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Instituto de Zootecnia: a tradição mirando o futuro

O Instituto que está há mais tempo em Seropédica do que a própria UFRRJ orgulha-se de ser um dos mais tradicionais do país e organiza-se para abraçar o futuro atendendo a demandas contemporâneas da sociedade

Instituto de Zootecnia da UFRRJ, o “IZ do KM 47”

 

A história do Instituto de Zootecnia (IZ) da UFRRJ confunde-se com a própria história da Zootecnia no Brasil. Na década de 1940, quando a Universidade Rural mudou sua sede para Seropédica, às margens da Antiga Rodovia Rio-São Paulo – Km 47, o Instituto ficou conhecido como “IZ do Km 47”, até então, um órgão do Ministério da Agricultura.

 

Foi o Decreto-lei nº 8.547/46 que criou o Instituto de Zootecnia subordinado ao Departamento Nacional da Produção Animal do Ministério, e tinha como principal função, segundo o texto do documento, “realizar estudos e pesquisas de genética e melhoramento dos animais domésticos, bem como sobre nutrição animal”. Considerando que a Rural teve sua transferência definitiva para a região somente em 1948, pode-se dizer que o IZ ocupa terras seropedicenses antes mesmo da chegada de nossa Universidade ao atual câmpus de Seropédica.

 

“O IZ foi criado pelo Ministério da Agricultura para ser um polo de desenvolvimento da Zootecnia no Brasil. As pesquisas de ponta, principalmente na área de avicultura, eram todas feitas aqui. A equinocultura tinha instalações lindas. Até hoje temos a raça Mangalarga Marchador, cuja linhagem ‘IZ do km 47’, era referência. Tanto é que você vê aqui escrito na fachada ‘IZ do km 47’, em alusão a esse passado. Já são quase 80 anos de história de Zootecnia aqui no Instituto”, conta o professor e atual Diretor do IZ, Nivaldo de Faria Sant’Ana, referindo-se à história da equinocultura na UFRRJ (mais detalhes desta história da podem ser lidos aqui).

 

Algumas décadas mais tarde, no ano de 1969, já vinculado à UFRRJ, era criado o curso de graduação em Zootecnia do Instituto – o segundo do país. O primeiro exame vestibular foi realizado no ano seguinte, com a primeira turma iniciando seus estudos em 1970. O reconhecido docente Octávio Domingues foi quem lutou, à época, pela constituição dos cursos de graduação em Zootecnia no país. Professor catedrático de Zootecnia Especial da Escola Nacional de Agronomia (origem da UFRRJ), ele integrou a equipe de docentes enviada aos Estados Unidos para avaliação do Sistema Universitário Norte-Americano das “Land Grant Colleges”, a fim de trazer o modelo para o Brasil, consolidando o papel da Rural na história da Zootecnia do país. Atualmente, são mais de 115 cursos de Zootecnia oferecidos nas universidades brasileiras.

 

A evolução da Zootecnia e a formação do zootecnista

O Brasil é líder em tecnologia agropecuária. Somos o maior exportador mundial de carne de frango e carne bovina, e o quarto maior exportador de carne suína. Em níveis gerais, somos o segundo maior exportador de carne do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2021, a indústria de proteína animal registrou mais um recorde de produção: foram 14,3 milhões de toneladas de carne de frango, 4,7 milhões de toneladas de suínos e 54 milhões de ovos.

 

Tendo em vista essa evolução da Zootecnia no país, o diretor do IZ explica que houve uma necessidade de pensar, internamente, sobre a formação do aluno da UFRRJ. “Estamos fazendo a reforma da grade curricular do curso de Zootecnia. Depois de muitas décadas com a grade antiga, vamos incorporar este currículo novo e, não só ele, mas queremos difundir uma nova filosofia dentro do IZ, que é atender às demandas da sociedade. O que a sociedade espera da produção animal?”, indaga.

