


A estudante de Jornalismo da UFRRJ e fundadora do projeto Corre por Elas, Maria Fernanda Monteiro, ministrou a oficina “Jornalismo esportivo sob um recorte de gênero: cobertura de esportes femininos” no dia 5 de novembro, no auditório Paulo Freire. A atividade integrou a programação da 8ª Semana Acadêmica de Jornalismo e discutiu o modo como a mídia constrói narrativas sobre o esporte praticado por mulheres, em contraste com a cobertura dada às modalidades masculinas.
Durante a oficina, Maria Fernanda apresentou o Corre por Elas, projeto de cobertura esportiva feminina idealizado por ela e outras colegas a partir da percepção de estereótipos frequentemente reforçados pela imprensa na abordagem de atletas mulheres. A estudante também contextualizou o histórico de exclusão feminina no esporte, lembrando que, até meados do século XX, mulheres chegaram a ser proibidas de praticar determinadas modalidades no Brasil.
A palestrante explorou a recepção social de diferentes esportes, comparando o vôlei, frequentemente ligado à feminilidade, com o futebol, que ainda demonstra resistência quando protagonizado por mulheres. Além disso, Maria Fernanda criticou manchetes que sexualizam e priorizam a aparência e gênero das atletas, em vez do desempenho esportivo.
Ao abordar o papel da mídia para romper com os estigmas de gênero, ela enfatizou a necessidade de formar jornalistas conscientes, mantendo a ética e a técnica jornalística como pilares. “Quando a gente fala em futebol feminino, também estamos falando de exclusão social. Curiosamente, ninguém diz ‘futebol masculino’. É sempre só ‘futebol’, essa é a questão”, afirmou.
A participação dos estudantes foi fundamental para expandir a discussão. Durante a sessão de perguntas, surgiram reflexões sobre como manter a crítica técnica sem abrir margens para interpretações equivocadas, além das dificuldades específicas enfrentadas nas coberturas de esportes femininos. As trocas demonstraram a importância de uma prática jornalística crítica, responsável e consciente do impacto social da linguagem.
Texto: Ana Carolina Linhares – Curso de Jornalismo da UFRRJ.
Edição geral: Giovana Barbieri – Curso de Jornalismo da UFRRJ.