Texto: Thaís Melo*
A entomologia é uma especialidade da Biologia que estuda os insetos sob diversos aspectos como a relação deles com os humanos e com a natureza. Por ser uma área de estudo específica e ao mesmo tempo abrangente, já que existem mais de 900 mil espécies com mais de 100 mil delas sendo encontradas no Brasil, a entomologia se torna fundamental em qualquer universidade.
Pensando em ampliar ainda mais esse estudo dentro da UFRRJ, em 2014 foi criado o Laboratório de Entomologia do câmpus de Três Rios (ITR). Fundado pela professora do Departamento de Ciências do Meio Ambiente (DCMA/ITR) Ângela Alves, que ao entrar para o corpo docente da UFRRJ viu a necessidade de manter uma coleção de insetos para serem usados nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
O laboratório serve a disciplinas como a de “Entomologia Aplicada à Gestão Ambiental” e também guarda um rico acervo com cerca de 2.340 insetos. A coleção possui exemplares montados (secos) e conservados em álcool 70%. A professora Ângela Alves, coordenadora do laboratório e curadora da coleção, explica que a manutenção do acervo é importante, pois muitos representantes foram coletados na região onde o câmpus de Três Rios/UFRRJ está inserido, região pouco estudada em relação à fauna de insetos. De acordo com ela, isso é relevante frente à expressiva importância dos insetos, tanto do ponto de vista ecológico, como também para a agricultura, pecuária e para a saúde pública.
Além de Alves, o professor Fábio Almeida do Departamento de Ciências do Meio Ambiente do ITR, além de ser integrante do laboratório, atua como vice-curador do acervo. Ele contou algumas das atividades realizadas pelo laboratório. “Os insetos já existentes na coleção foram utilizados em atividades de extensão na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e na Feira de Ciências do curso de Gestão Ambiental. Também foram utilizados em pesquisas científicas relativas à conservação da biodiversidade, coletados em florestas nativas, áreas cultivadas e áreas urbanas, e sobre manejo ecológico de insetos praga”, relatou o docente. Também participam do projeto duas discentes bolsistas do curso de Bacharelado em Gestão Ambiental.
Os docentes contaram que no acervo há uma coleção de insetos aquáticos bioindicadores de qualidade da água inicialmente doados pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Recentemente foi feita uma nova coleta de reposição das ordens mais relevantes, doados pelo Laboratório de Taxonomia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e pelo Instituto Oswaldo Cruz. (IOC).
Ângela Alves explicou ainda qual é a relação de insetos do acervo. “A coleção possui exemplares das ordens Hymenoptera (principalmente formigas), Diptera, Lepidoptera, Hemíptera e Coleoptera. Já das aquáticas temos Plecoptera, Ephemeroptera, Trichoptera e Odonata”.
Segundo os professores, os insetos já inspiraram a elaboração de estudos científicos e aguçaram a curiosidade dos estudantes de escolas locais que puderam observar o acervo em eventos no câmpus de Três Rios realizados antes da pandemia. Uma coleção tão rica pode acabar despertando curiosidade e fascínio nos mais jovens por um tema que causa medo em muitos. O que só reforça a importância de uma coleção como essa.
De acordo com os pesquisadores, a iniciativa ainda precisa de uma maior visibilidade, mas eles estão otimistas que o projeto será mais conhecido com o passar do tempo. Sobre o futuro da iniciativa, os docentes contaram que estão pensando em um nome para o Acervo e que no futuro pretendem criar um curso de Pós-graduação nas áreas de Ecotoxicologia e Biomonitoramento Ambiental.
Comunicação Proext*