 

Nivaldo conta que o perfil do aluno mudou muito nos últimos anos. No início, o IZ recebia alunos de todas as partes do país e, geralmente, eles já tinham um contato prévio com o campo, seja através de propriedades rurais da família, seja através da formação em escolas técnicas na área de pecuária ou agricultura. Atualmente, a quase totalidade de nossos estudantes é do Rio de Janeiro, sem contato prévio com o campo. “Então, temos que nos adaptar, tornar o curso mais atrativo para esses alunos. Daí vem a reforma da grade, a questão de olharmos mais para a demanda da sociedade, porque se a gente se adequa ao que a sociedade quer, com certeza, nossos alunos saem bem-preparados para atender a essas demandas, com aumento da empregabilidade. Existe a função social do aluno, mas isso só se explicita quando ele, de fato, vai atuar na área”, acrescenta Nivaldo.

 

O diretor ressalta, também, a renovação do corpo docente do IZ – praticamente 1/3 dos atuais professores entraram nos últimos seis anos. “Trouxemos 14 novos professores. Há pessoas de toda parte do país com uma visão renovadora do IZ, para se adequar aos novos tempos e atender melhor os novos estudantes. Se não diminuirmos a evasão e aumentarmos a empregabilidade, para que nossos alunos possam exercer a função social deles, não funciona. Então, esta é nossa primeira preocupação. O objetivo final é que o aluno saia e possa contribuir positivamente para essa transformação social.”

 

O conceito de “bem-estar único”

A partir desse questionamento sobre as demandas da sociedade e a formação do aluno ruralino, o IZ entendeu que era papel do Instituto trabalhar o conceito de “bem-estar único” na Universidade, para que a instituição se torne referência nacional no tema. O conceito considera três dimensões: o bem-estar animal, o bem-estar humano e a conservação ambiental.

 

“As três dimensões devem ser atendidas. Se o ser humano não for atendido nas necessidades básicas dele, ele não se preocupará com o bem-estar do animal e muito menos com o meio ambiente. Por outro lado, se você não tem um ambiente sadio, você não tem um ser humano ou um animal sadios. Então, queremos trabalhar essas três dimensões nesta proposta de bem-estar único.  Estamos implementando esse conceito aqui no IZ com muita força”, explica o diretor.

 

Os professores Sabrina Gregio e Nivaldo Sant’Ana, respectivamente, vice-diretora e diretor do IZ/UFRRJ

Sabrina Luzia Gregio de Sousa, professora do Departamento de Produção Animal e vice-diretora do IZ, esclarece como o conceito chegou à UFRRJ. “Começamos com a questão do bem-estar animal, através da organização de um grupo, o Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão no Bem-estar Animal e Produção Animal. Vinculamos alguns projetos a ele, até chegarmos à ideia do bem-estar único. O primeiro projeto do grupo foi o ‘Doma racional de bovinos’, que visa sensibilizar o aluno quanto à relação homem-animal, pois só quando se entende essa interrelação é que você consegue compreender quais seriam suas ações em prol do bem-estar”, explica Sabrina.

 

A vice-diretora acrescenta que a intenção é desenvolver outros projetos que, de fato, avaliam o bem-estar animal dentro dos setores. “O objetivo é formar recursos humanos capazes de interpretar o status de bem-estar e executar ações corretivas para melhorar esse status. Temos um projeto que chamamos de ‘5 domínios do bem-estar animal’, que trata do respeito a esses pilares e um protocolo que avalia os cinco domínios pelos setores de produção, com o intuito de gerar um modelo e diretrizes para cada setor”, esclarece.

 

Guarda-chuva do bem-estar único, projeto desenvolvido pelo IZ

 

A proposta de política institucional do IZ para alcançar as esferas do bem-estar único terá a capacidade de formar alunos capazes de reconhecer que os sistemas de reprodução dependem de três esferas: animal, homem e ambiente. Sabrina ressalta que há pesquisas no Canadá mostrando que a preocupação com o bem-estar animal por parte do homem do campo e a forma como ele lida com os animais reduzem os índices de violência doméstica, de abuso infantil, e de consumo de álcool. “Quanto mais adversa é essa relação homem-animal, mais estressante é essa rotina, pois é uma rotina de medo para ambos. Quando temos aí uma boa relação, através do treinamento deste homem do campo, a gente vê reflexos na vida social dele. Então, percebemos a redução de agressividade no ambiente de trabalho, consequentemente, na vida social e em família”, conclui.

 

A proposta é que essa política institucional do bem-estar único adotada pelo IZ garanta ao egresso da UFRRJ um papel de agente de transformação social. Para tanto, o Instituto pretende firmar parcerias com outros setores da Universidade. “Trata-se de um projeto amplo, que vai incluir as nossas expertises com as do pessoal de Humanas, da Agronomia etc. Hoje, através dos projetos da área do bem-estar animal, a gente consegue definir quais são os protocolos e qual seria o treinamento para este homem do campo, porém, quando eu entro no bem-estar humano, eu preciso de ajuda para definir quais protocolos devem ser aplicados e qual a forma de avaliar esse bem-estar do homem do campo”, explica Sabrina, referindo-se à necessidade de parceria com outros setores da Universidade.

 

A extensão

Parte desta necessidade de interação com outros setores da Universidade e com a sociedade passa por projetos de extensão. O IZ pretende ampliar as ações extensionistas para difundir o conhecimento do que é feito na Universidade. “Queremos criar, como projeto de extensão, o ‘setor animal de portas abertas’, para receber pessoas da comunidade. Queremos colocar o IZ na vanguarda. E isso inclui atender às demandas da sociedade com essa visão do bem-estar permeando tudo, todas as nossas ações”, explica o diretor do Instituto, referindo-se à ideia de criação de um projeto de extensão que permitirá a visita da comunidade aos setores animais (veja alguns desses setores mais abaixo na reportagem).

 

Nivaldo acredita que, atendendo às demandas sociais, o IZ passa a criar um círculo virtuoso, refletindo também na questão dos recursos financeiros. “Tomemos como exemplo essa questão do bem-estar único.  Se é uma demanda da sociedade, aumenta muito a possibilidade de financiamento externo, através de emendas parlamentares, de financiamento de projetos na Faperj ou no CNPq, pois há muitas linhas de fomento voltadas para essa área, e não há tanta disputa assim. Então, a partir do momento que abrimos as portas e nos adequamos às demandas da sociedade, a gente vai ter um retorno natural e já estamos obtendo essa resposta”, explica o diretor, exemplificando com o setor de Suinocultura, que já obteve recursos externos relevantes, tanto por meio de financiamento de projetos, quanto por meio de doação de equipamentos, uma iniciativa de autossustentabilidade muito incentivada e apoiada pela Reitoria. “Temos vários outros professores aprovando projetos dessa forma. Naturalmente, ao atendermos às demandas da sociedade, a gente vai se tornando mais autossustentável. Tivemos a visita do reitor recentemente. Ele tem nos dado todo o apoio necessário, nos dando um voto de confiança, e nós estamos tentando retribuir com resultados acadêmicos. Nossos professores estão muito motivados”, acrescenta o diretor do IZ.

 

Os setores de animais do Instituto são um grande sucesso na comunidade interna. Um termômetro para esta paixão é a demanda dos alunos pelas vivências acadêmicas nesses locais. Este tipo de experiência é uma atividade curricular, na qual o aluno se matricula para conhecer a rotina de um laboratório que, no caso do IZ, são os setores animais. No setor da equideocultura, por exemplo, no último semestre, havia 120 interessados na vivência para apenas 30 vagas. “Isso é um bom sinal, um indicativo de que as coisas estão acontecendo nos setores, pois o aluno é nosso termômetro”, finaliza Nivaldo.

 

Os setores de animais

O Instituto de Zootecnia possui três departamentos: o Departamento de Produção Animal, o Departamento de Nutrição Animal e Pastagens e o Departamento de Reprodução e Avaliação Animal. Já os setores de produção animal são os seguintes: Avicultura, Suinocultura, Caprinocultura, Cunicultura, Bovinocultura de leite, Equideocultura, Aquicultura continental e Aquicultura marinha, localizado em Itacuruçá, no município de Mangaratiba (RJ).

 

Túlio Reis, coordenador de Produção Animal, no setor de Avicultura.

Túlio Reis, coordenador da Produção Animal, explica que os setores trabalham nas atividades de ensino, pesquisa e extensão ligadas a animais de interesse zootécnico (animais de produção) e capacitam o aluno nas principais atividades relacionadas à produção de diferentes espécies animais, como manejo nutricional, reprodutivo, sanitário, assim como estratégias que visam maior bem-estar e produtividade.

 

Setor de Avicultura, do IZ/UFRRJ

Em se tratando de pesquisas, Túlio esclarece que os setores focam na área de nutrição, reprodução e sanidade animal, visando sempre a melhoria dos sistemas de produção, com  o aumento da produtividade, gerando um alimento de maior qualidade e menor preço, com foco no respeito ao animal. “Nosso foco é transmitir conhecimento técnico para os pequenos produtores, através de atividades de campo com nossos especialistas em cada área. Queremos encurtar as distâncias entre a Universidade e o produtor rural. Outro objetivo é demonstrar para a comunidade universitária a importância da nossa fazenda para a nossa Universidade, e não somente para os cursos de agrárias. São várias as atividades interdisciplinares que já são realizadas, e muitas outras podem ser. Agregando outras áreas de conhecimento, vários outros projetos podem ser oferecidos à sociedade”, complementa Túlio.

 

Abaixo, detalhes de alguns desses setores amados pela comunidade ruralina.

 

 

CAPRINOCULTURA – Entrevista: professor João Paulo de Farias Ramos

O diretor do IZ/UFRRJ, professor Nivaldo Sant’Ana (à esq.), o professor João Paulo Ramos (à dir.) e o aluno estagiário no setor de Caprinocultura (cabras)

 O que este setor faz?

A unidade demonstrativa de ensino, pesquisa e extensão em caprinocultura da UFRRJ, historicamente, é um ambiente produtivo quanto aos processos de ensino e aprendizagem, oferecendo estágios e vivências acadêmicas, desenvolvimento regional, difusão de tecnologias e boas práticas. Assim, esta unidade incrementa a formação de recursos humanos na graduação e na pós-graduação, principalmente nas Ciências Agrárias, nos campos da Zootecnia, da Agronomia, da Medicina Veterinária e  da Licenciatura em Ciências Agrárias, por meio de práticas e experimentos associados às áreas de nutrição e alimentação animal, genética e melhoramento animal, sanidade animal, administração de sistemas de produção, reprodução, ambiência, bem-estar animal, forragicultura, instalações e manejo de animais envolvendo a espécie caprina.

Meta 1. Atividades de ensino: atender às aulas práticas das atuais oito disciplinas de graduação e pós-graduação;

Meta 2. Atividades de pesquisa: desenvolver pesquisas associadas a trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado, que visem atender às demandas da sociedade no âmbito da caprinocultura;

Meta 3. Atividades de extensão: manter um espaço para realização periódica de atividades de extensão, para difusão de boas e sustentáveis práticas na caprinocultura para alunos e pequenos produtores – como dias de campo e cursos de capacitação – contribuindo para o desenvolvimento regional.

 

O que o aluno aprende neste setor?

Os estudantes colocam em prática conteúdos teóricos ministrados em sala de aula, como: técnicas de manejo nutricional, sanitário e reprodutivo, ações para o bem-estar animal, qualidade dos produtos e subprodutos, instalações, forragicultura e análises de sistemas de produção.

 

O que os professores pesquisam neste  setor?

Pesquisas diversas nas áreas de nutrição, sanidade e reprodução de caprinos.

 

Quais são os principais números da área?

Atualmente, o setor possui 60 caprinos com expectativas de estabilização do rebanho em 300 animais. Produção de leite média das cabras é de  2,0 kg/dia. Semestralmente, passam pelo setor em torno de 500 alunos oriundos de diversas disciplinas como: caprinocultura, produção animal, manejo dos animais domésticos, introdução a zootecnia, exterior e julgamento de animais, nutrição de ruminantes e forragicultura. Desta forma, o setor de caprinos atende demandas dos cursos de Zootecnia, Agronomia, Medicina Veterinária e Licenciatura em Ciências Agrárias (Lica). Atualmente, o setor não comercializa produtos, porém, estamos em fase de tramitação para viabilizar uma futura comercialização de excedentes.

 

Como o setor influencia a comunidade?

O setor influencia positivamente a comunidade proporcionando cursos a produtores rurais, vivências acadêmicas para alunos e geração de pesquisas. Estas distintas atividades atendem demandas da sociedade e contribuem para o desenvolvimento da pecuária no Sudeste.

