Cada programa “Pergunte ao Professor” contará com cinco vídeos de cerca de 1min30, que será divulgado no Instagram oficial da UFRRJ e terá um tema principal. “A partir deste tema principal, escolhido pela CCS, nossos estagiários e bolsistas de Jornalismo fazem cinco perguntas direcionadas ao professor, cujas respostas devem constar em cinco vídeos diferentes que veicularemos no Instagram da Rural ao longo de uma semana”, explica a coordenadora da CCS, a jornalista Fernanda Barbosa. “A ideia é que o próprio docente se grave, usando seu celular. O foco está na disseminação do conhecimento científico e no uso da linguagem simples sobre temas complexos da atualidade”, conclui Fernanda.
A primeira série de vídeos teve a seleção de perguntas à docente Ana Garcia feita pelo bolsista Matheus Mendonça com a estagiária Sara Reis. “Esse projeto é muito positivo para a comunidade universitária, de diferentes maneiras, mas a principal com certeza é o potencial que ele tem de atingir outros públicos. Acho que o projeto tem mais valor ainda por estar trazendo um professor, cientista, um pesquisador para dialogar com novos públicos em um formato completamente diferente do habitual. É mais um movimento da UFRRJ para tentar atravessar os muros da Universidade. Pessoalmente, aprendi bastante coisa com a primeira série de vídeos do ‘Pergunte ao Professor’ e é um privilégio estar contribuindo de alguma forma para que a ciência e a educação alcance diferentes públicos”, afirmou Matheus Mendonça, aluno do último ano do curso de Jornalismo da UFRRJ.
“Para mim foi muito legal poder participar de um projeto importante como esse. Eu não sabia muitas coisa sobre o G20 e pude aprender enquanto fazia o projeto. Acredito que, assim como eu, muitas pessoas vão conseguir entender melhor do que se trata. Por isso, eu considero o ‘Pergunte ao professor’ essencial não só para a comunidade acadêmica, mas para todas as pessoas que desejam aprender mais um pouco”, concluiu Sara Reis, aluna do oitavo período de Jornalismo.
Primeiro programa “Pergunte ao Professor” – o G20
Ana Garcia é docente de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e atua como coordenadora da Força Tarefa 3 sobre reforma da arquitetura financeira internacional do T20 (Think20), grupo de engajamento dos think tanks e centros de pesquisa do G20.
O G20 é o principal fórum de cooperação econômica internacional e desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais. Composto pelas 19 economias mais poderosas do mundo, além da União Europeia e da União Africana, o G20 conta com presidências rotativas anuais. O Brasil exerce a presidência do G20 até 30 de novembro deste ano.
A Cúpula do G20 representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo país que ocupa a presidência rotativa do grupo. É o momento em que chefes de Estado e de Governo aprovam os acordos negociados ao longo do ano, e apontam caminhos para lidar com os desafios globais. No Brasil, a Cúpula de Líderes do G20 ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Nos vídeos gravados para a CCS/UFRRJ, Ana Garcia explica a sua participação direta no G20 e alguns conceitos em torno do tema. Os cinco vídeos serão postados do dia 11 até o dia 15 deste mês, nas redes sociais da UFRRJ. Abaixo você acompanha a descrição das perguntas e respostas dos vídeos.
Vídeo 01 – Pergunta: O que é o G20 e qual é o seu propósito principal?
Ana Garcia – Resposta 01: O G20 é um fórum de coordenação internacional que é composto por 21 partes; não 20, mas 21, desde o ano passado, quando a União Africana integrou o G20. O G20 é formado por 19 países, mais a União Europeia e a União Africana e é um fórum de cooperação internacional, que nasce no final dos anos 90, no sentido de tentar enfrentar, conter e mitigar os efeitos das crises financeiras internacionais. O G20 nasce nesse contexto, nas grandes crises econômicas dos anos 90 e, inicialmente, é composto por ministros da fazenda e presidentes dos bancos centrais dos grandes países, das grandes economias do mundo.
Mas, a partir da grande crise financeira, que tem início nos EUA, em 2008, quando atinge profundamente o mercado imobiliário americano, o G20 passa a ser um fórum de chefes de Estado e, desde então, ele se reúne anualmente e vai debater a reforma da arquitetura financeira internacional, a mitigação dos efeitos das crises internacionais. Mas vai além, hoje discute o tema do meio ambiente, das mudanças climáticas, das desigualdades, dos direitos das mulheres, das digitalizações das economias e outros mais. E vai se reunir no Rio de Janeiro em novembro deste ano.
Vídeo 02 – Pergunta: Explique o que é o T20 e fale sobre o papel que você vem desempenhando, tanto no G20 como no T20.
Ana Garcia – Resposta 02: Os grupos de engajamento são grupos de participação social ligados ao G20, mas são autônomos, independentes do G20. Você tem hoje os grupos de engajamento da sociedade civil, grupo das mulheres, dos empresários, da juventude, entre vários outros. São 13 grupos. Dentre eles, nós pesquisadores e acadêmicos fazemos parte do T20, o grupo dos Think Tanks e centros de pesquisa, que vão produzir debates, Policy Briefs, que são artigos com recomendações ao G20 sobre os temas que estão sendo debatidos. Vão fazer eventos de debate, eventos de incidência pública sobre os grandes tomadores de decisão do G20. A principal atividade do T20 é a produção de recomendações em cima dos temas que vão ser discutidos na presidência do referido ano.
