Por Isabella Cabral, bolsista de jornalismo da Prograd
O ensino superior é palco da realização de muitos sonhos. E conhecer outros países e culturas está na lista de desejos de milhares de jovens graduandos. Neste ano, 28 estudantes da UFRRJ foram contemplados pelo Programa de Mobilidade Estudantil. Entre eles está Hanna Aimée, que fará o intercâmbio na Universidade de Coimbra, Portugal.
Hanna é graduanda em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, além de técnica em Agroecologia pelo Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR). É monitora voluntária de Topografia Digital na Universidade e participa do Apoio Técnico no CTUR. Também é estagiária em um termo de cooperação entre Petrobrás e UFRRJ. Habituada ao ambiente ruralino, a jovem fala dos seus planos para o futuro, de sua cidade natal, Seropédica, e da importância do ensino público no país.
O que a motivou a tentar a seleção para mobilidade internacional?
Hanna Aimée – Sempre foi um sonho para mim. Porém, era uma realidade um pouco diferente, porque eu vim do ensino público. No ano passado tentei entrar, mas não consegui a vaga. Mas minha família sempre me ensinou que as dificuldades servem como incentivo. E então dei uma “turbinada” no currículo, e tentei de novo. Quando consegui, fiquei em 1º lugar no resultado preliminar.
Que contribuição você acredita que o intercâmbio vai trazer para a sua vida?
H.A. – Tenho a pretensão de ir a Coimbra fazer coisas novas, buscar inovação e parcerias para que outras pessoas como eu possam ir. A experiência cultural que terei em Portugal será única. E não quero essa oportunidade só para mim; quero para todas as pessoas que vieram de onde eu vim. Quero que mais alunos de escolas de Seropédica consigam também. E dá um ânimo ver que, mesmo com a atual conjuntura, a Rural investe em programas como estes, organizados pela Coordenadoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais (Corin). É um voto de confiança gigantesco, e prometo continuar dando o meu melhor.
Você já participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic), estudou no CTUR e agora está na Rural. Como você entende o papel da Universidade em Seropédica?
H.A. – A cidade de Seropédica e a UFRRJ precisam quebrar essa grande lacuna que há entre elas, e criar uma ponte. Não é todo aluno que respeita a cidade por onde passa, e não é toda a população que respeita o visitante. Hoje, a Universidade tem programas como o Pré-Enem, que integra e estimula alunos. O CTUR, por exemplo, na época em que estudei, era elitizado. Ao chegar hoje no Colégio para fazer o Apoio Técnico, vejo o CTUR mais plural.
Quem é a Hanna fora da Universidade? E como organiza o seu tempo?
H.A. – A Hanna é a mesma, mas sem as provas. Gosto muito de ler, ir ao cinema, reunir amigos, tocar violão e vir à Rural no final de semana fazer piquenique com a família. Durante um ano, eu foquei em melhorar o currículo, abracei o mundo. Depois soltei, porque senti cansaço. Também faço a parte acadêmica com moderação, pois não adianta querer fazer muito e não cumprir direito as tarefas a que me proponho. É preciso ter foco.
O que você teria a dizer para crianças e jovens de Seropédica que sonham em chegar ao ensino superior?
H.A. – Para enxergar dificuldades como incentivos. Ter estudado em um colégio e em uma universidade pública para alguns pode ser normal, mas para mim foi um ponto fora da curva. Se pudesse, eu falaria para mim anos atrás: “Ei, Hanna, é possível! Depende de você”. As coisas vêm no momento certo. Algo que resume bem tudo que fiz é: “Da Escola
Municipal, do Colégio Estadual, do Colégio Técnico e da Universidade Rural para Coimbra”.
Publicada originalmente no Rural Semanal 10/2019.