 

 

CUNICULTURA – Entrevista: professora Thérèsse Holmström

Professora Thérèsse Holmström no setor de Cunicultura (coelhos)

O que este setor faz?

A função do setor é dar subsídio para ensino, pesquisa e extensão. Sendo assim, é um laboratório de aulas práticas, recebe visitantes e produtores que queiram se especializar, dá oportunidade aos alunos para vivenciar as práticas de uma cunicultura, e vários experimentos podem ser realizados a fim de melhorar cada vez mais a pesquisa brasileira. Vale ressaltar que é um setor que atende vários cursos da graduação, não apenas a Zootecnia. Existem estudantes de Medicina Veterinária, Agronomia e Lica.

 

O que o aluno aprende neste setor?

O aluno das disciplinas ministradas no setor aprende todo o manejo produtivo e reprodutivo do sistema, além de como planejar uma cunicultura. Os alunos de vivência vivem diariamente esse expediente, criando pensamento crítico de resolução em situações críticas, entendendo o comportamento do animal, atendendo à demanda de todas as fases do sistema.

O que os professores pesquisam no seu setor?

Hoje o setor está focado em duas áreas: bem-estar animal, avaliando parâmetros e índices de conforto para o animal, e avaliação da microbiota retal, com análise de genes de resistência. Mas já houve muitas outras linhas de pesquisa, principalmente, sobre nutrição de coelhos.

 

Quais são os principais números da área?

São 132 animais entre adultos, desmamados e láparos (filhotes). Em média, tentamos doar cerca de 10 a 15 animais desmamados. O setor está em busca de uma forma de monetizar a produção para conseguir se manter sustentável. Nossos animais são saudáveis (temos poucos animais com sintomas e/ou sinais clínicos de alguma doença), bons parâmetros ambientais para conforto térmico deles, e baixíssimos índices de estresse animal.

 

Como o setor influencia a comunidade?

O setor mostra aos alunos e à comunidade que há possibilidade da existência de animais para diferentes fins, tanto animais de companhia ou para consumo humano, com manejo simples e eficiente, ocupando pouco espaço e tendo investimento inicial baixo. Além de mostrar que é possível criar animais respeitando a natureza deles e que pode ser uma boa fonte de renda para o pequeno e para o grande produtor. Sendo também um chamariz para um curso tão importante como a Zootecnia.

 

 

SUINOCULTURA Entrevista: professor Luan Sousa dos Santos

O professor Luan Santos e o servidor técnico médico veterinário Bruno Vasconcelos no setor de Suinocultura (porcos)

O que setor faz?

Atualmente, o setor de Suinocultura da UFRRJ atua como uma unidade demonstrativa de ensino, pesquisa e extensão, desenvolvendo praticamente todas as atividades relacionadas à produção de suínos. Essa particularidade e interdisciplinaridade do setor permite apoiar aulas práticas de diversos cursos de diferentes institutos da UFRRJ. O setor também é um importante apoio em pesquisas de diversos programas de pós-graduação da UFRRJ.

 

O que o estudante aprende no setor?

Os alunos desenvolvem, praticamente, todas as atividades envolvidas na produção de suínos, reforçando o respeito e cuidados com os animais.  Atualmente, foi implementado um processo de gestão dos alunos de vivência, no qual os mais jovens participam de treinamentos realizados pelos mais experientes, reforçando o aprendizado teórico com o prático, aprimorando as habilidades de disseminação de conhecimentos. Os alunos também participam de atividades na reprodução do plantel, como inseminação artificial e controle de cio das matrizes, realizam assistência no parto de leitões, controle do bem-estar dos animais, além de formularem e fabricarem as rações fornecidas aos animais. Ou seja, todas as ações são voltadas para preparar os alunos envolvidos nas atividades para o mercado de trabalho.

O que os professores pesquisam no setor?

As principais linhas de pesquisa desenvolvidas envolvem o estudo de alternativas sustentáveis para a criação de suínos, sendo elas a utilização de dejetos para produção de biogás (que podem substituir o gás de cozinha), além de diversos estudos para melhora da eficiência dos alimentos para os suínos (estudos de nutrientes e das rações formuladas). Também são desenvolvidos estudos para aprimoramento dos manejos com os animais, verificando as respostas de comportamento e bem-estar dos animais. São estudos multidisciplinares, mas que possibilitam parcerias público privadas importantíssimas para a UFRRJ e para o futuro dos discentes envolvidos nas atividades de pesquisa.

 

Quais são os principais números do setor?

Atualmente, o rebanho é composto por 28 fêmeas e 3 machos reprodutores. Dessa forma, é permitido que a cada 21 dias ocorra o nascimento de leitões para as atividades de ensino, pesquisa e extensão. O potencial do setor permite que uma série de recursos sejam angariados em editais de pesquisa e por meio de parcerias com empresas da área de suinocultura, gerando bolsas para os alunos e importantes doações para a UFRRJ, além de melhoria de condições das instalações. Com essa gestão aprimorada do setor, houve um crescimento exponencial de alunos buscando estágios conosco dos cursos de Agronomia, Licenciatura em Ciências Agrícolas, Medicina Veterinária e de Zootecnia da UFRRJ. Um fato interessante é que, atualmente, o número de interessados em realizar estágios no setor tem ultrapassado 100 inscrições, mas infelizmente não conseguimos atender a todos.

Números importantes:

-Projetos de pesquisa em andamento (5)

-Bolsistas de Iniciação Científica em andamento (4)

-Bolsistas de Mestrado em Ciência Animal em andamento (3)

-Alunos de vivência acadêmica em andamento (17)

-Disciplinas ministradas no setor (7)

Mamãe porca alimenta seus filhotes na Suinocultura da Rural

 

 

Como o setor influencia a comunidade?

O setor possui uma característica ímpar de trazer para dentro da Universidade a possibilidade de desenvolver atividades práticas da suinocultura. Apesar da baixa representatividade do estado do Rio de Janeiro na produção de suínos, há uma demanda por conhecimento da comunidade em geral que participa de diversos treinamentos realizados na UFRRJ. Com os treinamentos desenvolvidos, tem sido possível aprimorar o conhecimento de pequenos produtores para melhorarem seus sistemas de produção. Dentre as atividades de extensão desenvolvidas, há uma grande procura pelo Workshop de Fabricação de Rações, onde os participantes aprendem a processar e misturar os alimentos para os animais da maneira correta. Outra ação importante é a organização de visitas técnicas no setor, compartilhando as ações sustentáveis que podem ser aplicadas em diversos tipos de produção de animais.

 

EQUIDEOCULTURA Entrevista: professora Fernanda Nascimento de Godoi

 

O que seu setor faz?

O setor é responsável pela parte de ensino, pesquisa e extensão de equideocultura (cavalos, mulas, burros), além da produção de equídeos. Somos o único plantel universitário do Brasil que tem um rebanho da raça Mangalarga Marchador registrado na Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, com o sufixo IZ km 47. Por que falamos em “equídeos” e não em “equinos”? Porque a palavra “equinos” refere-se tão somente aos cavalos, “equídeos” refere-se à família dos cavalos. Temos um jumento da raça Pêga, também registrado na Associação Brasileira de Criadores do Jumento Pêga e, a partir do cruzamento do jumento Pêga com éguas Mangalargas Marchadores, nós temos a produção de moares – as fêmeas são as mulas e os machos são os burros. Ainda temos a criação dos superburros, um projeto pioneiro da UFRRJ que cruza o jumento Pêga com a égua Bretão, uma raça de cavalo voltada para a tração, portanto, muito forte. O Bretão consegue puxar quase uma tonelada. Então, os superburros são moares diferenciados, mais adaptados ao trabalho de puxar pesos. Nós ainda desenvolvemos aqui, além dos projetos de ensino, pesquisa e extensão, teses de doutorado, dissertações de mestrado, TCC de graduação, bolsa de iniciação científica, projetos vinculados ao CNPq e à Faperj. Temos também dois projetos voltados para a terapia: a equoterapia e a terapia assistida por animais, que é o projeto Equilibrium.

 

O que o aluno aprende no setor?

