À frente da Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos (Proad) há cerca de sete meses, a professora Amparo Villa Cupolillo já tem muitas histórias para contar. Ao lado do pró-reitor adjunto Marcelo da Cunha Sales, ela vem enfrentando os desafios de um setor responsável pela gestão da força de trabalho da Universidade, formada por professores e técnico-administrativos, além dos servidores reintegrados de outros órgãos públicos. Nesta entrevista ao Rural Semanal, Amparo Cupolillo faz um balanço de sua gestão, defende a valorização do setor público e fala da comemoração do Dia do Servidor na UFRRJ.
O que foi programado para a comemoração do Dia do Servidor Público na UFRRJ?
Amparo Cupolillo – É a Coordenação de Desenvolvimento de Pessoas (Codep), ligada à Proad, que está organizando o evento. Infelizmente, em função do contingenciamento de gastos, não foi possível realizar tudo o que pensamos. Assim, vamos fazer uma coisa um pouco mais simples. De qualquer forma, vai ser uma celebração, uma valorização do servidor público. Isso é o que devemos fazer neste momento de desvalorização absurda de tudo que é público.
Vamos fazer duas homenagens. A primeira para aqueles servidores que têm mais de 45 anos de Rural. Pessoas com uma história de luta e resistência, e de dedicação institucional. Outra honraria será feita pelas pró-reitorias e institutos, que vão escolher internamente os servidores que serão homenageados.
Além das tradicionais falas do reitor, da Proad e da Codep, teremos a participação das entidades representativas: o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Rural (Sintur-RJ) e a Associação dos Docentes da UFRRJ (Adur-RJ). Também vamos ter apresentações do Coral da Universidade e do grupo musical de nossa assistente administrativa Renata Batista (ver matéria da página 4). Este ano não foi possível fazer um evento totalmente descentralizado. Dessa forma, vamos realizar um aqui em Seropédica, no dia 31 de outubro, a partir das 9h, no Auditório Gustavo Dutra, reunindo também os servidores de Nova Iguaçu e Campos dos Goytacazes. Já o Instituto de Três Rios (ITR) terá uma cerimônia própria.
Qual a importância do servidor nesse momento de ataques ao setor público – como a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congela gastos e trava a realização de concursos?
A. C. – O serviço público é o braço do Estado, e não dos governos, nas políticas de apoio à cidadania. Não podemos, em hipótese alguma, encarar o servidor público como alguém desvalorizado ou que mereça um tratamento menor dentro da nação. Com a desvalorização do serviço público, há perda de cidadania, principalmente nos setores que são absolutamente fundamentais: saúde e educação. E também em segurança e política de habitação. São coisas que mantêm a soberania de uma nação. Como pensar um país sem universidade pública, sem educação pública? Precisamos lutar para que essa instituição se mantenha pública e gratuita. Então, valorizar o serviço público, nos valorizar, é absolutamente fundamental. E essa valorização tem de ser coletiva. É a base do que pensamos para o Dia do Servidor. Pensar nesse dia como a celebração desse ambiente coletivo e de resistência a todas as políticas que nos querem menores e enfraquecidos. Precisamos nos fortalecer coletivamente.
Sua gestão teve início no final de março deste ano. Que balanço faz desses sete meses à frente da Proad? Que desafios enfrentou e que projetos estão sendo realizados?
A. C. – Nosso primeiro desafio foi a participação no Fórum dos Pró-Reitores de Gestão de Pessoas (Forgepe) das universidades federais. Foi uma oportunidade de conhecer o que os pró-reitores fazem no Brasil. E também para refletir sobre a questão do nosso nome, pois, se não me engano, somos a única instituição que mantém “Assuntos Administrativos”. As outras já construíram suas pró-reitorias de Gestão de Pessoas. Assim, estamos elaborado um novo regimento que prevê essa alteração na nomenclatura. Também dividiremos a Proad em dois grandes departamentos: o de Pessoal (DP) e o de Desenvolvimento de Pessoas.
Outras ações estão ligadas à reestruturação interna da Proad. Por exemplo, o Patrimônio e Protocolo estavam ligados à nossa Pró-Reitoria. Mas julgamos que eles têm pouca afinidade conosco. Assim, o Protocolo já foi encaminhado para a Pró-Reitoria de Planejamento, Avaliação e Desenvolvimento Institucional (Propladi). Já o Patrimônio vai para a Pró-Reitoria de Assuntos Financeiros (Proaf).
Também procuramos, logo no início de nossa gestão, conhecer a “fotografia” dos trabalhadores da Universidade. O caso dos docentes é mais simples, pois a vaga é específica para cada departamento. Por outro lado, o cadastro de servidores técnicos e reintegrados não batia necessariamente com a realidade. Então, tivemos de fazer um trabalho de formiguinha, chamando diretores, pró-reitores, e pegando a lista do cadastro e comparando com o que eles tinham na realidade. Ainda não finalizamos isso totalmente, mas podemos dizer que agora, depois de sete meses, já temos bastante consciência do quadro institucional.
Por João Henrique Oliveira, CCS/UFRRJ.