Esse ano, o Brasil assume a presidência do G20 com o lema: “Combate à desigualdade, à fome, à pobreza, às mudanças climáticas e a promoção da bioeconomia e a reforma da governança global”. Então, o T20 produziu um comunicado, agora entregue em julho, com 10 recomendações ao G20 que vão ser transversais a essas três grandes temáticas.
Vídeo 03 – Pergunta: Quais são os principais temas discutidos na reunião? Como eles afetam a economia global?
Ana Garcia – Resposta 03: A presidência brasileira do G20, que teve início em dezembro do ano passado e vai até novembro deste ano, definiu três prioridades temáticas: o combate à desigualdade, à fome e à pobreza; combate às mudanças climáticas, a transição energética e a bioeconomia; e a reforma da governança global.
Esse grupo de países vem conduzindo debates sob a liderança do Brasil, produzindo discussões e buscando encontrar consensos para uma declaração conjunta, que vai ser finalmente assinada pelos chefes de Estado, que estarão aqui no Rio de Janeiro em novembro. São um conjunto de debates e discussões em torno dessas três grandes temáticas e são divididos, os debates, em grupos de trabalhos dentro das duas trilhas do G20: a trilha política e a trilha financeira.
O Brasil também definiu duas grandes forças tarefas: A aliança global contra a fome e a força tarefa sobre mudanças climáticas, mitigação e ação climáticas.
Vídeo 04 – Pergunta: Qual é a expectativa para as discussões sobre as mudanças climáticas no G20, em meio a crise de incêndios histórica no Brasil?
Ana Garcia – Resposta 04: Esse é um tema central do G20 e vem sendo, há mais de 15 anos. O G20, depois de estabilizada a crise de 2008, passa por um processo de ampliação da agenda temática, que deixa de ser apenas com o foco na reforma da arquitetura financeira internacional e no combate às crises financeiras, para outras agendas de importância global, e uma delas é o combate às mudanças climáticas. E agora, cada vez mais prioritariamente a transição energética.
Então, o tema das medidas climáticas vai perpassar vários grupos de trabalho do G20. As duas trilhas: a trilha política e a trilha financeira. Em uma, com a questão do financiamento ao clima, o aumento de recursos que deve ser direcionado para o combate às mudanças climáticas em cada país, o aumento do volume de recursos que deve ser provido pelos bancos multilaterais de desenvolvimento para políticas públicas de combate às mudanças climáticas ou na pauta política dos países, por exemplo: grandes acordos para a mitigação das mudanças climáticas e força tarefa estabelecida pela presidência brasileira de combate e adaptação às mudanças climáticas.
E esse ano, particularmente, o tema da transição energética, na medida que esse é um tema prioritário para grandes potências econômicas do mundo. Em particular, para a China, os Estados Unidos e a União Europeia, esse tema vem sendo cada vez mais central na agenda do G20. A gente tem expectativa de ver na declaração final, alguma declaração de consenso em torno das medidas necessárias para combater as mudanças climáticas.
Vídeo 05 – Pergunta: Tomando como exemplo a participação da União Africana na reunião do G20, qual é a importância da partição de países do sul global no evento?
Ana Garcia – Resposta 05: Esse ano, sob a presidência brasileira, o G20 incorporou um novo membro: a União Africana. A representação dos países africanos, cuja sede é na Etiópia, e que vem participando de todos os debates e grupos de trabalho, vem pela primeira vez como representação formal e não só como convidado ao G20. A União Africana vem sendo incorporada em alguns dos temas prioritários, por exemplo: o combate à desigualdade, o financiamento climático, o combate às dívidas externas e a crise da dívida e o tema da necessidade de recursos para as infraestruturas.
O ministério da fazenda, como liderança da trilha financeira, tem um grupo de trabalho específico para inclusão das agendas africanas dentro da trilha de financiamento do G20. E a união africana também participa dos debates da trilha política. Pela primeira vez, nós vamos ver, com o resultado do G20 aqui no Brasil, em novembro deste ano no Rio de Janeiro, em que medida os temas mais candentes para o sul global, mais necessários para combater as desigualdades, mais urgentes para incluir os países em desenvolvimento nas instâncias de decisão global, e como isso vai estar refletido na declaração final do G20, na medida em que a União Africana se tornou membro efetivo.
Quem acompanha o G20, vem percebendo o esforço que o governo brasileiro vem tendo na inclusão das agendas africanas nos espaços do G20. Mas nem tudo depende só do Brasil como presidente, depende também do consenso que é conseguido alcançar com os demais países. E isso nós vamos ver então, como resultado da reunião de novembro.
Para assistir aos vídeos da série “Pergunte ao Professor” – o G20, acompanhe nossas redes sociais institucionais Facebook e Instagram.