Com estudo no Parque Estadual Cunhambebe, pesquisadores da UFRRJ propõem medidas para gestão de projetos de conservação florestal
Áreas protegidas são espaços fundamentais que, além de garantir a conservação da sociobiodiversidade, proporcionam segurança hídrica para as populações do entorno e impedem a emissão de toneladas de carbono na atmosfera. Nos municípios fluminenses de Angra dos Reis, Rio Claro, Mangaratiba e Itaguaí está localizada uma área protegida da Mata Atlântica, o Parque Estadual Cunhambebe (PEC).
Nesta unidade de conservação, que possui cerca de 40 mil hectares, os pesquisadores da UFRRJ desenvolveram estudos multidisciplinares para apoiar ações de planejamento estratégico que podem melhorar sua gestão. “Avaliar a efetividade do manejo em áreas protegidas é um instrumento fundamental para o alcance das metas de proteção da sociobiodiversidade”, diz Marcondes G. Coelho Junior, discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais (PPGCAF/UFRRJ).
O pesquisador explica que o cenário político brasileiro reforça a importância do estudo. “A administração atual do país está desmontando as políticas socioambientais, comprometendo a governança dos serviços ecossistêmicos de importância global. Assim, é de extrema importância apontar as questões sociopolíticas por meio de uma abordagem participativa que envolva a gestão de uma unidade de conservação e seus conflitos”.
Propostas
A pesquisa desenvolvida no Cunhambebe revela, de maneira geral, a necessidade de investimentos em projetos que melhorem a adequação do uso da terra na zona de amortecimento. Além disso, a arrecadação de fundos deve ser planejada de acordo com os objetivos da gestão, o que também poderia contribuir para melhorar o monitoramento, o poder de fiscalização e o recrutamento de pessoal qualificado.
Além de ações que viabilizem a implementação de procedimentos de conservação, os pesquisadores recomendam algumas medidas políticas e de gestão, tais como o aporte de recursos financeiros para regularização fundiária de áreas sobrepostas ao PEC; inclusão de orientações sobre as áreas do PEC nos planos diretores dos municípios que contemplam seus limites; assistência técnica para melhoria da gestão da terra; e fortalecimento das iniciativas de educação ambiental entre as comunidades locais.
Publicação
Entre outros resultados, os pesquisadores demonstram que a percepção das partes interessadas, os chamados stakeholders, influencia a efetividade da gestão das áreas protegidas; que um estudo multidisciplinar ajuda na avaliação da proteção da sociobiodiversidade; e que o mapeamento do uso da terra permite a compreensão de conflitos no planejamento de conservação.
A pesquisa é fruto da dissertação desenvolvida por Marcondes Coelho Junior no PPGCAF/UFRRJ. O estudo foi publicado no Journal of Environmental Management, com link aberto para acesso. Clique aqui para ler.
Intitulado Melhorando a efetividade do manejo e a tomada de decisões pelas perspectivas das partes interessadas: um estudo de caso em uma área protegida da Mata Atlântica Brasileira, o artigo é de autoria de Marcondes Geraldo Coelho Junior; Bárbara Pavani Biju; Eduardo Carvalho da Silva Neto; Athila Leandro de Oliveira; Ana Alice de Oliveira Tavares; Vanessa Maria Basso; Ana Paula Dias Turetta; Acácio Geraldo de Carvalho; e Jerônimo Boelsums Barreto Sansevero.
O texto menciona que o arcabouço integrado e inovador proposto no trabalho tem relevância internacional pela possibilidade de replicar a estratégia de pesquisa e abordagem metodológica em outros contextos. “Nosso estudo também contribui para o debate internacional sobre projetos de conservação de florestas com base no uso sustentável da terra e em abordagens participativas”, conclui Coelho Junior.
Por Michelle Carneiro, jornalista da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/UFRRJ).
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