclui.