Nos últimos anos, nosso país tem gerado fatos que nos inquietam. Em julho, durante o recesso acadêmico, o Ministério da Educação (MEC) lançou um projeto que coloca mais uma vez em xeque a autonomia das universidades públicas. O programa sugere potencial privatização por meio de Organizações Sociais (OS), que passariam a fazer parte dos processos de decisões acadêmica e administrativa e, finalmente, descumprindo a garantia de recursos públicos às instituições como determina a Constituição Federal.
Embora o projeto seja chamado de “Future-se”, não está claro qual futuro o MEC vislumbra para as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes). Mas a Administração Central da UFRRJ esclarece que não nos interessa um plano que não busque o fim imediato do bloqueio de nossos orçamentos. O que nos interessa é a garantia da plena autonomia, gratuidade e fortalecimento dos processos de ensino, pesquisa e extensão.
As Ifes não são espaços para negociações que envolvam o mercado financeiro, como sugere o projeto. Também não são ambientes onde apenas o conhecimento técnico é produzido. Ao contrário, nas instituições federais a qualidade do conhecimento é constantemente questionada, pois a ciência avança quando enfrenta o universo das incertezas. Por isso, o pensamento dogmático, anticientífico, violento e vulgar que se expressa em boa parte das ações recentes do estado brasileiro nos é estranha.
Em um país em chamas, com extraordinário aumento dos processos de queimadas, que teve sua legislação trabalhista e previdenciária aviltadas, cadeias produtivas destroçadas e, agora, com claras ameaças à democracia e aos direitos humanos, temos de ficar atentos sobre mais este processo de enfraquecimento do pensamento crítico.
Desejamos um futuro que atenda as expectativas de um país que almeja a razão, a cultura, a democracia, a paz e a vida. Valores sempre presentes nas universidades públicas.
Reitoria/UFRRJ
Publicado originalmente no Rural Semanal 07/2019