Texto: Thaís Melo
Com a pandemia de coronavírus e o isolamento social, a maioria das pessoas está há um mês saindo o mínimo possível de casa. As aulas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, assim como nas outras instituições de ensino federais do país, também estão paralisadas por tempo indeterminado.
Diante disso, muitas pessoas se encontram com tempo ocioso e outras, devido ao tédio causado pelo isolamento, cedem à tentação de marcar reuniões com os amigos ou sair para aproveitar o dia ao ar livre. Além disso, ainda existe o risco à saúde mental, já que muitos podem ficar depressivos ou ansiosos diante do caos que estamos vivendo e para o qual ninguém estava preparado.
Para ajudar a resolver essas questões, os projetos vinculados a Pró-Reitoria de Extensão (Proext) da UFRRJ, que são das áreas de cultura e esportes, sem poder oferecer oficinas presencialmente, começaram a disponibilizar as aulas online. Com o auxílio da tecnologia o Centro de Arte e Cultura (CAC), a Escola Popular de Artes (EPA), o CineCasulo, a Companhia de Dança e a União Federal das Lutas da UFRRJ prepararam conteúdos para ministrar em plataformas online.
CAC aposta em atividades artísticas e culturais para acabar com o ócio
Fundado em 2009, o CAC sempre ofertou oficinas presenciais que fazem muito sucesso entre os alunos da universidade e a população de Seropédica. Agora, o Centro precisou se adaptar a uma nova realidade e encontraram uma linguagem diferente que vem dando certo.
São 18 oficinas disponíveis por meio do IGTV (plataforma do Instagram voltada exclusivamente para vídeos), de vídeos publicados no feed (página em que os usuários têm acesso às atualizações e postagens) do Instagram, no canal do CAC no Youtube e também via grupo do Whatsapp ou Skype. Estão disponíveis oficina de violino, mini oficina de dança do ventre, oficina de teclado e musicalização, oficina de teatro, slackline e práticas corporais, oficina de piano, de desenho entre outras.
O coordenador do CAC, Matheus Sousa, falou sobre a expectativa para a duração das oficinas online. “A princípio o planejamento foi para um mês de atividades, mas caso a gente tenha que prorrogar, nós vamos continuar criando conteúdo, porque os oficineiros podem com certeza criar mais”, explicou.
O coordenador também disse como espera impactar as pessoas com a iniciativa. “Eu espero de coração que essas atividades sirvam para ajudar as pessoas que puderem ficar em casa a lidar com o ócio e o desgaste mental da quarentena. Que elas possam aproveitar esse momento para interagir e que também sirva como uma pequena mostra do que é o CAC, talvez seja interessante para quem já tinha vontade de fazer uma oficina no CAC usar as atividades online para conhecerem um pouco do nosso trabalho”, contou.
A oficineira Daniela Andrade, estudante de Engenharia Florestal, dá aulas de Teatro no CAC. Ela disse que muita coisa mudou das aulas presenciais para as lições a distância. “O teatro em si é mais dinâmico. Então, sem ter como ver os alunos reagindo a cada exercício, e sem essa troca imediata fica tudo bem diferente e até mais difícil”, explicou Daniela.
Mesmo assim, a futura engenheira vem adaptando o conteúdo da melhor forma. “Eu pensei em exercícios que sejam mais individuais, que não precise diretamente de outra pessoa para que ele seja executado. Espero que assim todos que estejam abertos a fazer os exercícios, possam praticar sem que tenham nenhum impedimento”, disse a bolsista.
Paula Lopes é supervisora do CAC e uma das organizadoras das oficinas. Ela relata como as aulas online foram recebidas no CAC. “Eu percebo que tem sido um movimento construído naturalmente, não foi algo imposto, surgiu a ideia e todos abraçaram. Cada um está contribuindo da forma que pode e isso tem movimentado muito o CAC nesse momento, que é fundamental.”
A supervisora, que também é estudante de Pedagogia, comentou como isso vem afetando a presença online do Centro. “Como a gente era muito focado na presença no espaço físico do CAC, essa parte das redes sociais ficava muito de lado, e o CAC tem um bom engajamento nas redes. Agora que estamos dando essa atenção para as redes, fluiu muito bem. Quando acabar a quarentena, imagino que as atenções vão ser melhor distribuídas e vamos ver a potência que é essa ferramenta (o Instagram)”, explicou Paula
EPA oferece diversas atividades culturais
Já no Instituto Multidisciplinar (IM), o campus da UFRRJ em Nova Iguaçu, quem coordena as atividades culturais e artísticas é a Escola Popular de Artes (EPA). A Escola foi criada no ano passado e com pouco tempo de existência já está enfrentando o desafio de ministrar suas oficinas a distância. Os bolsistas estão lidando muito bem com a situação, e prepararam 12 atividades para oferecer no período de isolamento.
A EPA elaborou diversas atividades como: tutorial de bordado em papel Kraft, dança livre para iniciantes, clube do livro, minicurso de horta agroecológica, minicurso de canto básico, tutorial de bordado para iniciantes, entre outras. O pedagogo e residente de Gestão de Projetos Educacionais da Proext Nikolas de Azevedo é quem está coordenando as oficinas.
Ele contou qual tem sido a maior dificuldade das aulas a distância. “A falta de uma plataforma online mais desenvolvida e de uma conexão melhor, tanto dos bolsistas quanto dos participantes. Em tempos de Covid-19, as desigualdades de conexão e acesso a internet também ficam mais deflagradas”, contou o mestre em educação.
Nikolas também falou sobre a duração das atividades oferecidas pela EPA. “A princípio isso foi uma questão. Pois havia uma proposta que fossem de dois meses de duração (como nas atividades presenciais), mas acreditei ser melhor apenas um mês, para que os participantes pudessem migrar para outras atividades diferentes em um tempo mais curto”, explicou o coordenador.
A bolsista da EPA Kamila Fernandes, responsável pela oficina de Desenho Básico, estudante de História, está na atividade há pouco tempo, mesmo assim afirma estar sabendo lidar muito bem com a mudança repentina. A estudante explicou o que espera conseguir com suas aulas. “Espero que através das referências trazidas e dos ensinamentos passados, os alunos consigam desenvolver o lado criativo. Que possam também ter um olhar de valorização das artes, num todo. E para além disso, estimular a prática das habilidades de cada aluno”, contou a oficineira.
Para ler a matéria sobre as atividades esportivas da Proext neste isolamento clique aqui.
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