Desde 2012 existe dentro da Rural um espaço denominado Museu de Solos do Brasil (MSB). Fundado a partir da iniciativa de docentes do Departamento de Solos (Instituto de Agronomia), o local expõe amostras representativas de solos e promove a relação entre ciência, ensino e arte.
Liderado pela curadora Clarice de Oliveira, professora do Departamento de Solos, o MSB ganhou forma em 2012 após união de diversos professores. Em 2013, por meio de doação da Administração Central, uma casa na Rua UO passou a servir de acomodação do acervo. A sua construção se deu de forma gradual, mas intensa. Nos últimos anos, fragmentos de solos foram coletados em locais como o Jardim Botânico da Universidade, e regiões do Rio de Janeiro como Pinheiral e Santa Cruz, além de lugares do Norte Fluminense. Já no Departamento, elas foram preparadas, catalogadas e armazenadas.
Além do caráter pedagógico – já que os materiais também se tornarão objetos de estudos em sala de aula – há a preocupação de destacar a beleza dos solos e seus usos pouco conhecidos. Para alcançar tais objetivos, o projeto conta com alunos que trabalham tanto a questão ambiental, como a social, e também artística. O MSB oferece oficinas que estimulam o desenvolvimento das artes a partir da pintura de telas com tintas de solo. Essas tintas são
preparadas em laboratório por meio da extração de amostras que, depois de peneiradas, são misturadas com cola e água. Há ainda os dorodangos, objetos criados por uma técnica japonesa milenar que forma esferas
coloridas e brilhosas.
Para que tudo isso seja possível, há estagiários e colaboradores de Agronomia, Licenciatura em Ciências Agrícolas (Lica), Zootecnia, Geologia, Biologia e Belas Artes. Também houve apoio tecnológico de alunos da Faeterj Paracambi. A professora Clarice conta que a colaboração ativa por parte dos discentes foi fundamental e que sem eles talvez não fosse possível levantar o acervo necessário: “Uma das maiores experiências que eu tenho tido com o desenvolvimento desse projeto é o interesse e grande entusiasmo desses alunos. Aqui, já desenvolvemos sete trabalhos de conclusão de curso, enviamos vários trabalhos para congressos, além de criar exposições
itinerantes”.
O grande desejo de Clarice é que logo o local possa receber grandes grupos e moradores da região. Por enquanto, ocorre o levantamento dos recursos financeiros e formação da equipe administrativa para o local funcionar plenamente, estando aberto só para visitas de grupos específicos de alunos.
Reconhecimento
O Museu de Solos do Brasil/UFRRJ participou do 21° Congresso Mundial de Ciência do Solo, que foi realizado pela primeira vez no país, de 12 a 17 de agosto, no Rio de Janeiro. No evento, o MSB expôs parte de seu acervo, composto por amostras de solos brasileiros; quadros pintados com tintas preparadas a partir de diferentes tipos de solo; monólitos (recortes volumétricos de um solo, mantidos em sua condição natural); entre outras peças.
Durante o Congresso, o Museu recebeu o Diploma Presidential Award e a Medalha Dr. Álvaro Barcellos Fagundes, concedida pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), em reconhecimento ao relevante serviço
prestado para a realização do evento e para o desenvolvimento da Ciência do Solo do mundo.
Presente no evento, o reitor da UFRRJ, Ricardo Berbara, ressaltou a importância da participação da Universidade no Congresso, que reuniu representantes de 151 países. “A presença da Rural, que também é uma das organizadoras do evento, projetou sobremaneira o nome de nossa instituição. É uma demonstração de que a universidade está viva, produzindo conhecimento, e chamando a atenção para seus servidores e alunos”, disse o reitor.
Além da professora Clarice de Oliveira, o Comitê Gestor do Museu de Solos do Brasil é formado pelos docentes Erika Flávia Pinheiro Machado, Marcos Bacis Ceddia e Nivaldo Schultz, todos do Departamento de Solos
da UFRRJ; e também pelo professor Segundo Urquiaga, da Embrapa – Agrobiologia.
Texto e fotos: Douglas Colarés e João Henrique Oliveira.