Aqui, o aluno vai aprender sobre o manejo de produção de equídeos – manejo sanitário, reprodutivo, nutricional, cria e recria de potros. Além de eles aprenderem com as pesquisas dos professores, os alunos também podem trabalhar nos projetos de terapia. Então, a nossa ideia é mostrar ao aluno de agrárias como será o dia a dia dele, por exemplo, se ele for o gerente de um haras, e sair para o mercado de trabalho com uma experiência prática. No setor, ele aprende como é estar com o animal todo dia, na prática mesmo.

O que os professores pesquisam no setor?

É uma pergunta difícil de responder, porque é muita coisa. Temos sete professores ligados diretamente ao setor e cada um tem um nicho de pesquisa. Sem contar os professores eventuais, que fazem pesquisas isoladas e vão embora. Temos projetos até com a Fiocruz de biópsia hepática dos animais. Também temos projetos com professores da parasitologia, professor da tecnologia de alimentos, que veio fazer pesquisa sobre o leite da égua. E nossos professores trabalham com pesquisas ligadas à produção de forragens (análise de solo), nutrição, crescimento e nutrição de potros, avaliação de animais, acupuntura de animais, fisiologia dos animais, entre outras. A Veterinária também traz experimentos para cá, os professores ligados à terapia fazem pesquisas com os animais do projeto. Então, são diversas as pesquisas que são desenvolvidas no setor.

 

Quais são os principais números da área?

Nós temos animais registrados da raça Mangalarga Marchador, que é o “IZ km 47”; temos éguas para a cria e recria dos animais; temos potros nascendo; temos os animais de trabalho, que atendem ao setor e a outras unidades dentro da Universidade; temos os animais de equoterapia e de terapia assistida; temos moares; superburros e um reprodutor da raça jumento Pêga. Esses animais são utilizados para ensino, pesquisa e extensão. Somente nos últimos dois anos nós tivemos 19 pesquisadores atuando no setor, de diversos cursos – da Zootecnia, Veterinária, Educação Física, Psicologia; além de um total de 452 alunos assistidos no setor provenientes de diversas disciplinas. Um total de 12 disciplinas foram ministradas no setor, 59 alunos de vivência acadêmica, quatro TCCs, 14 alunos de iniciação científica, 13 de mestrado, três de doutorado, um de pós-doutorado e uma de residência veterinária. Tivemos também um total de 38 produções científicas, sete atividades de extensão que atingiram um público de mais de 2 mil pessoas. Além disso, tivemos uma arrecadação para pesquisas no valor de cerca de R$ 370 mil, tanto via Faperj quanto CNPq. Trata-se de um relatório dos últimos dois anos, números que foram afetados pela pandemia.

 

Como o setor influencia a comunidade?

O setor influencia da melhor forma possível a comunidade do nosso entorno. Nós formamos esses alunos que vão trabalhar nas cidades próximas – Vassouras, Itaguaí, Paracambi. Eles levam para esses locais as principais tecnologias e o conhecimento que surgem aqui dentro da Universidade. Lembrando que essa área da fazenda, que temos aqui, nós encontramos em pouquíssimas universidades, principalmente o estudo voltado para equinos. Isso, em si, já é um ponto muito positivo para a população, sem contar os eventos de extensão, como dia de campo, cursos, onde a comunidade pode participar e adquirir conhecimento. Além disso, queremos fazer projetos em reprodução através dos quais a comunidade seja beneficiada com nossos animais. Ainda estudamos essa possibilidade, mas a ideia é que a comunidade do entorno tenha acesso a esse material genético que é produzido aqui. Inclusive, nossos leilões realizados aqui são uma forma de as pessoas terem acesso a esses animais. Trata-se de um leilão público e queremos fazê-lo todo ano.

 

Reportagem e imagens: Fernanda Barbosa, jornalista da CCS/UFRRJ

 

Website da Avicultura: https://institucional.ufrrj.br/avicultura/

Website da Suinocultura: https://institucional.ufrrj.br/suinocultura/

Instagram:

Aquicultura Marinha da UFRRJ – @ebm_ufrrj

Aquicultura Continental da UFRRJ – @lamac_ufrrj

Caprinocultura – @capril_ufrrj

Cunicultura – @cunicultura_ufrrj

Equideocultura – @equideocultura_iz47_ufrrj

Suinocultura – @suinoufruralrj

 


Postado em 24/08/2022 - 11:30 -

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